Aproximadamente oito meses, é esse o tempo em que a gente não mais se encontra. As risadas de antes dão espaço para um desconforto e desejo reprimido quando te vejo e finjo que não (é algo físico que chega mesmo a incomodar). Os poucos abraços que me deu, depois de me arrancar da sua vida, apesar de verdadeiros só me causavam medo e uma sensação de perigo iminente. Mudei meu itinerário a fim de não te encontrar por acaso, evito pessoas que possam falar de você; mas nas madrugadas ainda olho para o seu portão com expectativa suicida te ver e quem sabe - mais uma vez - bagunçar sua cabeça e atrair suas mãos. Desisti de você para realizar sua vontade, acreditei que a distância ia trazer minha ausência e esta seria tamanha que você desistiria do seu projeto de vida medíocre e voltaria a querer meus olhos nos seus - engano ingênuo de um romântico às avessas. É triste saber que você está bem, que os nossos planos são apenas seus e que consegue caminhar sem olhar para trás ou sentir a falta da minha mão segurando a sua e meu olhar cúmplice te falando: “Vai dar certo”.
Queria te encontrar aos farrapos, bêbado e sujo choramingando meu nome e maldizendo meu desamor; confesso que sua queda mesmo causando enorme dor ao menos justificaria a minha. Dar sentido a este meu amor ao te olhar nos olhos, me ajoelhar e me juntar à sarjeta em que se encontraria e então me misturar a você saboreando sua dor e te alimentando com o que ficou de mim com sua ausência.
Não, não estou suficientemente preparado para te ver feliz...
Mas ela, a felicidade, é sua companheira e zomba de mim; resta-me agarrar com raiva os pés do tempo que não tem aliviado minha dor e maltrata ainda meus sentimentos, afinal mesmo o tempo não é mais cruel que você – e é nele que deposito o que sobrou de esperança.
Talvez um dia, não agora, eu possa encontrar um novo sorriso e até quem sabe aquelas caretas que me irritavam e faziam rir; por enquanto sua sombra me pertence e sobrevivo sem saber para onde ir – culpa sua que me mostrou o caminho, mas me abandonou aos perigos da noite fria e foi em busca do sol. Seu sol sou eu, e qualquer lume pode talvez te indicar um novo horizonte, mas este nunca vai te bastar uma vez que sou eu o seu paradeiro.
Vives hoje errante, e eu apenas sobrevivo das lembranças daquilo que um dia fui. E sem minhas asas não faço ideia em que direção seguir porque todos os caminhos me levam a você.
Giuliano Nascimento
Bratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje ...
Querido amigo Paulo, que lindo esse texto, embora triste, pois mostra a realidade de um amor que se esperava eterno e se acaba!
ResponderExcluirGiuliano tem essa capacidade de colocar em palavras as "dores de cotovelo" que assolam as almas enamoradas e que porventura foram "dispensadas", consegui mergulhar aqui e sentir, pois a intensidade da dor tem essa força, mesmo que nem seja sentida pelo autor da escrita, mas conseguiu passar a alma do texto e emocionar!
Amei ler, você tem também tamanha sensibilidade e ao escolher postar nos dá essa sua linda dimensão de alma!
Abraços muito apertados meu amado amigo!
Penso que um amor que se finda nunca existiu em plenitude. Algo que se parecia com amor. Na verdade o amor autêntico não fenece e está sempre a superar obstáculos, desde que auêntico, recíproco e os pares estejam na busca de felicidade verdadeira.
ExcluirBeijos
Concordo plenamente meu querido amigo, amor é amor nso tem fim.
ExcluirSempre bom interagir com pessoas afins.Adoro isso!
Abraços bem apertados!
Que coisa boa esta identidade com você amiga Ivone.
ExcluirInfelizmente é o que a maioria pensa, que ninguém é capaz de viver sem nós
ResponderExcluirMas a realidade é mais cruel e faz que todos nós consigamos viver com nós próprios sem precisar de ninguém
Muito pano para mangas ;)
Muito pano mesmo. Viver consigo mesmo também é uma forma de amar. O amar pleno a si próprio. Só quem ama a si é capaz de compartilhar este sentimento com alguém.
ExcluirBelíssmo texto, estimado Paulo!
ResponderExcluirDe uma verdade crua e grande humanidade.
Gostei muito, grata por o divulgar.
Excelente semana... Tudo pelo melhor.
o meu abraço, amigo.
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Obrigado pelo carinho de sempre Majo.
ExcluirBom final de semana.
Beijos
Belas palavras.
ResponderExcluirO blog está em Hiatus de Verão, mas comentaremos nos blogs amigos nesse período.
Jovem Jornalista
Instagram
Até mais, Emerson Garcia
Obrigado Emerson.
ExcluirBom final de semana.
Beijão
Olá, Paulo. Um lindo texto, muito profundo e sentimental!
ResponderExcluirÀs vezes eu fico sabendo de casais que se separaram após filhos e/ou anos. De repente, pessoas que parftilhavam sonhos, que parfeciam se conhecer profundamente, tornam-se dois estranhos que não se amam mais. Me pergunto: será que algum dia se amaram? O que faz com que 'esfrie' e o amor acabe?
Separar-se de um cônjuge ou companheiro deve ser muito difícil. Acordar, olhar para o lado e não ver mais a pessoa lá. Acho que pode ser pior do que saber que a pessoa morreu, sei lá...
Para mim, Ana, estes casos mostram que o verdadeiro sentimento nunca existiu. Sentiram tudo mas nunca o amor. Concordo com você.
ExcluirObrigado pelo carinho.
Beijos
Grata por suas gentis palavras no meu blog.
ResponderExcluirUm excelente texto, mas, em minha ótima, não há amores eternos, a não ser o dos pais, mães pelos seus filhos. O outro, a gente encontra ao "virar da esquina".
Beijos.
Também é uma perspectiva a ser refletida.
ExcluirBeijão Céu!
Retificando no meu comentário acima: em minha ótica, em meu modo de ver.
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