Inferno . Gustavo Dore
O primeiro é que vocês fiquem com tudo.
Peguem o dinheiro, o avião.
As agendas de todas as secretárias,
os revólveres dos ex-delegados,
os laranjas analfabetos, os laranjas pós-graduados,
as cuecas sujas do dinheiro que sai dos ralos de onde vocês vieram.
Não esqueçam de levar nada.
As explicações estranhas, as notas oficiais,
o eterno não sei de nada,
o absurdo nunca ouvi falar disso e, por falar nisso, o mensalão.
Peguem sem vergonha, saquem sem vergonha,
ajudem-se, juntem-se em torno das fogueiras
onde queimam notas fiscais e consciências,
bebam, brindem, riam da minha cara.
Eu desejo que vocês aproveitem as Land Rovers,
façam churrasco ao som de Chitãozinho & Chororó
e brinquem de quadrilha em todos os meses do ano,
na presença do operário bebum que desonra a si mesmo, aos operários e aos bêbados.
Não liguem para críticas.
Aliás, não liguem pra ninguém: alguém da polícia federal,
um desses otários que ganham R$700,00 líquidos
por mês pode estar escutando e a voz de vocês em rede nacional fica distorcida.
Prefiro a do Fernandinho Beira-Mar,
que se confessando bandido, traficante,
ladrão e assassino tem pelo menos uma vantagem
sobre vocês: nunca disse que não era tudo isso,
nunca me enganou a seu respeito, jamais negou sua maldade.
Muito menos recebeu 55 milhões de votos cheios de esperança.
Meu segundo desejo é que vocês vivam muito
em suas ilhas fiscais, em seus condomínios fechados,
em suas coberturas de 10 mil metros quadrados
pagas com salário de 1.500,00 reais.
Vivam para assistir a morte de crianças
sem ter o que comer, de jovens sem futuro
e de velhos que cospem no passado que cada um de vocês representa.
Sejam eternos
como é interminável a fila do INSS,
dos pais de família sem emprego,
das jovens que fazem sexo pago a partir dos 12 anos
sem que possam ser recriminadas por vocês,
que as iniciaram ao mostrar-lhes como se faz isso com um país inteiro.
Agora que vocês são ricos e perpétuos,
meu último desejo é que vocês nunca mais saibam
se têm ou não um amigo.
Que ao verem um por-de-sol lembrem-se apenas
de voltar para casa, onde dormir seja um sonho impossível.
Permaneçam dia após dia acordados, desconfiados,
ansiosos, insones, num morre-não morre sem fim.
Que a única coisa que possam escrever sejam versões,
já que perderam a noção da verdade e dos fatos.
Que a única coisa que saia da boca de cada um de vocês
seja um repetitivo "não lembro, Sr. Deputado".
Não quero nenhum de vocês julgados ou castigados.
Apenas que passem a vida dizendo
"não lembro, senhor deputado".
Que ao chegar na cozinha, encontrem a CPI dos salmões.
Na sala, a CPI Home Theater.
No quarto, a CPI da falta de sexo.
Na vida, a CPI do desaparecimento da glória de servir ao povo.
Um dia, meu filho vai estudá-los.
Que eles e seus colegas percam nota se não
souberem os nomes de vocês.
Mas não se abatam por isso,
como vocês não se abalaram com os tiros que mataram Celso Daniel.
Não se preocupem com o meu desprezo,
como não se incomodaram em decretar a pena de morte
à esperança que os ajudou a vencer nosso medo.
Não se arrependam de nada.
Apenas vivam para nos ver construir o novo, o alegre e o lindo.
Sejam o nosso norte, mostrem onde vocês estiveram e no que se transformaram.
A partir disso, bastará seguirmos em direção contrária.
Peguem o dinheiro, o avião.
As agendas de todas as secretárias,
os revólveres dos ex-delegados,
os laranjas analfabetos, os laranjas pós-graduados,
as cuecas sujas do dinheiro que sai dos ralos de onde vocês vieram.
Não esqueçam de levar nada.
As explicações estranhas, as notas oficiais,
o eterno não sei de nada,
o absurdo nunca ouvi falar disso e, por falar nisso, o mensalão.
Peguem sem vergonha, saquem sem vergonha,
ajudem-se, juntem-se em torno das fogueiras
onde queimam notas fiscais e consciências,
bebam, brindem, riam da minha cara.
Eu desejo que vocês aproveitem as Land Rovers,
façam churrasco ao som de Chitãozinho & Chororó
e brinquem de quadrilha em todos os meses do ano,
na presença do operário bebum que desonra a si mesmo, aos operários e aos bêbados.
Não liguem para críticas.
Aliás, não liguem pra ninguém: alguém da polícia federal,
um desses otários que ganham R$700,00 líquidos
por mês pode estar escutando e a voz de vocês em rede nacional fica distorcida.
Prefiro a do Fernandinho Beira-Mar,
que se confessando bandido, traficante,
ladrão e assassino tem pelo menos uma vantagem
sobre vocês: nunca disse que não era tudo isso,
nunca me enganou a seu respeito, jamais negou sua maldade.
Muito menos recebeu 55 milhões de votos cheios de esperança.
Meu segundo desejo é que vocês vivam muito
em suas ilhas fiscais, em seus condomínios fechados,
em suas coberturas de 10 mil metros quadrados
pagas com salário de 1.500,00 reais.
Vivam para assistir a morte de crianças
sem ter o que comer, de jovens sem futuro
e de velhos que cospem no passado que cada um de vocês representa.
Sejam eternos
como é interminável a fila do INSS,
dos pais de família sem emprego,
das jovens que fazem sexo pago a partir dos 12 anos
sem que possam ser recriminadas por vocês,
que as iniciaram ao mostrar-lhes como se faz isso com um país inteiro.
Agora que vocês são ricos e perpétuos,
meu último desejo é que vocês nunca mais saibam
se têm ou não um amigo.
Que ao verem um por-de-sol lembrem-se apenas
de voltar para casa, onde dormir seja um sonho impossível.
Permaneçam dia após dia acordados, desconfiados,
ansiosos, insones, num morre-não morre sem fim.
Que a única coisa que possam escrever sejam versões,
já que perderam a noção da verdade e dos fatos.
Que a única coisa que saia da boca de cada um de vocês
seja um repetitivo "não lembro, Sr. Deputado".
Não quero nenhum de vocês julgados ou castigados.
Apenas que passem a vida dizendo
"não lembro, senhor deputado".
Que ao chegar na cozinha, encontrem a CPI dos salmões.
Na sala, a CPI Home Theater.
No quarto, a CPI da falta de sexo.
Na vida, a CPI do desaparecimento da glória de servir ao povo.
Um dia, meu filho vai estudá-los.
Que eles e seus colegas percam nota se não
souberem os nomes de vocês.
Mas não se abatam por isso,
como vocês não se abalaram com os tiros que mataram Celso Daniel.
Não se preocupem com o meu desprezo,
como não se incomodaram em decretar a pena de morte
à esperança que os ajudou a vencer nosso medo.
Não se arrependam de nada.
Apenas vivam para nos ver construir o novo, o alegre e o lindo.
Sejam o nosso norte, mostrem onde vocês estiveram e no que se transformaram.
A partir disso, bastará seguirmos em direção contrária.
contribuição via e-mail - rafinha
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
que texto. fantástico! parabéns pela postagem. este texto deveria circular mais para muita gente ler
ResponderExcluiradorei teu blog, voltarei.
beijos e bom domingo.
Cleo
Obrigado Cléo pela visita e pelo registro ... valeu de montão ... o texto realmente é lindo ... pena não saber o autor ... e ele ser tão verdadeiro ao retratar esta vergonha, este cancro ... mas enfim ... 2010 vem aí ... eu voto NULO ...
ResponderExcluirbjux
;-)
Nó!!! Detonou. Parabéns D.
ResponderExcluirbjux
Cleo, não estou conseguindo acessar o seu blog ... ele começa a carregar e muda para uma página do Kit Net ... loucura ... amanhã tento de novo ...
ResponderExcluirbjux
;-)
o texto realmente é lindo ... pena não saber o autor ... e ele ser tão verdadeiro ao retratar esta vergonha, este cancro ... mas enfim ... 2010 vem aí ... eu voto NULO ...
ResponderExcluircontribuição do Rafa ... e-mail ...
bjux DD
;-)