Em um momento em que muito se fala sobre direitos LGBT, criminalização da homofobia, mais que justo resgatar este grupo brasileiro, pioneiro e revolucionário, que ganhou o mundo na década de 70. Aqueles que, como eu, viveram este contexto se lembram, os que não viveram, precisam conhecer.
Neste final de semana, assistindo, no Canal Brasil, um programa sobre o making-of do documentário Dzi Croquettes, confesso que me emocionei. Logo corri atrás da possibilidade de fazer o download do filme e pesquisar algo que motivasse este post.
O resultado eu registro para os amigos aqui:
Dzi Croquettes - Direção de Tatiana Issa e Raphael Alvarez (Brasil, 2009). Com depoimentos de Liza Minnelli, Gilberto Gil, Nelson Motta, Miguel Falabella, Ney Matogrosso, Marília Pera, Cláudia Raia, entre outros. O documentário resgata a trajetória dos atores/bailarinos que se tornaram símbolos da contracultura ao confrontar a ditadura usando a ironia e a inteligência. Os espetáculos revolucionaram os palcos com performances de homens com barba cultivada e pernas cabeludas, que contrastavam com sapatos de salto alto e roupas femininas. O grupo se tornou um enorme mito na cena teatral brasileira e parisiense nos anos 70. Documentário. 110 minutos.
A palavra irreverente já existia nos dicionários, mas atingiu um novo grau de entendimento depois da criação do grupo Dzi Croquettes. A década de 70 foi de rompimento, de mudança, de fugir de padrões e buscar o novo, o desconhecido. A contracultura abriu espaço para questionamentos sobre a realidade, a ruptura ideológica e a transformação social. Nesse contexto um Americano desembarca no Rio de Janeiro: Lennie Dale unia a bossa nova a um swing do Jazz Novaiorquino; o encontro de 13 homens, 13 talentos. Surgia entao o furacão que iria abalar as estruturas sexuais das pessoas, abrir portas, quebrar tabus, mudar a cena teatral Brasileira e Internacional. Surgia então os Dzi Croquettes, O grupo revolucionou os palcos cariocas com seus espetáculos andróginos. Desobedientes e debochados, decidiram desrespeitar a ordem do regime militar com inteligência. Os sapatos de salto alto e as roupas femininas propositalmente exibiam as pernas cabeludas e a barba cultivada pelos homens do grupo. O primeiro show, em 1972, foi um grande sucesso, apesar de ter sido banido pelo Serviço Nacional de Teatro. A comédia de costumes era um deboche ao sistema de ditadura e à realidade brasileira. O grupo também fez muito sucesso na Europa, especialmente na França, onde levou platéias parisienses à loucura.
Esse documentário conseguiu reunir os integrantes do grupo, assim como amigos e admiradores para uma bateria de entrevistas exclusivas sobre o que é ser um Dzi Croquettes, a formação, os textos, a censura, o sucesso até a desintegração do grupo, mas nunca da idéia. O documentário conta com depoimentos de amigos e artistas consagrados no cenário artístico brasileiro e internacional como: Liza Minnelli (grande admiradora e amiga do grupo), o diretor e coreógrafo americano Ron Lewis, Gilberto Gil, Nelson Motta, Marília Pêra, Ney Matogrosso, Betty Faria, José Possi Neto, Miéle, Aderbal Freire Filho, Jorge Fernando, César Camargo Mariano, Elke Maravilha, Cláudia Raia, Miguel Falabella, Pedro Cardoso, Norma Bengell, entre tantos e ainda os integrantes originais do grupo: Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly e Benedito Lacerda. Mais de 45 depoimentos colhidos no Rio de Janeiro, Nova York e Paris contam a trajetória desse grupo que influenciou suas carreiras e suas vidas em uma trajetória fascinante recheada de sucessos, fracassos, assassinatos, grandes voltas por cima e a recuperação de uma parte da nossa história que não deveria jamais ser esquecida. A busca por novos valores e novos canais de expressão são marcas registradas do movimento de contracultura e dos Dzi Croquettes!
Ficha Técnica:
Direção: Tatiana Issa, Raphael Alvarez
Produção: TRIA Productions, Canal Brasil
Edição: Raphael Alvarez
Roteiro: Tatiana Issa
Cinematografia: Jorge Galo, Raphael Alvarez, Tatiana Issa
Elenco: Liza Minnelli, Gilberto Gil, Marília Pêra, Ney Matogrosso, Cláudia Raia, Miguel Falabella, Pedro Cardoso, César Camargo Mariano, Betty Faria, Miéle, Elke Maravilha, Norma Bengell, Nelson Motta, e grande elenco. Com os Dzi Croquettes originais: Cláudio Tovar, Bayard Tonelli, Ciro Barcelos, Benedicto Lacerda e Rogério de Poly.
Narração: Tatiana Issa.
Trilha Sonora: "Tá Boa Santa?” (Cláudio Lins e Cláudio Tovar) – música tema
“Goodnight Ladies” – Lou Reed “Lili Marlene” – Norbert Schultze “Roda Viva” – Chico Buarque “Tango – Cirque Du Soleil” – René Duperé “Assim Falou Zaratustra” – Richard Strauss “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá” – Elis Regina “Mister Magic” – Grover Washington Jr. “Transmorgrapfication” – James Brown “O Pato” – Lannie Dale “Me Deixa Em Paz” – Lannie Dale e Elis Regina “El Cayuco” – Tito Puente “It’s Ecstasy Whem You Lay Down Next To Me” – Barry White “Spinning Wheel” – Blood, Sweat & Tears “Cantoras do Rádio” – Dzi Croquettes “20th Century Fox Fanfare” – Alfred Newman “Frère Jacques” – Roberto de Rodrigues “Let Me Entertain You” – Gypsy Original Cast 1958 “My Heart Belongs To Daddy” – Marilyn Monroe “Relance” – Gal Costa “Limelight” – instrumental “Ne Me Quite Pas” – Paulo Bacellar (Paoletti) “God Bless The Child” – Billie Holiday “Ela Diz Que Tem” – Carmen Miranda “Hot Pants... I’m Coming. Coming. I’m Coming” – James Brown “That’s Entertainment” – Lennie Dale “Ye-Me-Le” – Sérgio Mendes & Brasil 66 “There It Is” – James Brown “Dancing Days” – As Frenéticas “Amor Até O Fim” – Elis Regina
Fonte: Wikpédia
Link para download do filme: AQUI
Trailler do Filme:
Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...
eles eram no mínimo instigantes, curiosos, além de lindos.
ResponderExcluirachei a inciativa deles linda.
"nem homem, nem mulher. gente."
adorei o filme e talvez tenha entendido um pouco do que eles fora importante para a arte (gay ou não) no Rio e no Brasil.
queria tnt ter vivido nessa época.
Querido amigo, grande grupo Dzi., os percursores desse movimento,o ser humano deve ser respeitado , independente de sua opção sexual, cor ou religião. Temos que deixar de ser hipócritas, o que importa é ser feliz e viver bem consigo mesmo. Tenha uma linda semana. Beijocas
ResponderExcluirO Canal Brasil sempre nos surpreende com coisas boas. Abcs, Paulo, boa semana!!
ResponderExcluirnão assiti esse filme ainda, mas fiquei curiosa para conhecer, parece muito bom
ResponderExcluirfoi um verdadeiro marco da cultura nacional!
ResponderExcluirbeijos
Bratz, pura sintonia de amor. Vimos o filme ontem. É maravilhoso! Chorei litrus no final.
ResponderExcluirÓtima dica, beibe.
Realmente a performance do Dzi Croquettes deixou uma bela assinatura nas artes cênicas.
ResponderExcluirBj.
Um belo resgate. Para quem não sabia ficar sabendo, para quem sabia, recordar. Bons tempos, onde: "apesar de você, amanhã há de ser outro dia".
ResponderExcluirBjão
Eu tenho o DVD, conhecia a história do grupo e tudo mais, mas confesso que achei o documentário muito chato, totalmente pedante e fiquei bastante decepcionado. Tudo o que o grupo tinha de anárquico o filme tem de careta...Não curti.
ResponderExcluirVeja também o documentário sobre a Cláudia Wonder, chamado "Meu Amigo Cláudia". Embora também seja totalmente chapa-branca, ganha outra significação após a morte da Cláudia no ano passado.
Que pena que eu não tenho mais esse canal disponível, pois a programação deles é fantástica.
ResponderExcluirVou aproveitar que você deixou o link pra download, baixar e assistir.
Gostei bastante do resumo e do trailer no vídeo.
Tenha uma boa semana querido.
Beijos, muitos.
Eu vi e até comentei o lançamento no blog ano passado. Fiquei impressionado com a influência e a vanguarda desse grupo.
ResponderExcluirBom dia a todos.
Bj.s
Não conhecia, mas fiquei curioso e vou assistir ao filme!
ResponderExcluirSabe Xará esta sua postagem me fez pensar sobre uma verdade.
Dizem que na época da ditatura, a vida era um terror, as pessoas tinham medo de tudo, e de todos.
Mas sabe o que eu reparei?
Parece que naquela época, as pessoas eram bem mais criativas, vivendo num mundo limitado pela ditadura e pobre de recursos.
O oposto dos tempos modernos, pois hoje gozamos de toda a liberdade, temos os recursos da informática a nossa inteira disposição.
No entato a criatividade parece que se tornou absoleta, ou acabou com a ditadura.
Mas este é um assunto para o outro dia, não é mesmo?
Fiquei muito curioso sobre este grupo e com toda a certeza , vou assistir!
Muito obrigado pela dica, querido xará e amigo virtual!
NAMASTÊ!
é demais! assisti aqui em ribeirão no cinema.
ResponderExcluirLindo, divertido, emocionante.
Uma verdadeira inspiração pra quebrar preconceitos e viver o que se é!
grande bjo Bratz!!
Não conheço, mas parece muito legal
ResponderExcluirvou baixar e assistir
valeu a dica
Me lembro vagamente...
ResponderExcluirFarei da seguinte forma, como deixou o link pra download, ja estou faznedo. Vou assitir, aí volto nesse mesmo post pra dar a minha impressão...
Li o começo do seu texto, e deixei assim...volto pra continuar. Ninguem manda vc instigar a gente a ver o documentario...fiquei curioso pra ver o q te emocionou...rs.
Abração.
Absurdamente magníficos no palco e na vida. Um marco, literalmente falando!
ResponderExcluirEu não conhecia, Paulo, e tem um monte de gente que eu admiro nessa ficha de elenco.
ResponderExcluirUm beijo.
Valew pela dica vou procurar e assistir :)
ResponderExcluirEu vi esse link, mas aqui algumas coisas são bloqueadas esse por exemplo, mas nem tudo está perdido procuro outro :))) bjs
ResponderExcluirAh, este eu vi no cinema. Adorei! E foi ótimo porque, até o filme, nunca tinha ouvido falar no grupo... belo resgate o filme fez.
ResponderExcluirAh, e já criei um perfil, tá =)
Xêrinho e até breve... aqui no Rio!
eu só vou dizer algo que comentei tempos atrás no meu blog...
ResponderExcluir"Quem viu Dzi Croquettes entente porque atualmente somos uma fração limitada e engessada de nossos próprios preconceitos..."
nem homem nem mulher! Gente!
acho que simplifica tudo !
bjo grande
assisti e amei!
ResponderExcluirprecurssoras, precisamos e de novos se possível!!
urgente!