Início de madrugada, de uma quinta-feira qualquer, telefonemas breves, passagem rápida para encontrar um dos amigos e saímos com o objetivo de beber uma cerveja – uma só – somos quatro, todos com mais de “trinta”: Um no início, outro no meio, e um representante do finzinho dos 30; o mais experiente contabiliza 41 anos (há pelo menos 04 anos o conheço e sempre a mesma idade, enfim...). Rasgamos a rua, caminhando lado a lado com passos sincronizados bem no meio da via, rindo alto e comentando o noticiário particular em comum.
Vindo na direção contrária um homem, que ostenta o epíteto “Chacal”. Ele olha o grupo, sorri maliciosamente, balança seu corpo e afirma com uma voz deliciosamente lasciva: Vocês hein, o Quarteto da Orgia.
Confesso que ao ouvir a designação me senti como uma prostituta barata, de bota cano longo, minissaia e cigarro na boca coberta de batom vermelho.
Estou seguro de que nunca integrarei uma orgia, sou careta e até um tanto “conservador” – mas o curioso é a percepção do Chacal à lascívia do grupo, que é verbalmente sexual.
Chegando ao “Zueira” (boteco que fica aberto a madrugada toda, todos os dias da semana), o que era a percepção de um notívago se materializa fisicamente.
Ao cumprimentar um amigo, este me abraça forte e me suspende pelas pernas até a altura de sua cintura, de forma violenta e ao mesmo tempo casual.
Os próximos minutos, enquanto a cerveja não acabava, foram sucessões de pequenas perversões:
Expulsão de uma bêbada (mal vista por alguns do grupo), o rapaz preferiu ficar com o Quarteto da Orgia, e falava isso em tom debochado para a rejeitada e inconformada mulher.
Vídeo pornô caseiro exibido para todos. Simulações de brigas por ciúmes, um pênis fora das calças em frente à mesa e todos, e a garrafa de cerveja ainda com conteúdo gelado.
Comentários maliciosos diversos, mordida no queixo, tapas nas coxas, brincadeiras de duplo sentido e olhares, olhares diretos nos olhos, sorrisos tímidos e as vozes dos homens a cada momento mais presentes e embaralhadas, graves e estridentes.
Na primeira sugestão em ir embora me levanto da cadeira e me despeço de longe – com o clássico tchauzinho de miss. Na segurança da minha casa, respirei aliviado pela não realização da profética frase dionisíaca. Perdoem-me as bacantes, mas de dissoluto só tenho a imagem.
Giuliano NascimentoBratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje ...