Edward Hopper (1862-1967)
Provoca uma certa melancolia, uma tristeza decadente - seguramente literária - como certas canções de entre guerras ou páginas soltas de Drieu La Rochelle, ver um homem só, afastado e distante, no balcão de um bar com uma decoração cosmopolita.
Nessa idade incerta, tão incerta como a luz ambiente, em que já não é jovem e contudo ainda não é velho mas traz nos seus olhos a marca da sua derrota quando com um gesto estudado acende um cigarro. Muitos copos e muitas camas, uma indubitável barriga mal dissimulada pela camisa, o tremor, não muito visível, da sua mão segurando um copo, fazem parte do naufrágio, da ressaca da vida.
Um homem que espera sabe deus o quê e, inspirando o fumo, olha com declarada indiferença as garrafas à sua frente, os rostos refletidos por um espelho, tudo com a particular irrealidade de uma fotografia.
E causa, ainda mais triste, um fundo suspiro reprimido, ver no fundo desse copo – mágico caleidoscópio – que esse homem és irremediavelmente tu.
Não resta então senão um sorriso céptico e distante – aprendido muito cedo e útil anos mais tarde –, e acabares a bebida de um só trago, pagares a conta enquanto chamas um táxi e dizeres-te adeus com palavras banais.
Juan Luis Panero
Bratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje ...
O tempo passa e ficam as experiência com cada um de nós ;)
ResponderExcluirO tempo é o regulador da vida e do viver. Por ele acumulamos nossas experiências e nossas histórias.
ExcluirBeijo meu caro amigo ...
Bom dia de domingo meu amado amigo!
ResponderExcluirQue lindo texto a escolha perfeita que nos faz refletir!
"Estrangeiro de mim mesmo"! O autor do texto tocou fundo né?
Uma lágrima quase despercebida veio me visitar!
Sutilezas da vida, ah, melancolia, essa pega de quando em vez!
Amei, amei também o novo visual do blogue, aqui é tudo tão alma, tão você!
Abraços bem apertados!
Obrigado amiga Ivone pelo seu constante carinho para com o Blog e também para comigo.
ExcluirComo o amigo Francisco disse o tempo passa e ficam nossas experiências e nossa história.
Por vezes, este processo pode ser nostágico e até mesmo doloroso, mas há que ser experienciado com profundidade
Beijo grande minha cara amiga.
Um excelente mini-conto...
ResponderExcluirNunca tinha ouvido dalar em Panero -- informei-me -- afinal, uma família
ilustre no domínio da Língua Espanhola!
O perfil muito bem traçado do homem de meia-idade, dominado por hábitos
vulgares... Parece haver uma esperança ao despedir-se de si próprio...
Um texto de grande qualidade, uma ilustração admirável e a sugestão
de um livro de poesia, num 'post' de muito bom gosto.
Uma semana muito agradável e bem aproveitada.
O meu abraço, Amigo.
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Ps ~ A 'selfie' está bem interessante!
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Majo, vokcê sempre atenta a detalhes e pequenos nuances que fazem toda a diferença. Coisa rara nos dias de hoje. Obrigado pelo carinho de sempre. Aprendi a admirá-la e muito.
ExcluirAbraços ...
Caro Paulo,
ResponderExcluirAs pessoas andam se fechando em suas "Zonas de Conforto", que em pouco tempo, transformam-se em "Zonas de Conflito", pois, contemplar a vida em solidão, muitos fazem mesmo estando acompanhados. Certo estava "Francis Bacon" quando disse:
"Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto!"
Um abraço!!!
Obrigado Douglas. Excelente percepção do texto.
ExcluirBoa semana para você.
Obrigado caro Emerson.
ResponderExcluirBom fnal de semana também ...
Olá, Paulo.
ResponderExcluirUm texto melancólico e profundo!
Também gosto de sentar-me em locais públicos, geralmente onde eu estou mais escondidinha, e observar o movimento, tentar adivinhar nuances das pessoas que passam.
Interessante esta sua perspectiva e reflexão. Gostei.
ExcluirBeijão
Gostei do que li
ResponderExcluirBeijinhos e bom fim dr semana
danielasilvaoficial.blogspot.com
Obrigado Daniela pelo carinho da visita e registro.
ExcluirBeijão