sexta-feira, 3 de abril de 2009

Epifanias . Fragmento XIV


Na terra do coração passei o dia pensando - coração meu, meu coração. Pensei e pensei tanto que deixou de significar uma forma, um órgão, uma coisa. Ficou só com-cor, ação - repetido, invertido - ação, cor - sem sentido - couro, ação e não. Quis vê-lo, escapava. Batia e rebatia, escondido no peito. Então fechei os olhos, viajei. E como quem gira um caleidoscópio, vi: 


Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, 
criando sem parar Frankensteins monstruosos 
que sempre acabam destruindo tudo. 


Caio Fernando Abreu

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

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