João Amarelo decidiu morar na copa de um velho pinheiro. “Viver e andar pela terra me dá náuseas”. Disse ele à sua esposa, antes de subir definitivamente para a copa da árvore.
Flor da Lua não entedia as manias do seu marido, mas aquela história de náuseas e árvore era demais. Sentiu-se envergonhada, trancou-se em casa e nunca mais foi vista.
Quando alguém tentava fazer com que João Amarelo descesse da árvore ele gritava:
A terra me dá náuseas!!!
Sua filha Isabel deixou de ir à escola, passou a viver embaixo da árvore. Ficava ali olhando o pai como se fosse ela uma Madalena, arrependida, velando um túmulo de um messias sem reino. Não dizia nada a coitadinha, apenas chorava. Chorou tanto que a rua ficou como um rio sem vida.
João Amarelo era indiferente ao choro da filha, continuava no seu resmungo: “A terra
me dá náuseas”.
No domingo de Páscoa, ao sair do culto, o pastor C. Língua Rasa notou que João Amarelo estava verde-cinza e que dos seus cabelos saíam galhos nos quais havia estranhas rosas transparentes.
O que mais o deixou em angústia santa: no peito de João Amarelo havia uma enorme casa de cupim.
O pastor clamou: Deus, Cristo e, por fim, se apegou ao taxista Raimundo “Ajude o João Amarelo!”. Raimundo estranhou o desespero do pastor. “Desespero não combina com fé”, pensou Raimundo.
João Amarelo ainda sussurrava: NAU... (S) E-A, quando a fumaça e as chamas faziam do seu sorriso involuntário um tempo infinito dos homens, um tempo finito de um deus.
Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...
A intransigência nos leva à bestialidade.
ResponderExcluirComo sou intransigente, também sou uma besta!
Gente besta me dá náuseas.
Bjs.
eu não entendi...
ResponderExcluirTem textos que precisamos de tempo pra poder dizer como fruimos, esse é um deles, hehe, mas sem dúvida, esse tem várias coisas interessantíssimas, como a capacidade de concentrar muitas idéias e sentimentos numa única frase
ResponderExcluir"João Amarelo ainda sussurrava: NAU... (S) E-A, quando a fumaça e as chamas faziam do seu sorriso involuntário um tempo infinito dos homens, um tempo finito de um deus." Wow
Bjs
Trágico! Contemporâneo!
ResponderExcluirQuantos de nós não sentimos também essa náusea do mundo moderno? Agora tropecei no Sartre e na sua "Náusea" existencial.
Quando o Amarelo subiu no pinheiro, até me parecia estar a ler Mia Couto. rsrsrs
Com tais companhias à hora de dormir, adivinha-se uma tertúlia inspirada durante o sonho. hehehe
Beijos
Lindo texto... triste também!
ResponderExcluirAs vezes somos como João Amarelo... subimos ao alto dos nossos pinheiros... fazemos chorar a quem nos ama... e se quer nos importamos com os rios sem vida de suas lágrimas!
***
BayjÖs!
;-I
Nossa!
ResponderExcluirEste texto me deixou agoniado!
Que coisa boa
Beijos
O coitado só queria viver na copa de uma árvore.
ResponderExcluirPorque não? XD
Beijos Paulo!
Somos aquilo que vivemos. Cuidado com as escolhas.
ResponderExcluirBeijos.
Cem anos de Solidão?
ResponderExcluirMe lembrou Garcia Marques...
Gosto demais de textos ludicos assim...não sei se posso chama-lo assim, mas essa coisa meio surrealista me encanta.
Abraço meu amigo de infancia...rs
A NAU de João amarelo perdeu o rumo e ele se agarrou a árvore que seria a figura de um barco perdido nas águas turbulentas da terra (vida).
ResponderExcluirO que o escritor tentou passar com o texto é como a mesma incognita que ficou na cabeça dos familiares de João Amarelo.
Para não ser tachado de louco, um louco tem que ser convincente o suficiente para que as pessoas não o achem louco e as nossas razões passam pelo mesmo crivo, não acha?
Beijus,
A coisa aqui está de uma consistência que dá até arrepio. Wow! Hehehehe! Bjz!
ResponderExcluirQuase nada intransigente o sujeito.
ResponderExcluirLindooooooooo! EU amei o conto! E a imagem é perfeita! Parecem borboletas, ora folhas...
ResponderExcluir~Até a próxima, querido.
*DB*
meu amigo que lembrança boa e alegria vc me fez, para alegrar meu ano que começou com a perda do meu emprego, então venho aqui e há vc lembrando das minhas coisinhas, valeu muito obrigado
ResponderExcluirUm apelo:
ResponderExcluirA Região Serrana do Rio de Janeiro esta passando por calamidade devido as chuvas e precisa de doações.
Informações de como doar: http://goo.gl/Sv7w3
Por mais caótico que for a vida, mesmo com as náuseas que a terra nos propõe, nao devemos fugir dos problemas, e sim encará-los a fim de superá-los....
ResponderExcluirForte abraço
Maravilhaa!
ResponderExcluirAmo muito o que vc posta por aqui!
Tem que deixar fluir. Minhamente é mto loira. kkkk
Bjooo
eu tenho náuseas do mundo...
ResponderExcluiruai gente...
ResponderExcluirdeixa o coisa viver na arvore!
whatever!
=P
bjs do voy
Tem gente que sente isso, aquilo, entre muitos sentimentos ruins em relação a vida!
ResponderExcluirMas aprendi que na vida, não são as coisas como são, mas a forma como as encaramos.
Para vermos uma vida melhor, precisamos trabalhar com as nossas fraquezas mentais, tudo depende de como processamos "nesta caixola acizentada!"
A vida é rica, um vasto campo a ser explorado, só sente nausea dela quem tem nojo da própria existência!
Que texto maravilhoso! Obrigada por postá-lo. Amei. Também me lembrou Mia Couto, como disse o São.
ResponderExcluirE subi na árvore com João Amarelo, me tranquei no quarto e segui viagem no rio de lágrimas.
Abraços,
Malu
Nada é quando só é aquilo ali, penso eu.
ResponderExcluirBjs!