Tinha muita gente em volta dela e a maioria com olhares esbugalhados.
Não era pra menos, não é todo dia que se vê alguém bater as botas assim, no meio da rua.
Muito menos quando a falecida exibe um traje tão excêntrico quanto aquela fantasia de sardinha. - Quando ouvi os tiros, me escondi na primeira lojinha que vi pela frente.
Só pude ver um carro bege, saindo em disparada!
- Ela tava atravessando a rua.
O carro avançou o sinal e parou bem ao lado dela.
- Eu estava bem ali, perto da banca de jornais.
Vi quando atiraram na coitada de dentro do carro. Foram 3 tiros, pobrezinha!
- Olha, eu tenho lá minhas dúvidas.
Eu nunca confiei muito nessa sardinha, viu!
- Eu também não.
Acho que ela estava envolvida no tráfico!
- Será?!? Mas ela trabalhava na peixaria Zé Peixão.
- Pura conveniência! Quem ia desconfiar de uma sardinha?
- É...
- Pois é...
- Que horror!
- É... O zum-zum-zum só aumentou quando a ambulância se aproximou do local, estacionou e expeliu alguns para-médicos.
Apesar dos avisos da população alvoroçada, de que a vítima já tinha feito a passagem, os homenzinhos de uniforme não deram a menor trela.
- Pessoal, vamos dar licença! Precisamos socorrer a vítima.
Não demoraram muito para notar que já não havia mais nada a fazer.
Estava mesmo, a estatelada sardinha, mortinha da Silva.
A polícia, nesse momento, também já estava por ali levantando algumas informações sobre o caso.
Observavam o corpo da vítima e conversavam com alguns dos presentes que disputavam para contar sua versão do bizarro assassinato.
Foi uma longa e inesquecível tarde pra aquela cidadezinha.
Os curiosos só arredaram pé dali quando o corpo foi recolhido, encaixotado e levado embora. Quem viu, conta até hoje a história da sardinha que, como tantas outras, acabou enlatada.
Blog Hamburguer com Goiabada
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
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