quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Ética . qual o caminho a seguir?


Ética e Felicidade.
Podemos entender ética como um conjunto consensual de valores que influencia os procedimentos dos indivíduos dentro da sociedade. Este conjunto de valores é dinâmico e vai sendo mudado de acordo com a evolução da do grupo social.
Assim, se observarmos a história da sociedade ocidental, organizada sobre os fundamentos de uma moral judaico-cristã, vamos perceber um longo período histórico dominado por uma Ética Religiosa, onde as obrigações em relação a Deus são o mote do comportamento social.
A ética predominante nos séculos XVIII, XIX, até meados do século XX, é a Ética do Dever. Ela surge independentemente dos dogmas religiosos no contexto de laicização da sociedade, que advém a partir do movimento renascentista passando pela revolução industrial e atingindo a idade moderna. A ética do dever se caracteriza pelo enaltecimento da obrigação, o sacrifício pessoal, em função da família, pátria e sociedade. Estimula os deveres do homem e do cidadão, impondo normas austeras repressivas, disciplinares na vida privada das pessoas. Transfere as obrigações em relação a Deus, próprias da ética religiosa, para a esfera humana.
Nos anos 60 e 70 temos a Ética da Contracultura, onde o discurso moral válido por mais de dois séculos é recusado em nome da liberdade individual e coletiva. A utopia da boa alma já não é mais valorizada e os valores de amor à pátria e família são substituídos pelo discurso de liberdade individual. A família burguesa é injuriada por ser a responsável pela transmissão de valores obsoletos que impediam o usufruto de uma liberdade plena. O progresso humano se identificava com o direito da mulher a dispor do seu corpo. Lutava-se então a favor do aborto e da liberdade sexual.
A partir dos anos 80, vemos o surgimento da Ética da Felicidade. A crise das utopias, a queda do muro de Berlim, e a instauração do Neo Liberalismo configuram uma sociedade pós-moralista que repudia a retórica do dever austero e que se caracteriza, pela falta de obrigação de consagrar a vida ao próximo, a família ou a nação. A idéia de sacrifício de si mesmo está deslegitimada, sendo estimulado o usufruto do presente o templo do eu e do corpo Nesta sociedade pós-moralista a felicidade substitui o mandamento moral, o prazer substitui a proibição, a sedução substitui a obrigação, o desejo substitui o dever. As relações entre os homens são menos valorizadas que as relações dos homens com as coisas. Sendo assim, a ética contemporânea não aceita resignada a passagem do tempo, sendo estimulada a eterna juventude e a exigência de conservação e valorização do capital corpo. Os imperativos da ética da felicidade são juventude, saúde, elegância, lazer e sexo. Assim, na época da felicidade narcísica “tudo é permitido”, “moral sem obrigação e sem sanção”.
Neste contexto da sociedade pós-moralista, podemos examinar, dentre outros aspectos, de como se configuram os valores que dizem respeito à família. Nesta análise que fazemos, observamos que os valores a respeito desta instituição foram mudando conforme as mudanças sociais. O valor dado na ética do dever era absoluto, contrariamente ao dado pela ética da contra cultura que questiona a família como instituição burguesa, reprodutora dos valores de uma moral obsoleta. Na contracultura associava-se a família a uma instância alienante reprodutora das relações de propriedade e das dinâmicas da repressão. “Família-odeio vocês”. Já na cultura da felicidade ocorre um esvaziamento das preservações moralistas em beneficio da realização pessoal e do direito do sujeito livre: direito a concubinagem, direito a separação dos cônjuges, direito a maternidade fora do casamento, direito a ser fecundado por um genitor anônimo ou por um falecido. A família deixa de ser uma instituição transmissora dos deveres para se transformar em uma instituição emocional e flexível ao serviço da realização pessoal.
Concluindo; o que se apresenta como imprescindível para os tempos atuais? Devemos abandonar o amoralismo como o moralismo rígido para promover uma nova ética, a Ética da responsabilidade?
A ética da responsabilidade surge na cultura pós-moralista. Animada pelo esforço de conciliação entre os princípios dos direitos individuais e as obrigações sociais, econômicas científicas. Sua aspiração não é desconhecer os valores individualistas, entretanto promove a extenuação da cultura “tudo é permitido”, exigindo a fixação de limites e reagindo contra os excessos de permissividade individualista, tecnológica, capitalista da mídia. Seu objetivo é o reforço do espírito de responsabilidade, talvez o único capaz de estar á altura dos desafios do futuro.



Paulo Braccini


enfim, é o que tem pra hoje...




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