sexta-feira, 25 de junho de 2010

Falar com economia



O Facebook e o Twitter são mundos enclausuradamente abertos. Existe um eu hiper-enfático, numa arrogância existencial, como se o mundo girasse à volta do ego e se interessasse por cada passo, cada impressão ou cada sentimento do indivíduo. E assim se transformam os mais insignificantes pormenores do quotidiano em algo digno de ser noticiado e comentado, muitas vezes numa voluntária abdicação da privacidade.

Essa abdicação da privacidade transforma estes mundos em algo exemplarmente aberto, de entidades desprotegidas de capas, segredo e mistérios, iludindo-nos com uma transparência que, evidentemente, nunca chega a ser efetiva. Os programas em causa espelham uma necessidade de comunicação, de exasperadamente alcançar o outro, numa sociedade que, segundo se diz e se queixam os analistas, perigosamente se fecha. É essa bipolaridade que torna a coisa interessante: estes cibernautas ao mesmo tempo que se fecham percorrendo com o teclado todos as saliências dos seus umbigos, exibem esplendorosamente o umbigo ao mundo, sobrevalorizando-o para bem da auto-estima.

O Facebook e o Twitter são ou podem ser, claramente, mais do que isso. É um meio de comunicação totalmente novo com potencialidades brutais. Que de outra maneira se poderia comunicar como 50, 100, 200 ou mil pessoas em simultâneo? É uma forma de estar diferente. Há amigos do Facebook que quando se cruzam na rua fazem de conta que não se conhecem, porque, simplesmente, não têm nada para dizer um aos outro. E há outros que se tornam amigos no Facebook. Enquanto as instituições já se aperceberam da importância que os meios estão a adquirir e investem massivamente. Mas o balanço é positivo. O Facebook e o Twitter aproximam as pessoas, num mundo cada vez mais distante.

É rigorosamente o que penso. Mesmo em relação à blogosfera, descontando os amigos que gentilmente nos acompanham, quantas vezes surge a dúvida sobre se este gritar para as estrelas não é, afinal, uma manifestação de hipertrofia do eu.

Houve tempos em que o próprio papel era caro. As pessoas aproveitavam-no e as cartas eram escritas quase sem margens, quantas vezes quase de um lado e do outro da folha. Reversos de fotocópias eram lugar ideal para escrita econômica.

Hoje, com os meios poderosos da tecnologia, posso lançar para o Espaço a minha biblioteca de inutilidades, o manancial da minha insignificância. Mais: pensar que assim se salva o mundo e se granjeiam amigos. Arrogância existencial, eis!



Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

20 comentários:

  1. E o melhor é que dá pra fazer amigos que pessoalmente nunca seriam seus amigos. Amigos só de Twitter ou só de Facebook. Mas é normal, não? Como amigos de escola ou amigos de futebol. Só os espaços que são diferentes.

    Ai, que didático eu. Tô parecendo lady.

    Kissu!

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  2. acredito estarmos numa fase de transição, em que o novo é usado de forma ainda não ideal. Questão de tempo.

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  3. Eu não consigo mais escrever a caneta. O que era prazeroso se tornou um fardo. Psicologicamente minha mão começa a doer e esqueço as palavras. Uma pena, porque era lindo enviar e receber cartas pelo correio.
    Eu tentei o facebook e não consegui. Não rolou pra mim! O que na verdade é um alívio. Não dá pra cuidar de 3 filhos sozinho.

    bj

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  4. Entendo que as coisas são exatamente por aí ... uma fase de transição onde fórmulas novas e espaços alternativos de comunicação senos apresentam ... todos possuem a sua validade ... cabe a nós aprendermos a utilizá-los da melhor maneira possível ... Já imaginava a polêmica q o texto causaria, portanto fica aqui registrado a minha percepção sobre a questão que, até o momento, corresponde aos posicionamento do Gui e do AD ...

    ;-)

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  5. otimo...
    se nao fosse a blogosfera nao teria te conheci neh?
    bjus...

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  6. Não consigo twitter. É muito pouco caracter.

    Mas é a tendência mesmo. Tudo que é novo e emplaca, demora um tempo para que se apareçam os bons frutos... e os podres tb. Não sei como povo da conta de 50mil seguidores no twitter. Mal dou conta de 40 aqui no blog...

    Beijos Paulo!

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  7. Li, dia desses, no Twitter, uma definição interessante, de um usuário (que, infelizmente, não lembro quem) : "Adoro ter meus monólogos interrompidos por quem também não tem nada a dizer."

    Rs

    Eu acho divertido, brinco por lá, quando sobra um tempinho. ;)

    Beijo, beijo.

    ℓυηα

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  8. Sabe realmente é um mundo meio distante,
    as pessoas deixam de flaar pessoalmente com alguém para falar por msn. Ao memso tempo que a internet ajuda em certos aspectos ela distancia em outros.
    É uma fase que axo que se estenderará por muitos. eu ainda sou adepta a ir a biblioteca ao invez de ser sempre na internet, prefiro cinema ao invez de sempre baixar, escrever cartas ao invez de mandar um e-mail ou um scrap no orkut, inclusive farei isso nosabado vou entregar uma carta a uma amiga de aniversário e mandei para uma pessoa que mora nos EUA sendo, aidna acho legal essas coisas, mas a cada vez q a nova geração ja esta nessa, ai para optar por uma coisa masi 'antiga' será bem complicado.
    Eu tenho twitter que é sei la praticamente pra nada, soh para falar, senod q nem sei se leem, mas passo a maioria do tempo só, é como uma ilusão de que alguém te ouve, o fecebook é só para jogar hahaha, a unica coisa que eu sustento é o blog mesmo, apra expor opnião e saber das dos outros, acaba nascendo um vinculo mais n sei se é amizade mesmo creio qeh soh nesse mundo internetico.
    Ops desculpe saiu grande de mais rs

    beijos

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  9. Seria bobagem desconhecer o papel da tecnologia na aproximação das pessoas, todavia para mim, ainda continua sendo uma coisas fria, sem emoção, pois falta o olho no olho e o toque, tão necessários para se transmitir carinho.
    Bejux

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  10. Não gosto da limitação que o Twitter estabelece...nunca gostei de poucas palavras.

    Abraços
    de luz e paz


    Hugo

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  11. Nem tenho twitter...
    mas que furada aquela do "dia sem Globo" heim? ainda mais em dia de jogo do Brasil... Já imagionou o sucesso que isso fez né? Aff...

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  12. Nossa, que texto rico! Adorei!
    Confesso que tentei aderir ao Twitter, mas sinceramente, não é a minha praia. Não consegui.
    Muito bem colocada a questão do 'somos amigos, amissíssimos, no Facebook e Twitter, mas pessoalmente, não temos o que falar, não conseguimos nos comunicar.'
    Vivemos em tempos de dura solidão, apesar das tecnologias e muitos amigos virtuais.
    BjO*

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  13. É muito estranho mesmo esta idéia de que eu quero saber sobre "Fuii ao banheiro defecar".. sei lá 140 carcteres é tão difícil pra mim! Entrei há pouco tempo no facebook, mas tô achando um saco, muita gente, muita coisa inútil. Acho que o meu negócio virtual é mesmo blog, ah e MSN (ainda não nos encontramos!) Bj

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  14. Oi meu querido, eu nunca visitei o twiter, nem sei como funciona aquilo, só ouço falar.
    Tenho facebook, mas mal vou lá.
    Agora o que eu gosto mesmo é do mundinho da blogosfera.

    Mas como diz o Wanderley, nada como cara a cara, olhos nos olhos...ah isso sim é bom por demais da conta.

    Beijos enormes pra você.

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  15. Tenho ambos, porém, não dou a importância que eles acreditam ter. Entro de vez em quando e só aceito quem acredito que valha a pena. Tenho poucos seguidores em nos dois.
    Prefiro os blogs, espaços para boas ideias.
    Bj.

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  16. Acho que concordo com você, Paulo, especialemente no ponto de que coisa inúteis se tornam dignas de serem "noticiadas" aos outros...
    Abraço

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  17. não sei se tenho mais paciência pras futilidades do twitter ou os jogos do facebook
    rs

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  18. paulinho, paulinho toma jeito menino. Prefiro meu gato coxudo aqui de casa, mas se não tivesse ele diria: ui que delicia de post.

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  19. Great article Thank

    you so much!

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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