quinta-feira, 19 de julho de 2007

Perfil de um Filósofo

Escrever não é uma coisa fácil, mas poderia ser se me questionasse menos.
Sabe, a minha cabeça às vezes me prende e eu me vejo pensando, pensando, analisando.
Não tenho a simplicidade para só ter a mim e ao momento.
Não sei, mas sempre sinto uma reserva sutil, um receio qualquer. E não quero que seja assim.
Quero que a voz original, que é linda, chegue até as pessoas sem subterfúgios, sem cortes ou censuras.
Mas isto é extremamente difícil...
Não alcanço ainda a simplicidade, a liberdade real onde se flutua acima das circunstâncias e dos pensamentos que condicionam as atitudes.
Quero deixar que a vida me arraste. Tornar-me leve o bastante para ir no vento ou fluir como o rio.
Vou então aos poucos me ensinando a viver em perspectivas de infinito, sem estar me debatendo nos limites das situações.
Por isto, ando a procurar em mim, maiores espaços para olhar, para ver a beleza sem reservas, que pode estar além dos meus olhos.
Espaços onde estão contidas manifestações puras e verdadeiras, embaladas por emoções e desejos inexprimíveis ao nível do diálogo.
Resolvi então escrever e colocar, meio que solto, alguns dos meus delírios.
Não os tenha por simplesmente matéria; não, eles não são assim; foram escritos com uma dose de emoção, uma pitada de desejo e uma porção de verdade.
Pretensões poéticas? Nenhuma.
Apenas manifestações esparsas, movidas por tremores interiores. Mas gosto disso; ir soltando as coisas sem pressa, mansamente, com a certeza de que as emoções não se diluem com o final das horas do dia.
Sabe, também estou feliz. De vez em quando grito. Mas não grito alto não.
Eu quero um montão de frases curtas. De parágrafos também. Só a metade, o resto seria luz (branco)... Isto é bonito.
Olho pela janela e vejo as estrelas, a noite não está fria e eu penso.
"Vontade de ter um gato que não fosse chato ou um rato de nome Bisqui. Um filme para ver, uma boca para beijar, um sonho para sonhar".
Mas percebo que tudo está em seu lugar: lua, gente, barulho, crianças, guardas, pó, ecos, vento, árvores, casa, jardins. Reflexos e imaginações de vida.
Acho melhor parar por aqui com isto. Vislumbro uma tangente em minha direção. É um fogo. As palavras são como fogo, e as tangentes simulam verdades.
Mas é bom. É bom dizer coisas soltas!
Sinto que me disparo num vôo louco e calmo...
Sabe, de repente percebo que sempre sentirei saudades. É um negócio bonito: como se fosse eterno... É que a memória eterniza os momentos que são belos. São luzes que brilharão para mim em momentos inesperados e eu me sentirei bem...

** enfim... tentei colocar um pouco de mim...


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

3 comentários:

  1. Que bacana a entrevista para o António e com ela a possibilidade de vir aqui conhecer onde tudo começou. É, o vôo que você alçou já está hoje em altitude de cruzeiro, firme e forte, e os horizontes são magníficos! Beijo!

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  2. Uaauuu, que bela confissão, vou comentar só para dizer que te leio desde essa época tá hehee, mas na verdade vim da entrevista e como sou muito curioso. Senti uma ansiedade grande nesse texto, e posso até dizer que ainda tenho muito disso, dessa procura pela perfeição, pela fluidez da vida, das palavras, das coisas... bom, espero que já tenha alcançado algum lugar melhor!!! Bjuuu!!!

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  3. O primeiro... Ai que emocionante. Mal consigo esperar para vê-lo escrever as suas impressões diárias.
    BEijos

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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