quarta-feira, 3 de junho de 2009

Suspensas Fugas


Para pensar em ti todas as horas fogem:
o tempo humano expira em lágrima e cegueira.
Tudo são praias onde o mar afoga o amor.
Quero a insônia, a vigília, uma clarividência
deste instante que habito - ai, meu domínio triste!,
ilha onde eu mesma nada sei fazer por mim.
Vejo a flor; vejo no ar a mensagem das nuvens
- e na minha memória és imortalidade -
vejo as datas, escuto o próprio coração.
E depois o silêncio. E teus olhos abertos
nos meus fechados. E esta ausência em minha boca:
pois bem sei que falar é o mesmo que morrer:
Da vida à Vida, suspensas fugas.

Cecília Meireles
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

6 comentários:

  1. Esse poema, retrata com exatidão o momento e o estado da alma de um poeta em seu momento extremo no processo de criação...
    Bela escolha.
    P A Z !
    Tácito

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  2. Então Mauri ... lindo por demais mesmo né? Cecília, para a minha sensibilidade é a poeta maior da língua portuguesa. Tudo q ela escreveu me toca de uma forma contundente.

    ;-)

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  3. querido T@cito, muito feliz esta sua percepção, tb senti o poema como este extase da criação.

    abraços

    ;-)

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  4. tudo são praias onde o mar afoga o amor...
    Amo Cecília.Obrigado pela postagem.
    abraço grande,meu querido.

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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