segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Observando, assim, de longe!



O preâmbulo desta série de postagens poderá ser visto clicando aqui.

Negação. Apesar da experiência acumulada entre tantos encontros e desencontros ainda tento me enganar e, mesmo contra as evidências, finjo indiferença e não aceito este estado emocional (e condicional) que tão vulgarmente é alardeado: Apaixonado...
Por mais que os olhos marejem, o pensamento me traia e o rosto “dele” esteja por todos os lados eu me armo de uma indiferença disfarçada e resgato a altivez de outrora. “Não, eu não estou apaixonado”. Encubro o óbvio com um verniz aquoso, mistura decadente de segurança e autossuficiência. 
É apenas mais uma tempestade e eu, o sol, vou continuar brilhando sem a necessidade dessa nova luz – a dele.
Perder o comando dos meus desejos, ser invadido pelo outro, buscá-lo no travesseiro, acordar quase sufocando e sempre ver a mesma face risonha daquele que amo – mas não assumo. 
Não é para principiantes a desdita de se apaixonar assim, mas quando o desespero enfim lambe todo meu corpo caio prostrado diante de mim, e só de mim.
Não consigo encarar a derrota, perdido em um campo estéril eu grito, cravo as unhas na pele e me contorço a fim de me transformar, mas quando a garganta já não mais aguenta é o nome daquele que tem de ser meu que brota entre meus lábios desejosos, só dele. Minha água, ar, alimento, rotina, sono, chão ... Tudo é ele, e neste momento (meu e de mais ninguém) rasgo meus joelhos em prece seja lá para quem for e ainda tento negar, mas é tarde não há mais razão para lutar, não há vida nem mesmo morte, só há ele. Ele está em mim, e eu sou uma sua cicatriz de infância esquecida pela presença constante e não importante. Dizer que o amo, talvez a solução para extirpá-lo de mim... Mas o tempo das palavras amenas, sorrisos bobos e um encantamento quase tátil se foi. Perdi a exatidão daquele momento que seria definitivo, no qual a resposta me elevaria e nosso sorriso seria um mesmo sorriso e descansaria num beijo. Agora ele se foi, apesar de sua lembrança estar me acompanhando constantemente, tal qual um cachorro vadio ao seu dono. Amo-te não mais consigo negar, mas cabe agora ficar quieto e não bagunçar sua vida com minha risível pretensão fora de hora, resta-me te olhar assim de longe e sofrer a falta sua e daquilo que poderíamos um dia ter sido. Quero você feliz, tanto quanto ainda quero te fazer feliz, mas peço que sua felicidade - com o passar do tempo - não me doa como agora. Ver você feliz é ter uma lâmina voraz dançando no meu corpo, mas esta agonia é nada perto da imagem de tristeza que te assombra. Que a dor seja lancinante, eu suporto. Só não consigo te imaginar triste e sem amor, mesmo que não o meu.


Bratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje ...

10 comentários:

  1. Olá, Paulo!
    Apaixonar-se não é bom. Estive apaixonada duas vezes na vida, e não gostei. É angustiante, principalmente se não somos correspondidos. Minha primeira grande paixão morreu - literalmente, e a segunda, casei-me com ela e ela acabou se transformando em algo mais tranquilo e suportável.

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    1. Eita! Alguém finalmente que pensa como eu. Apaixonei sim, digamos que por 3 vezes. Nenhuma das vezes foi assim tão bom. Uma das vezes rendeu uma relação de 42 anos assim como a sua, algo mais tranquilo e suportável.

      Beijão

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  2. Olá,querido Bratz...por vezes, quando somos "acometidos" de paixão/amor perdemos o controle da situação e ficamos altamente manipuláveis,mas o personagem - acima- está bem cônscio e tem até um viés incondicional na sua forma de amar, não espera nada em troca e prefere observar de longe para não bagunçar a vida do amado com uma pretensão fora de hora...bom começo de caminho para ser correspondido...um dia!
    Obrigado pelo carinho,feliz semana,belos dias,abraços!

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    1. Em um mundo permeado pelo egoísmo, atitudes assim são raras e elogiáveis. Beijo grande e boa semana amigo Felisberto.

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  3. Que lindo texto/poema, envolvente, romanticamente bem escrito, os sentimentos, entre os mais doídos com certeza é a paixão, essa que fere, machuca, se for uma paixão mal resolvida então, nossa, continua por toda a vida e é muitas vezes um sentimento confundido com amor, amor/paixão!
    Aqui nos mostra, nessa bela escolha do texto,além do amor/paixão, a abnegação, aí sim é que prevalece o amor, ah, o amor, lindo demais!
    Amei ler meu amigo mais que querido, Paulo!

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    1. Pena que as pessoas confundem amor com paixão e daí sofrem. A paixão é para ser experienciada e o Amor para ser vivido.

      Beijo grande Ivone ... te adoro ...

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    2. Também te adoro, tens uma linda energia que capto daqui,rsrs! Abraços apertados!

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  4. Será que alguém fica feliz que outra pessoa tenha um amor que não um seu estando apaixonada por ela? Não sei não...

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    1. Uma questão difícil esta! Mas fazer o que além de encarar esta verdade não é?

      Beijão

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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