Não espero nada de você além de que violente meu corpo com seu amor. Que deixe a suavidade de lado, e me liberte desse aprisionamento imposto por mim mesmo, deixando como rastros, marcas no meu corpo de uma paixão efetiva.
Jamais te culparia por uma distância que eu mesmo ajudei a construir, mas não me culpe pela maneira que encontrei de desfazê-la, mesmo que isso transgrida a sua personalidade.
Ninguém tem o direito de me ensinar o que é o amor sendo que os sentimentos que eu sinto não podem ser tratados como universais. Jamais te amaria como amei os outros.
E todo esse sentimento não cabe em meu peito, por isso reservei boa parte dele para ser guardado em minhas cartas e textos.
Não sou como os outros, bem se sabe. Um outro qualquer acreditaria em amor a primeira vista, na chegada de um príncipe encantado saído de tantos contos, ou faria planos futuros de uma vida rodeada de felicidade e boa convivência. Falo de amor com a segurança de quem sabe o quanto ele é afiado, faca de dois gumes, uma aguçada lâmina que possuímos no peito e que poucos possuem a destreza de não se ferir.
É uma pena que todo o amor em mim seja hemorrágico, e deixe estigmas. Por isso gerencio a minha facilidade de se apegar. Isso é apenas desejo de amar, eu diria, os demais dizem que isso é carência.
E não querendo me machucar, muitas ás vezes eu prefiro fazer uso da razão ao invés de abrir meu coração. Jamais pensarei no príncipe encantado, jamais farei planos de uma inatingível vida completamente feliz.
Sempre esperei te encontrar. Esperei por você assim como o mundo espera pela paz, a beata por santidade, e os pobres a prosperidade. E você veio até mim, com suas feições e segredos, com seus medos e desejos, e até com suas imperfeições mesquinhas. O gosto acentuado dos seus lábios me alucinam, e assim seria até mesmo se estes estivessem carregando todos os cigarros fumados em uma só noite.
Não me diga somente palavras bonitas. Se quisesse ouvir o amor eu ligaria o meu rádio e escutaria as inúmeras canções de Jorge Vercillo e Ana Carolina. Se quiser demonstrar seu amor, olhe-me de maneira atraente, deseje-me como se só eu existisse, beije-me e faça amor comigo, fazendo-me sentir aquilo o que eu me classifico: único.
Não ridicularize o meu amor. As vezes que vou até você são guiadas pelo meu desejo, a vontade que sinto de te ter mais perto é grande, mesmo que por poucos instantes.
Desculpe a minha sinceridade de homem com alma insegura e ferida, mas minhas palavras despidas refletem somente o apelo de um ser cansado. Cansado de depender de um amor que mais idealiza do que alcança, mais hipotetiza do que vive.
Mas eu não irei me desvencilhar de você por algo que aparentemente somente eu esteja sentindo. Penso na dor que a nossa separação causaria e me vejo transformando em uma pessoa já conhecida pelo mundo: com medo de se entregar completamente, e que viva a vida cautelosamente; o que seria um crime. Todavia, o que faço é apenas especulação. Imprevisível é a vida.
Ontem saí de casa à noite e tive a oportunidade de olhar momentaneamente o céu. Não acredito que algo tão grandioso esteja acima de nós somente por acaso, permitindo chuvas irregulares e o aparecimento das estrelas. O céu tem muito mais para nos dizer, basta termos a decência de, mesmo que por um instante, olhá-lo e ver nele a sua imensidão e singularidade. Vendo-o, descobri nele o meu amor: é vasto, magno, esconde as estrelas durante certo tempo, mas logo se cansa e nos mostra a beleza de suas constelações. Grande é o tempo que necessito para cansar minha resistência e me entregar completamente, mostrando as minhas estrelas. Porém, após ter me conquistado, bem se sabe que tudo é questão desse mesmo tempo para que eu me abra e te faça descobrir-me.
É uma pena, mas têm sido poucos os momentos que o céu presente em mim tem permitido as estrelas de brilhar. E parece que nos últimos tempos, esses momentos vêm se tornando cada vez mais escassos. Nem mesmo as lembranças, base de todo amor nostálgico, têm feito mudanças. Tudo por te amar demais, por estar frustrado de não te possuir regularmente ou de ter você por perto quando mais preciso. Tudo por depender demais de você. Essa dependência tem causado, em parte, a minha ruína.
Entenda que sempre te amarei por tudo, pelas inúmeras lembranças que já enumerei em tantos outros textos e pelo extraordinário ser que você carrega por dentro.
E caso algo aconteça, desejo que apenas se lembre do meu amor: esse que nunca te abandonou mesmo nas tardes em que eu passava com amigos, ou na raiva pelas palavras não pensadas que foram ditas após uma conversa ao telefone. Saiba que esse mesmo amor não se importou de ser correspondido se, em troca, ele lhe causou algum tipo de felicidade ou uma mísera confortável lembrança. Esse sentimento fez minhas mãos escreverem o que em mim é primordial, tirando-me de um abismo profundo, fazendo-me expulsar a dolorosa verdade de que o amor causa danos irreparáveis, e que há o momento certo para merecermos esse tão esperado sentimento.
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
Bem bonito. Escreve bem demais.
ResponderExcluirMeu querido, passei apenas para te desejar um bom dia. Bjs.
ResponderExcluirBom Dia, querido!
ResponderExcluirEstou ilhada.
Beijos pra ti.
Tenha lindos dias até+++++++
Renata
"... Morto e amordaçado
ResponderExcluirVolta a incomodar"
Bj.
Braccini, darling, quer dizer que você é o campeão parcial da gincana da vaca??? Eu tb quero!! bjs
ResponderExcluirEu fiquei triste.
ResponderExcluirmuito lindo :D
ResponderExcluirnossa que post lindo paulo longo mas prende agente até o final vou acessar o blog dele, abraços e otima semana.
ResponderExcluirLindíssimo!
ResponderExcluirE belo saber que existem pessoas que pensam e creem em algo maior e belo. Isso é que dá força para ir adiante!
Abraço.
Fábio.
humm... não sei o que dizer...
ResponderExcluirSó digo uma coisa: ele tem razão quando sugere que desejo de amor não seja necessariamente carência. E, cada um tendo sua própria maneira de amar, não se pode condenar nem aplaudir ninguém por ser natural nas quatro paredes do quarto íntimo. O único problema seria não haver ninguém nele além de nós... infelizmente minha situaçãozinha actual, mas abafa o caso.
ResponderExcluirPuxa, o Murillo é muito inteligente, escreve como um jornalista de muitos anos de carreira, não como um rapaz de 17 anos. Gostei também dos desenhos, ele é muito criativo.Me fez reflectir sobre muita coisa deste país, lembrou-me de fatos que eu tinha até esquecido...
ResponderExcluirPena que eu não achei lugar nenhum onde comentar!
e pensar que tem quem diga que a moçadinha de hoje é tudo avoada e sem conteudo.
ResponderExcluireu mesma conheço alguns MUITO especiais
grata por compartilhar,só quem tem a sua sensibilidade pra reconhecer coisas assim tão bonitas.
afagos de bem querer
Gosto de ver o amor ser encarado assim, integralmente, com a consciência de que não é perfeito, sem as idealizações que só trazem problemas e dor.
ResponderExcluirExcelente texto, eu gostei muito, Paulo!
Beijo, beijo.
ℓυηα