quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
O Solitário
Não: uma torre se erguerá do fundo do coração e eu estarei à borda:
onde não há mais nada, ainda acorda o indizível,
a dor, de novo o mundo.
Ainda uma coisa, só, no imenso mar das coisas,
e uma luz depois do escuro,
um rosto extremo do desejo obscuro
exilado em um nunca-apaziguar,
ainda um rosto de pedra,
que só sente a gravidade interna, de tão denso:
as distâncias que o extinguem lentamente
tornam seu júbilo ainda mais intenso.
Apaga-me os olhos, ainda posso ver-te.
Tranca-me os ouvidos, ainda posso ouvir-te,
e sem pés posso ainda ir para ti,
e sem boca posso ainda invocar-te.
Quebra-me os ossos, e posso apertar-te com o coração como com a mão,
tapa-me o coração, e o cérebro baterá,
e se me deitares fogo ao cérebro,
hei-de continuar a trazer-te no sangue.
Rainer Maria Rilke
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
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Toda pessoa que já foi solitária na vida - ou que ainda é, certamente se identificou com esse texto. Como a primeira opção é meu caso, foi exatamente como eu me senti por muuuito tempo.
ResponderExcluirAbraço e uma ótima quinta1