Meu pai nasceu num lugarejo chamado Vila da Glória. Lá ele corria entre pastos enormes e extensas faixas de areia cor de chumbo. Vejo o menino correndo de calção puído e uma bola improvisada nos pés, o vento agridoce nos cabelos muito negros. Vejo o menino subindo nas goiabeiras e saltando no mar. O menino nadando pra longe, tão distante quanto este passado idílico que quase toco com a imaginação ligeira. O menino no meio do mato segurando uma funda, a mão coçando com a picada distraída dos mosquitos, os pés ora pisando vegetação rasteira, ora areia vinda de muito longe, e um bando de passarinhos fugindo entre a copa dos araçás. Vejo o menino sentado sobre a casca de uma árvore caída inteira e o olhar abandonado nas luzes de uma cidade vizinha, do outro lado do cais, tão longe, tão perto, repetindo solitariamente o sentimento de gerações inteiras. O menino que viu tempestades se formando no alto-mar, coração sereno. O menino que fugiu pra nunca mais, esperando do mundo um mundo ainda maior. O menino sem imaginação. Um menino só, parado no tempo, feito um menino. Entre os costões verdejantes e o mar luminoso ele envelhecia rapidamente sem atinar que no incógnito futuro um outro menino o procurava entre palavras e papéis, apesar do tempo irrecuperável.
"Boy Running" . Pamela Murphy
ps: Mas o menino Bratz que envelheceu mas ele atinou para a presença de um outro menino que, apesar do tempo irrecuperável, torna o seu presente tão bom quanto os tempos idos.
Voltei de SP. Agora é esperar o final do ano.
ps: Mas o menino Bratz que envelheceu mas ele atinou para a presença de um outro menino que, apesar do tempo irrecuperável, torna o seu presente tão bom quanto os tempos idos.
Voltei de SP. Agora é esperar o final do ano.
Bratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje ...
Oh,, minha eterna criança! Deixa que te alcance com meu passo lento,
ResponderExcluirenvelheci e já não sei se consigo, mais enquanto posso tento, tento e tento!
Rs rs rs
Ah propósito; conseguirás esperar o fim do ano para retornar a Sampa??
Bjus queridão! Saudades
O tamanho ou a velocidade dos passos não importa, mas a vontade e a decisão de dá-los sim. Quanto ao propósito ficamos assim. A nova criança aprendeu que, na vida, as coisas ganham novo sabor quando conquistadas. Não adianta fazer por fazer pela simples ilusão que pode custar um preço alto. Então é planejar e adequar para que tudo corra perfeito, não a perfeição ilusória mas a perfeição concreta. De mais devemos considerar que Dezembro é o mês do "bom velhinho". Assim sendo, toda criança que se presa sonha com este momento mágico em que ele desce pela chaminé e coloca em seu sapatinho depositado aos pés da árvore, aquele presente sonhado e pedido na cartinha, Você me entende né? rs
ExcluirBeijão querido ...
Perfeitamente!!
ExcluirAh! esqueci de mencionar que o "velhinho" costuma ser safado. Pelo menos é o que reza a lenda. Eu aqui, ainda ando à procura desta tão decantada safadeza e nada. Quem sabe este ano ele resolva me mostrar suas garras ... rs ... #desses
Excluirlindo texto, muito bem escolhido...
ResponderExcluiracho que sua MILHO VERDE deve ter um clima muito parecido não? lembrei na hora...
Penso que não amigo! Milho Verde é um recanto contemporâneo. Bucólico sim mas um bucólico dos anos 2000. O Texto é bem mais que isto. Diz muito de minha meninice e, creio que também da sua. Vivida em uma cidade grande mas com os quintais, as goiabeiras, os pés descalços, a terra, o vento, a chuva e, principalmente a inocência e seus sonhos.
ExcluirBeijão querido F....
Amei a escolha do texto, me comoveu, eu também vivi em uma cidade grande a ainda vivo, só mudei de casa quando me casei e ainda moro nela.
ResponderExcluirAh, como é bom relembrar momentos de rara beleza que ficaram enraizados em nossa mente/alma!
A gente envelhece, mas não perde essa coisa linda de poder ter ainda garra para viver e crer, como é bom isso!
Recordar é viver e nunca deixar morrer essa "gana" pela Vida, bem assim com "V" e é a que desejo sempre para você, meu amigo de sensibilidade ímpar!
Abraços apertados, que bom que voltastes bem daqui da minha Sampa!
Sim Ivone, voltei bem e reabastecido mas, como sempre, um pouco triste. É uma cidade maravilhosa. Muitos não entendem isto, mas, apesar de tudo que uma cidade grande tem de problemas, ela tem tb de emblemático.
ExcluirNasci, vivi e vivo em uma cidade grande e considero isto um privilégio. Não que os lugares menores não possuam a sua beleza e o seu charme, mas preciso de algo que só as metrópoles proporcionam: Horizontes.Mesmo assim, tb elas possuem a singeleza de nossas infâncias, é só saber encontrar e desfrutar.
Beijão
Tempos mais simples! Tempos de pequenas e boas regras! Tempos onde a liberdade estava nos olhos e não estava somente nas ações! Para além do saudosismo, um texto de liberdade interna, tão rara como um pé de goiabeira no quintal em uma cidade grande!
ResponderExcluirEntão José! Só mesmo pessoas com sua sensibilidade e percepção critica para avaliar e perceber esta dualidade paradoxal. Os tempos eram outros sim, mas nem por isto o atual, que sempre nos cobra algo mais prático, nos impede de podermos vislumbrar goiabeiras e balanços suspensos em suas galhas.
ExcluirDesfrutemos destas possibilidades pois elas também são reais.
Beijão
Está com pressa de entrar em 2016? :P
ResponderExcluirNem um pouco. Na altura de minha vida nada de correr com o tempo ... rs ...
Excluirestar inteiro no presente é o grande 'segredo', lindo texto, deu pra ver a cena completa ^^
ResponderExcluirPerfeito Rodrigo. O grande segredo é este mesmo. Resta-nos saber desvelá-lo.
ExcluirBeijão
Bom regresso!
ResponderExcluirQue poesia ! Lembra um pouco cada um de nós, olhado ao longe quando menino ... e que bom que você não deixou o outro menino passar despercebido !! rs !!
ResponderExcluirBem vindo de volta !
Abraço !
Esta percepção, penso que equivale a uma boa restauração de um imóvel envelhecido ... ou não? rs
ExcluirCom certeza ! rs !
Excluir:-p
ExcluirQue belo texto que facilmente cada um de nós encontra algo que nos liga a ele.
ResponderExcluirTalvez a culpa seja a vida, ou talvez a culpa é nossa, das pessoas, com tanto de igual e de diferente.
Gostei desta contextualização: a culpa é das pessoas, com tanto de igual e de diferente!
ExcluirGostei bastante do excerto.
ResponderExcluirE eu gostei do "excerto". Não conhecia esta expressão. Aprendi ... obrigado.
Excluirum excerto que será, com muita certeza, um reflexo do teu passado. Muito bom! ^^
ResponderExcluirE estares agora em boa companhia, ainda melhor! :)
Abração :3
Com certeza Mikel! Isto eu conquistei no árduo processo que é viver. Mas valeu e vale a pena ...
ExcluirAbração