sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Uma "pequena notável"



A música mineira que já gerou Clara Nunes, vê brilhar em seu cenário a "pequena notável" Ângela Evans. Guerreira, de anos, vem colhendo seus frutos de reconhecimento nacional, ao lançar seu mais novo CD "um pouco de morro outro tanto cidade sim", onde canta Elton Medeiros, Eduardo Gudin, Nei Lopes, Wilson das Neves, Cristóvão Bastos dentre outras feras da MPB. Para ilustrar este reconhecimento, postamos aqui coluna do músico Aquiles Reis (vocalista do MPB4), que se rende às virtudes desta que veio pra ficar no cenário da música brasileira.

Angela Evans chegou.

Você já ouviu falar em Angela Evans? Ela é dessas cantoras que chegam e abalam; daquelas que vêm e alucinam. A voz de Angela tem rara personalidade: metalizada nas notas agudas, nasalada nas notas médias. Ao ouvi-la, senti o mesmo impacto, tive a mesma surpresa, de quando escutei pela primeira vez o cantar de Jamelão.
Lançado pela Abolição Discos, Um Pouco de Morro Outro Tanto Cidade Sim é o CD que traz Angela Evans à cena. Ele expõe uma cantora que chega pronta aos ouvidos gerais, não fosse ela de Minas. Angela tem tal grau de maturidade vocal, que sua voz prescinde de retoques e salamaleques para se revelar inteira.
Produzido por Jota Moraes, o CD está impregnado de evidente carinho. Na direção musical está Cristóvão Bastos – ele fez todos os arranjos e tocou piano nas onze faixas do disco –, que tratou de garantir a excelência do trabalho arregimentando músicos do calibre de João Lyra (violão), Jurim Moreira e Carlos Bala (bateria), Bororó (baixo acústico), Jorjão Carvalho (baixo elétrico) e Ovídio Brito (percussão).
O CD abre com "Estrela" (Elton Medeiros, Eduardo Gudin e Roberto Riberti), da qual foram extraídos os versos que dão título ao disco. O violão e o ritmo começam. O piano soa a bela melodia, tocando acordes em bloco. Logo vêm as notas soltas. Chega o tamborim. Vem a voz. Meu Deus! O violão e o baixo acústico fazem o centro. A bateria de Jurim e a percussão de Ovídio conduzem tudo com afabilidade. O violão e a delicadeza do piano encerram a música.
Em "E o Vento Levou" (Wilson das Neves e Cláudio Jorge), o piano e o violão fazem a introdução. A voz canta notas iguais às do piano. O baixo acústico marca. O piano balança. As viradas da bateria são limpas, certeiras. O violão afiança. O piano conduz o som, ora em acordes, ora em notas soltas. Breve intermezzo de piano. Volta a voz de Angela... Meu Deus!
"Sete Saias" (Wilson Moreira e Nei Lopes). Samba no qual o violão é quem dá o tom. O piano toca acordes que fazem tudo pela melodia e pela harmonia. Vem a segunda parte. Agora o piano dá um acorde a cada tempo, emprestando à música suingue ainda maior. A bateria não se faz de rogada e participa da brincadeira. Pára tudo. Ficam bateria e baixo acústico. A voz canta o contagiante refrão. Meu Deus! Voltam todos. O piano segue com sua malemolência, dando um acorde na cabeça de cada tempo. Simples. Alegre.
"Não Tem Perdão" (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza): a introdução traz um diálogo entre o violão e o piano. Então, a música de Ivan brota da garganta de Angela Evans. Linda. O diálogo volta, e a voz retoma a primeira parte do samba. O piano segue pontificando. A bateria e o baixo acústico chamam para si a entrada da segunda parte e levam pela mão a cantora e sua voz – meu Deus! Volta o diálogo inicial. Fim da música.
"Favela" (Jorginho e Padeirinho), obra-prima que ganhou arranjo moderno que lhe dá ares de ainda mais contemporaneidade. O arranjo escrito para bateria, piano, baixo acústico e violão cria uma bela introdução. E.os acordes, usando notas graves do piano, lhes dão tons épicos. Volta a voz de Angela. Cristóvão passa a tocar predominantemente nas notas agudas. O violão suinga. O agogô se junta ao baixo para revelar um samba antológico. E todos voltam a tocar juntos. O desenho criado para a introdução volta. Angela canta. Meu Deus! Conclui-se um dos momentos mais belos do CD.
"Nada a Declarar" (Cristóvão bastos e Nei Lopes) – título que parece ironia, posto que tudo foi declaradamente cantado por Angela Evans – tem piano, baixo elétrico, violão e a bateria de Carlos Bala tocando a introdução. O samba que fecha o CD tem seu ponto máximo no momento em que o ritmo deixa para os acordes destacados de piano e violão. Este artifício causa expectativa em quem aguarda a volta da bateria. E ela volta com tudo. O samba se revela. A voz alonga.
Que voz tem Angela Evans, meu Deus! Feito a de Jamelão, a dela não nega fogo.


Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4 e autor de O Gogó de Aquiles, ed. A Girafa

http://www.brazilianvoice.com/mostracolunas.php?colunista=Aquiles%20Reis&id=864







Uma amostra do som musical de Angela Evans




Mais um pouco de Ângela Evans em meu outro Blog e no site pessoal:

http://paulobraccini.vox.com/

http://www.angelaevans.com.br/

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

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