O preâmbulo desta série de postagens poderá ser visto clicando aqui.
Uma notificação e muita falta de vontade, respondo talvez com alguns dias de indiferença a impessoal mensagem – educação diante da irrelevância. Apenas mais um rosto bonito, entre tantos, nada além de uma estranheza entre os ícones de notificação do smartphone. Com algum espaço de tempo duas (quem sabe três?) outras novas notificações do mesmo perfil, e minha mesma disposição. A porra do alarme não tocou- não o do smartphone e sim o meu - não me preveni e o perigo se aproximava a passos calmos. Sem perceber eu me perdi.
A culpa, o vacilo, o primeiro olhar, o selo da carta do suicida, tudo minha responsabilidade: “Desdita hora em que dei like na imagem sorridente”, ainda lembro a #tag que me fez esbarrar naquele que hoje eximo de culpa. Mas o desejo me guiou, desejo bobo, desejo mecânico, sem propósito de ser, desejo, talvez...
Se o poeta afirmou que as cartas de amor são ridículas é porque não sabe o quanto risíveis e medíocres são as mensagens por rede social – a tecnologia a serviço do vexame e exagero.
Poderia eu justificar minha queda exaltando o quão belo é o objeto do meu desejo, o ideal grego com um beicinho perfeito e a voz que me acalma – sim neste ponto já estamos a conversar por horas via ligação de voz (a primeira durou exatas 2 horas e 23 minutos) logo eu que odeio falar ao telefone, mas não vou me ater ao ideal de beleza alcançado, porque por mais insano que pareça não fazia a menor diferença. Ele é mais do que um pedaço de carne, por mais que ele sempre se colocasse como tal – pobre menino.
Sexo, discussões ferrenhas, preocupação em excesso, doses de ciúmes, suspiros, ansiedade, uma nossa música, e até um pedido de namoro, isso tudo e outras tantas coisas nossas (minhas?) fizeram parte do turbilhão desse improvável encontro.
Hoje me cabe a vergonha. Não sei lidar com minhas imperfeições e não aceito ter me comportado como um completo idiota que se apegou a uma fantasia construída deliberadamente com o objetivo de nunca de verdade ser ou talvez (quem sabe?) de entreter – nem isso fui capaz.
Sigo a timeline, que é vida também, com algumas escoriações, ainda mais descrente nas possibilidades, e mais fervoroso e fiel ao medo – não me abandone e me faça ouvir o alarme.
E o menino de pijama azul ainda está aqui, não consegui soltar sua mão e o deixar ganhar o mundo e só assim perder o medo de ser feliz e fazer, de verdade, os outros felizes. O menino ficou e o homem partiu para mais uma fantasia; que ele reencontre com o menino e seja quem sabe inteiro.
Bratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje ...
Eu acho que esse texto é triste...
ResponderExcluirA mim passou um pouco de melancolia!
ExcluirBeijão
Amigo querido, esse texto é lindo, pois em momentos assim, nostálgicos, que são os mais criativos, pois não há quem nunca sentiu tudo isso, uma certa melancolia que inspira!
ResponderExcluirBela escolha de texto, o escritor passou o que queria passar, nos tocar, triste sim, mas há na vida momentos assim, em todas as almas, não há como escapar!
Amei ler, muito bem escrito por sinal, parabéns ao escritor e à você que o aprecia!
Abraços apertados!
Sim Ivone! Giuliano tem o dom de retratar em letras simples o íntimo comum a cada um de nós.
ExcluirObrigado e beijão amiga!
Olá,Bratz...por vezes, temos vontade de soltar o menino de dentro e fazer, de verdade, os outros felizes e perder o medo de ser feliz e sermos completos,mas,nem sempre é possível ...Belos dias,abraços!
ResponderExcluirQueridão, talvez esta seja a grande vantagem de se chegar à minha idade. Isto tudo se torna possível sem maiores problemas, a não ser o fato de alguns ficarem te olhado com aquela cara de quem pensa: O Véio tá Gagá! kkkk
ExcluirBeijão
Gosto muito, identifico-me bastante com esta estória, mas espero que a minha tenha um final mais feliz...
ResponderExcluirAbreijos :3
Bem! O final de nossas histórias depende só de como nós as escrevemos! Não é? rs
ExcluirBeijão querido João
Quando perdemos o menino que há em nós, perde-se quase tudo. Se dizem que todos nós temos uma criança dentro de nós, não é por acaso. Há coisas que deverão sempre fazer parte de nós.
ResponderExcluirPerfeito meu caro! Nunca perdermos esta dimensão.
ExcluirBeijão