sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Porque não teria religião




É verdade que existem exceções no meio de uma maioria de aproveitadores da ingenuidade de um povo carente e sofrido, mas este post de autoria de Nilton, do Blog Notas Existenciais, se reveste de uma verdade plena e atual, servindo, de maneira geral, para toda e qualquer religião, verdade esta que assumo e compartilho com os amigos deste espaço.
Saliento a minha condição de Cristão, Católico, convicto e engajado, mas que também mantenho esta postura crítica e determinada em favor de um Cristianismo autêntico. Cristianismo do Amor e não o Cristianismo do oportunismo e da hipocrisia.
O autor, em seu perfil, assim se define: “Not-lin é um nome criado através do avesso do nome do autor deste blog: Nilton. E a idéia é mais ou menos esta, falar do avesso das coisas, do avesso do que possa parecer. Opiniões parciais sobre tudo o que você possa imaginar, de culinária a filosofia, passando por música cinema e política. Sem a pretensão de ser certinho, respeitar regras  ou agradar opiniões, explorando os fatos, dissecando-os até extrair deles algo proveitoso: isso é Not-lin.“
“...caso eu já não fosse um deles.
A cada dia me envergonho mais de ser um evangélico, e creio que grande parte seja causada pelo sentimento de vergonha alheia. Que fique bem claro que eu não me envergonho de ser um Cristão, de seguir o estilo de vida proposto pelo maior revolucionário de todos os tempos. Que se saiba também que eu não estou apostatando da fé, mas estou é desistindo, aos poucos de ser um evangélico, de seguir modelos ultrapassados, de receber continuamente um convite à alienação, e ver que a última coisa que se faz na maioria das igrejas evangélicas é cultuar o nome de Deus por intermédio do exemplo do Cristo.
Cito abaixo algumas rasões pelas quais, caso eu já não fosse um destes, eu não me tornaria um evangélico.
1. Por que não nos cansamos de pregar o mesmo evangelho da benção, o mesmo evangelho da prosperidade, nos esquecemos do evangelho da compaixão, da caridade, nos esquecemos que a maior mensagem é a do amor. Aliás,até nos lembramos do amor, do insano amor ao dinheiro, e vamos enchendo nossos templos, inflando nossos egos e comprando mais e mais horários na TV e no rádio para anunciar ao mundo o nosso deturpado evangelho.
2. Por que os santos evangélicos abdicamos do exercício de nossa suposta santidade quando a coisa diz respeito a conviver com o diferente. Por que nós pregamos sobre a passagem do bom samaritano mas sempre nos comportamos como levita e o sacerdote omisso. Achamos linda a maneira com a qual Jesus realizava milagres entre prostitutas e leprosos, mas não conseguimos fazer o mesmo com os excluídos desse tempo.
3. Por que os evangélicos sabemos que para Deus não importa o lugar da adoração, se é em Samaria ou em Jerusalém, mas continuamos a ensinar que para adorar de verdade tem que ser na igreja, com fundo musical com bastante glória e aleluia e ainda chamamos isso de verdadeira adoração.
4. Por que fazemos de nossos cultos verdadeiros shows, um espetáculo recheado de histerias, com direito a saltos, gritos, momentos intermináveis falando em línguas estranhas e ainda olhamos para quem não o faz como se ele fosse um estranho.
5. Por que sempre pregamos dizendo “Essa é uma verdade que a bíblia nos revela” quando queremos que dêem atenção ao que estamos falando, mas no fim das contas quase nunca damos a devida atenção a Cristo que é a verdade revelada.
6. Por que usamos para símbolos de nossas igrejas sempre uma pomba, um foguinho, uma espada, uma sarça e coisas parecidas e esquecemos que o símbolo maior é a cruz, onde foi consumada uma história de dedicação pelo outro em amor, protagonizada por Jesus.
7. Por que somos sectaristas, não aceitamos o cristianismo dos católicos, não aceitamos o cristianismo das outras denominações e muitas vezes não aceitamos o cristianismo do irmão sentado ao lado de nós no templo.
8. Por que criticamos a idolatria aos santos, não conseguimos muitas vezes enxergar a arte nas esculturas e pinturas da ICAR. Mas, além disso, nós mesmos somos muitas vezes os maiores idólatras, pois quando não exaltamos as hierarquias eclesiásticas  a torto e a direito, criamos modelos infalíveis de contato com deus e a esses modelos adoramos.
9. Por que teimamos, em nossa ilusão religiosa, em achar que há duas classes de pessoas, os bons e os maus, e que os bons são os que são parecidos conosco, e os maus todo o restante.
10. Por que cremos numa conversão que é expressa em abandonar memórias, acontecimentos prazerosos do passado, e mais ainda, transformamos toda e qualquer forma de prazer em pecado, e a cada dia vamos inventando pecados novos, vivendo na graça mas se deleitando na lei por detrás da moita. E nesse modelo de conversão nem mesmo nós sabemos ao certo do que estamos nos libertando.
E quem me dera se eu tivesse lido isso antes de levantar a mão e dizer aceito.
O que não procuro
Eu não procuro a resposta pronta; o que eu procuro é a reflexão.
Eu não procuro as certezas instantâneas; o que eu procuro é o ensino.
Eu não procuro a última palavra; o que eu procuro é o diálogo.
Eu não procuro os sistemas bem construídos e acabados; o que eu procuro é o processo dotado de sentido.
Eu não procuro o respaldo da verdade ancestral; o que eu procuro é a vida em primeira mão.
Eu não procuro a segurança do consenso coletivo; o que eu procuro é o acerto ou o erro por minha própria conta e risco.
Eu não procuro os momentos de espiritualidade; o que eu procuro é a espiritualidade corriqueira.
Eu não procuro os contatos impessoais; o que eu procuro é a proximidade ou a distância bem pessoais.
Eu não procuro as igrejas em busca de comunhão; o que eu procuro é relacionamento com os filhos de Deus.
Eu não procuro a Bíblia como a um manual; o que eu procuro é a Bíblia enquanto relatos de indícios.
Eu não procuro os lugares e pessoas sagradas; o que eu procuro é O sagrado nos lugares e pessoas.
E saiba: eu não procuro a concordância; o que eu procuro é o respeito.


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

16 comentários:

  1. Fantástico post! Concordo plenamente! Cheguei até aqui pelos destaques GB, primeirão hein? Prazer Klaus do Batata a Prêmio - segundo lugar.
    Já fui um evangélico dos quais digamos, pudesse me envergonhar. Meu olhar era condenador e legalista... aprendi com o tempo, livros e principalmente convivendo com pessoas diferentes de mim que as coisas não são por aí. Eu poderia dizer que tenho idéias independentes... mas sinto orgulho de seguir uma vertente do Cristianismo. As vezes é preciso confiar em Cristo e não esperar demais dos Cristãos, afinal - não me lembro quem foi o autor da frase - mas alguém disse sabiamente: o Cristianismo não foi praticado e considerado impróprio, foi considerado difícil e não foi praticado. Mas também sei que generalizar mesmo hoje, seria um crime. Um forte abraço! Estejamos em contato =) Ficarei feliz com uma visita.

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  2. O contraditório é uma atitude que serve para melhorar o que esta ruim ou mais ou menos.
    Infelizmente uma grande parte usa a fé como psicotrópico e não como expressão divina.
    Bjs.

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  3. Klaus, é um prazer tê-lo aqui ... obrigado ... sua contextualização sobre o tema foi muito boa e crítica ... sigo mais ou menos por aí tb ... o texto eu considero altamente reflexivo para que possamos estabelecer parâmetros para nossa fé ... eu sou cristão, católico e engajado mas dentro de uma visão crítica, sem fanatismos, preocupado muito mais com o ser cristão do que se dizer cristão ou pior ainda, ser um pregador cristão ... obrigado pelos elogios e já estou indo te visitar...

    Guará, concordo tb com sua perspectiva, nada mais deprimente que usarmos a fé como psicotrópico, como amuletos, como justificativas ou seja lá o que for, para justificar nossas mazelas, nossa incompetências, nossas inseguranças, etc etc etc

    bjux

    ;-)

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  4. Eu já fui cristão católico, nascido e crescido dentro da igreja católica. Batizado, Eucaristizado e Crismado. Mas depois de crescido, me destruia por dentro seguir uma doutrina que insistia em me condenar por uma coisa da qual não tenho culpa nenhuma. Isso deu parafusos infinitos na minha mente, até que resolvi abandonar o cristianismo de vez.

    Eu acredito na presença de um ser maior que rege todas as coisas. E só. Hoje eu sigo uma doutrina muito mais ligada as religiões orientais. Faz mais sentido pra mim, e não me deixa todo encasquetado XD.

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  5. perfeito querido Lobo ... acho que estas questões passam mesmo é por este lado da construção individual de nossas próprias crenças e valores ... a religião institucional para mim serve tão somente como referencial ... a minha fé, a minha crença e meus valores eu os construo ...

    bjux

    ;-)

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  6. Absolutamente, procuro também RESPEITO, tanto por não subestimarem minha inteligencia tentando fazer lavagem cerebral quanto por não aceitar a pessoa que sou. Existe uma grande diferença entre igreja e religião, e as pessoas não sabem disso o tempo todo. Igreja é a instituição falida feita pelas pessoas, logo imperfeita, ou tenta manipular as decisoes do povo ou tenta extorqui-lo ao máximo com falsas promessas ou seçoes de neuroses coletivas. Já religião é a forma de expressar a fé de alguem, por isso eu digo, acredito em Cristo, então sou Cristão, aceito que o que esta nos 4 evangélios seja verdadeiro, então sou evangélico, acredito que existem espíritos então sou espírita, acredito no bem, e acredito que não existe inferno, que está tudo dentro de nós, então sou pagão... enfim, acredito em muitas coisas, mas não gosto de rótulos. Eu nunca pertenceria a uma igreja que diria que eu vou para o inferno apenas por Deus ter me feito assim, principalmente a parte que se refere a sexualidade. MAS eu não gosto de discutir religião rs. Bjuuu!

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  7. Querido Paulo:

    Você como sempre trazendo textos super reflexivos e interessantes hein. Eu sou católico, mas não sou carola, não fico enfiado dentro da igreja. Não comungo com a ideologia de muitas religiões e por este motivo prefiro extrair um pouco de cada, mas não engulo seus conceitos como um lunático xiita. O mais importante é refletirmos que o mais importante de tudo é o amor e precisamos disseminá-lo como moeda de troca. O mundo precisa de pessoas que preguem menos e amem mais. Lindo fim de semana e obrigado sempre o carinho dos teus recados.Beijoooo.

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  8. Obrigado pelo enriquecimento da postagem amigos Edilson e Renato ...

    bjux

    ;-)

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  9. Paulooooooo!! Eu voltei!!! Hehehee!!! E de quebra, ganho esse teu post poderoso!!! Eu tb não sou nada ortodoxo quando o assunto é religião! Mas junto-me ao teu coro: apreciadores da reflexão do mundo, uni-vos! Amém!!! Esperamos - a Vaca e eu - a tua visita luminosa, querido!
    Abraço!

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  10. Obrigado Fred por sua presença e coment tão rico ...

    bjux

    ;-)

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  11. ops desculpe Serginho ... seu coment chegou depois mas se encaixou no meio dos outros ... sem nenhuma malícia ... hihihihi

    bjux

    obrigado

    ;-)

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  12. Querido!
    Namaste!É o que os Yogues indianos dizem,né?"Eu respeito tua luz interior"
    Bonito e desejável, mas como em todas religiões e dogmas,tem muitas falhas.
    Cristo é o maior simbolo do amor,e acho que o erro foi ter transformado sua história em uma ferramenta para aqueles que buscam poder sobre a massa humana.(por esse motivo, não gosto de ver ele em sangue, pregado numa cruz, simbolo extremo da crueldade humana)
    Ah, o amor...Vem sempre embalado com a fé.Acredito que amor e fá andam sempre juntos, inclusive para os ateístas.Explica a dinâmica da confiança para o bom relacionamento.
    No fim, o que nos resta, na minha opinião, é conservar a fé que nutre o desejo de amor,de compreensão, e um ceticismo que nos impeça de parar de pensar,de testar, de estar aberto.
    Ps:
    Primeira vez que venho até aqui, sou uma blogueira descompensada,falho nesses codigos de etiqueta dos blogs,uma coisa feia, eu sei, mas sinceramente,desculpe, pois quem saiu perdendo fui eu.
    Voltarei sempre,
    bjo

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  13. ops... Pimentinha ... coisa boa recebê-la por aqui ... já ja te visitando tb ... amei o coment ... rico e crítico ...

    bjux

    ;-)

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  14. Puxa vida, que texto foda! Acho que se dizer um religioso é se rotular, o que precisamos na verdade é crer, sobretudo em nós mesmos... Ou ainda em uma força maior, mas não acreditar que alguma religião, muitas vezes movida por cifrões, vai nos gartantir o tão mencionado paraiso!

    parabéns pelo post!

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  15. Obrigado Messias ... seus coments sempre relevantes ...

    bjux

    ;-)

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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