segunda-feira, 15 de junho de 2009

EXTRA, EXTRA, EXTRA: Parada Gay Bombando!!!


Prezados amigos, hoje, transcorridas 24 horas do término da XIII edição da Parada Gay de São Paulo, nos deparamos com o noticiário da grande Mídia Nacional, dando notas sobre um grave atentado com todas as características homofóbicas, como sendo um pequeno incidente no meio de um evento de grande alegria e altamente rentável para a economia paulistana, economia esta dominada por uma elite hipócrita e preconceituosa e, claro, acobertada por uma mídia também hipocrita, preconceituosa e parcial. Deparo-me então com uma notável postagem no Blog Estórias do Mundo, onde se configura uma leitura crítica e consciente sobre este atentado criminoso e despresível. Tomei a liberdade de postá-lo aqui na sua íntegra, aderindo desta forma a esta corrente de de denúncia e conscientização sobre a necessidade urgente de mobilizarmos em favor da aprovação do Projeto de Lei que Criminaliza a Homofobia. Temos que mostrar a cara e ter coragem para darmos um basta definitivo a esta situação desprezível e humilhante, que todos nós somos vítimas.

Terra: Bomba deixa feridos no Centro de SP após Parada Gay












Certo! Agora que vocês já sabem a informação! Vamos a minha interpretação, não dos fatos, mas das notícias. Comecemos pelas manchetes. Note-se que nenhum dos jornais e agências de notícias usou a palavra "atentado" em suas manchetes, ou seja, aquela bomba que foi construída sozinha, acidentalmente se lançou num suícidio bárbaro de uma janela caíndo em meio aos transeuntes. As manchetes poderiam ser: "Bomba suicida", "Bomba se joga em cima de passantes e, sem intenção, explode". O fato de que alguém construiu aquela bomba - "fabricação caseira" - e intencionalmente jogou-a entre outras pessoas é minimizado. Talvez pela certeza que a investigação não vai dar em nada, "Saber quem foi mesmo, a pessoa que fez isso, ninguém sabe", afirmou o tenente da PM Fábio de Nóbrega a O Globo, ou talvez porque jogar uma bomba entre gays é um crime menor. Porque foi tudo apenas um acidente. Somente um acidente.
Assim, chegamos ao nosso segundo ponto, somente O Globo, supõe que o ataque seja realizado por homofobia. O Globo, num artigo assinado por Gio Mendes, é o veículo que definitivamente dá a maior cobertura ao fatídico evento, associando-o a homofobia, ligando ao assassinato de travestis em Curitiba e ao espancamento de um adolescente de 17 anos na Frei Caneca, atualmente em coma, entrevista testemunhas e um policial. Informa, definitivamente, e também emite opinião! Ah, Pausa para explicar o termo, homofobia: crimes de homofobia são aqueles incitados por um ódio pela sexualidade da vítima, o qual o projeto que tramita no congresso quer dar a essa característica um agravante. Um exemplo claro, preconceito é crime no Brasil, existe preconceito por nordestinos, por idosos, por mulheres, porém o preconceito quando é racial, graças a uma lei, é tratado com mais gravidade; um crime de violência então, se a lei passar, se caracterizado por homofobia será tratado com mais gravidade ainda, da mesma forma que um roubo seguido de morte também é pior que um simples roubo. No entanto, nossos jornais analisados, querendo não tomar partido em relação a aprovação da lei, acabam por minimizar o incidente. O Agora, por exemplo, juntamente com a agência WSCOM, e os jornais Meio-Norte e Último Segundo, tratam a explosão apenas como um incidente violento, algo do tipo: "Que feio! Ai ai, viu?", e uma palmadinha na mão de quem jogou a bomba, comparando ao que em outros países é considerado terrorismo com assaltos, brigas e tumultos. É um crime comum! Jogar uma bomba em outras pessoas e bater uma carteira são crimes que devem ser encarados da mesma forma. Diz o Jornal do Brasil, por exemplo: "Aconteceram outros incidentes violentos durante a parada. Dois jovens foram espancados e a prefeitura encheu quatro caminhões de bebidas vendidas ilegalmente. Brigas pontuais também foram registradas durante a Parada, com um rapaz sendo esfaqueado após briga que deixou mais quatro feridos" (Repete comigo: foi tudo apenas um acidente, somente um acidente).A minimização chega ao cúmulo em dois jornais especificamente, no Estado de São Paulo, que diz, através de Paulo Maciel: "O grupo estava parado ouvindo música alta e dançando em frente de prédios residenciais quando foi atingido", e o Agora, em que Adriana Ferraz e Janaína Nunes assinam a pérola: "Por volta das 22h, o morador de um edifício na avenida Vieira de Carvalho (centro) se irritou com o barulho que algumas pessoas que dispersaram da festa ainda faziam e jogou uma bomba caseira no grupo. Segundo a PM, 30 pessoas ficaram levemente feridas pelo artefato". Sério?! É lícito agora jogar uma bomba nas pessoas porque elas estão perturbando sua paz? Claro, é crime perturbar a paz pública após as 22h, no entanto, deve haver uma liberação naquele caso específico pois estava havendo um evento que precisa pedir esse tipo de autorização para o Ministério Público, e segundo outras notícias a explosão se deu entre 21h e 21:40h, nota-se que as belas e lindas jornalistas associadas a Folha de São Paulo, pois o Agora é o primo pobre da Folha, alteraram um pouco os dados, sem mentir, afinal 21:40h é por volta das 22h, para assim permitir que um senhor, vestindo pijamas e sandálias, incomodado com o barulho das crianças no pátio, jogasse uma bomba nelas. Vou fazer uma comunidade no Orkut: "Sou Fã de Adriana Ferraz e Janaína Nunez", ou melhor: "Eu Atiro Bombas Em Meninos Barulhentos". Pois pelo jeito pode né? (De novo: foi tudo apenas um acidente, somente um acidente).Próximo ponto: como podemos ver nas manchetes há uma óbvia tentativa de desvincular o incidente (ou devo chamar de atentado?) da parada em si. O incidente/atentado aconteceu após o término da Parada sim, na "zona de dispersão", expressão usada pelos jornais, porém isso torna os dois eventos sem ligação? Mesmo? Então a pessoa jogaria a bomba em qualquer pessoa que passasse, foi apenas uma pura coincidência ter sido no domingo da 13ª Parada do Orgulho Gay de São Paulo, não é? A Folha de São Paulo, a Gazeta do Povo e o Último Segundo não associam na manchete a relação entre a bomba e os militantes/manifestantes/as bichas da parada, apesar de explicarem em suas reportagens; os outros jornais, com excessão do Agora e do Jornal do Brasil, falam primeiro da bomba e depois a localizam na parada, porque a parada gay já foi caracterizada em outro artigo, sendo linda, harmoniosa e desnecessária porque não existe homofobia algum no Brasil, nem nenhum tipo de preconceito, porque somos uma democracia perfeita. E viva Gilberto Freire! Viva! (Foi tudo apenas um acidente. Somente um acidente! Om!).
Acham que eu estou falando bobagem? É uma simples questão de lógica discursiva, se você atraí o termo para o início da sentença, você garante atenção a ele, se o desloca para o fim você garante que o leitor não vai prender-se muito a ele. Duvida que isso funcione? Faz o teste, lê duas dessas manchetes pra qualquer um, uma hora depois pergunta sobre o que era as manchetes, a pessoa responderá bomba em são paulo, não bomba na parada gay. Foi tudo apenas um acidente. Somente um acidente. Vamos repetir isso como um mantra. Quem sabe a gente acredita!?
Vamos aderir a esta corrente de denúncia prezados amigos blogueiros ...
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

12 comentários:

  1. Querido Paulo,já tinha lido esse ´post hoje.Concordo em tudo.
    E a comunidade gay também precisa se conscientizar que parada não é só festa e pegação.É preciso uma politização maior.
    Obrigado por partilhar o post.Abração.

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  2. Talvez tenha chegado a hora de acabar com a festa e arrumar a casa. Acho que os gays precisam de uma força politica, e nós não vamos arrumar isso enquanto nos provarmos dignos de respeito, e não acho que vamos conseguir enquanto nos cobrirmos de glitter, enfiarmos uma sunguinha no cu e sair por ai achando que uma pica é a salvação do mundo.
    Pode parecer preconceito, mas que se foda. Se ser gay é isso, eu não sou!
    Quero festa, quero glitter e a porra a quatro na hora e no momento apropriado.
    Mas eu quero respeito e eu quero agora!

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  3. olá Paulo.
    só posso lamentar o sucedido, mas tratou-se de alguém que se aproveitou da confusão para denegrir o evento.
    Infelizmente essas coisas ainda acontecem

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  4. É amigo isso é a mídia podre, sociedade podre , resta saber para que lado as ovelhas ensandecidas vão correr :)

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  5. pois então amigos James, Bruno, Sagitário e Mariposo ... passou da hora ... basta ... chega de violência ... chega de hipocrisia ... chega de alienação ... chega de preconceito ... vamos todos nos civilizar, nos conscientizar, vamos exigir de uma vez por todas uma ação efetiva do Estado no sentido exercer o seu papel constitucional de guardião da Cidadania ...

    e qto a nós ... lutar ... lutar ... lutar ...

    bjux a todos ...

    ;-)

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  6. Isso dá muito pano pra manga mesmo...
    Todos temos pontos de vista (diferentes), mas que ao mesmo tempo se encontram... Respeito... Muito pouca gente tem se dado ao respeito, para pedir em troca - respeito.

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  7. pois então Cain ... vc tocou no ponto exato da ferida ... respeito se conquista com respeito ... temos q nos dar o respeito para podermos cobrar ... e vamos q vamos ... ainda chegaremos lá ... sou um otimista inveterado ...

    bjux ...

    ;-)

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  8. A hemofobia esta tão arraigada nas pessoas que algumas delas nem percvebem,inclusive justificam os atos como acidentes justamente por não se acharem homofobicos.

    triste,lamentavel,porem real.

    afagos

    De

    Ah esperei pelo telefonema e pelo cafe viu seu coisa.........

    Denise(de bico aqui,ate pq vc nem deu uma desculpinha sequer)

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  9. Ah em tempo.

    Concordo com o Bruno que respeito se conquista .
    E vc ha de convir que brincar e se diosponibilizar é uma coisa ,fazer o q eu VI muitos fazerem é outra bem diferente.

    Portanto....há de se exigir SIM........leis apropriadas,atenção e uma midea,imparcial e sem homofobia,mas é preciso que os gays que estiveram por lá e em todos os outros eventos que aconteceram pontuem, e saibam se colocar .

    deijos ainda enfezados(

    De

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  10. obrigado querida Denise ... vc mais uma vez com sua visão crítica bem apurada ... perfeita sua contextualização ... qto à sua azedice vc tem todos os motivos para assim estar ... não posso fazer outra coisa a não ser lamentar, pois fiquei imensamente frustrado com no nosso não encontro ... falaremos sobre isto no "micieni" ...

    não fique de bico pra mim não querida ... efetivamente não tive culpa ou no máximo culpa parcial ... tb muito chateado com isto ...

    bjux

    ;-)

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  11. Meu querido, quando vi a notícia fiquei chocado e preocupado. Seu post foi fantástico, eu e meus amigo em MV cometamos na hora a conotação que a midia estava dando ao atentado. É lamentável como a cada dia que passa o preconceito fica mais visível.
    Bejux

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  12. pois então ... a vida é assim mesmo ... isto não é um problema exclusivamente gay ... veja os atentados nos campos de futebol e tudo fica por isto mesmo ... veja os atentados nas ruas das grandes metrópoles e tudo fica por isto mesmo ... afinal quem morreu? quem ficou ferido ... um anônimo qualquer ... e a sociedade como um todo fica estática e passiva ... tudo foi banalizado e é considerado normal ... o que interessa é exclusivamente o que pode render alguma coisa sob o ponto de vista econômico ... eu sugeriria aos organizadores deste evento GLBT que para o ano de 2010 simplesmente não o realizasse como sinal de protesto contra esta omissão do Estado ... onde o poder econômico vai buscar os milhões e milhões de reais que são injetados na economia paulistana? onde os Senhores Serra, Kassab e Dona Marta vai encontrar palanque para suas exibições oportunistas? Sugiro q a parada seja substituída por passeatas silenciosas em cada capital de estado e em cada grande cidade ... porque não mudar o nosso grito ... sei lá ... muito para pensar e agir ...

    bjux

    ;-)

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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