domingo, 9 de fevereiro de 2020

Sobre sua felicidade!




Aproximadamente oito meses, é esse o tempo em que a gente não mais se encontra. As risadas de antes dão espaço para um desconforto e desejo reprimido quando te vejo e finjo que não (é algo físico que chega mesmo a incomodar). Os poucos abraços que me deu, depois de me arrancar da sua vida, apesar de verdadeiros só me causavam medo e uma sensação de perigo iminente. Mudei meu itinerário a fim de não te encontrar por acaso, evito pessoas que possam falar de você; mas nas madrugadas ainda olho para o seu portão com expectativa suicida te ver e quem sabe - mais uma vez - bagunçar sua cabeça e atrair suas mãos. Desisti de você para realizar sua vontade, acreditei que a distância ia trazer minha ausência e esta seria tamanha que você desistiria do seu projeto de vida medíocre e voltaria a querer meus olhos nos seus - engano ingênuo de um romântico às avessas. É triste saber que você está bem, que os nossos planos são apenas seus e que consegue caminhar sem olhar para trás ou sentir a falta da minha mão segurando a sua e meu olhar cúmplice te falando: “Vai dar certo”.
Queria te encontrar aos farrapos, bêbado e sujo choramingando meu nome e maldizendo meu desamor; confesso que sua queda mesmo causando enorme dor ao menos justificaria a minha. Dar sentido a este meu amor ao te olhar nos olhos, me ajoelhar e me juntar à sarjeta em que se encontraria e então me misturar a você saboreando sua dor e te alimentando com o que ficou de mim com sua  ausência.
Não, não estou suficientemente preparado para te ver feliz...
Mas ela, a felicidade, é sua companheira e zomba de mim; resta-me agarrar com raiva os pés do tempo que não tem aliviado minha dor e maltrata ainda meus sentimentos, afinal mesmo o tempo não é mais cruel que você – e é nele que deposito o que sobrou de esperança.
Talvez um dia, não agora, eu possa encontrar um novo sorriso e até quem sabe aquelas caretas que me irritavam e faziam rir; por enquanto sua sombra me pertence e sobrevivo sem saber para onde ir – culpa sua que me mostrou o caminho, mas me abandonou aos perigos da noite fria e foi em busca do sol. Seu sol sou eu, e qualquer lume pode talvez te indicar um novo horizonte, mas este nunca vai te bastar uma vez que sou eu o seu paradeiro.
Vives hoje errante, e eu apenas sobrevivo das lembranças daquilo que um dia fui. E sem minhas asas não faço ideia em que direção seguir porque todos os caminhos me levam a você.

Giuliano Nascimento

Bratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje ...

15 comentários:

  1. Querido amigo Paulo, que lindo esse texto, embora triste, pois mostra a realidade de um amor que se esperava eterno e se acaba!
    Giuliano tem essa capacidade de colocar em palavras as "dores de cotovelo" que assolam as almas enamoradas e que porventura foram "dispensadas", consegui mergulhar aqui e sentir, pois a intensidade da dor tem essa força, mesmo que nem seja sentida pelo autor da escrita, mas conseguiu passar a alma do texto e emocionar!
    Amei ler, você tem também tamanha sensibilidade e ao escolher postar nos dá essa sua linda dimensão de alma!
    Abraços muito apertados meu amado amigo!

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    1. Penso que um amor que se finda nunca existiu em plenitude. Algo que se parecia com amor. Na verdade o amor autêntico não fenece e está sempre a superar obstáculos, desde que auêntico, recíproco e os pares estejam na busca de felicidade verdadeira.

      Beijos

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    2. Concordo plenamente meu querido amigo, amor é amor nso tem fim.
      Sempre bom interagir com pessoas afins.Adoro isso!
      Abraços bem apertados!

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    3. Que coisa boa esta identidade com você amiga Ivone.

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  2. Infelizmente é o que a maioria pensa, que ninguém é capaz de viver sem nós

    Mas a realidade é mais cruel e faz que todos nós consigamos viver com nós próprios sem precisar de ninguém

    Muito pano para mangas ;)

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    1. Muito pano mesmo. Viver consigo mesmo também é uma forma de amar. O amar pleno a si próprio. Só quem ama a si é capaz de compartilhar este sentimento com alguém.

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  3. Belíssmo texto, estimado Paulo!

    De uma verdade crua e grande humanidade.
    Gostei muito, grata por o divulgar.

    Excelente semana... Tudo pelo melhor.
    o meu abraço, amigo.
    ~~~~~~~~

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  4. Belas palavras.

    O blog está em Hiatus de Verão, mas comentaremos nos blogs amigos nesse período.

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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  5. Olá, Paulo. Um lindo texto, muito profundo e sentimental!
    Às vezes eu fico sabendo de casais que se separaram após filhos e/ou anos. De repente, pessoas que parftilhavam sonhos, que parfeciam se conhecer profundamente, tornam-se dois estranhos que não se amam mais. Me pergunto: será que algum dia se amaram? O que faz com que 'esfrie' e o amor acabe?

    Separar-se de um cônjuge ou companheiro deve ser muito difícil. Acordar, olhar para o lado e não ver mais a pessoa lá. Acho que pode ser pior do que saber que a pessoa morreu, sei lá...

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    1. Para mim, Ana, estes casos mostram que o verdadeiro sentimento nunca existiu. Sentiram tudo mas nunca o amor. Concordo com você.
      Obrigado pelo carinho.

      Beijos

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  6. Grata por suas gentis palavras no meu blog.

    Um excelente texto, mas, em minha ótima, não há amores eternos, a não ser o dos pais, mães pelos seus filhos. O outro, a gente encontra ao "virar da esquina".

    Beijos.

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  7. Retificando no meu comentário acima: em minha ótica, em meu modo de ver.

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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