Em
1988 o jovem promovido carimbava requisições de materiais no almoxarifado para
o controle dos pedidos que lhe impulsionavam o cotidiano enquanto respirava o
pó de aço que em pretejava sua gola e seus punhos de camisa na
repetida firma de seu dia a dia, e aos trancos carimbava seus reclames do
excesso de pedidos sem assinatura que ele rejeitava para o honesto serviço do
progresso. Apesar de funcionário novato já era a hora certa de reclamar ao
chefe o que ele não podia aceitar: requisições que pediam de mais, parafusos e
molas em quantidade absurda num papel sem assinatura que ele no
computador não poderia lançar, mais fácil usar a boa e velha caneta que
escrevia as peças nas fichas de inúmeras gavetas enfileiradas num arquivo
de fichário cinza e enferrujado, lá tudo se pode concertar no próprio punho
para a caneta cega que refaz as contas sem ofender ninguém. "engenheiros
irresponsáveis ou operários analfabetos que não pensam no que é certo ou que
não sabem escrever o nome". Calma,
dizia o chefe, no final do mês a conta fecha. Olhe, abriu sorrateiramente a
porta do setor e mostrou para impressionar o jovem uma imensa garra comandada
pelo motorista que do alto da torre descia a mão de aço que tomava a sucata de
alumínio e ferro. Mas impressionante mesmo era o imã que com seus cabos de aço
desciam próximos aos vagões lotados e, como mágica, fazem flutuar toda a sucata
até o gigantesco forno, queimava em alto grau derretendo todo o material para
fabricar o aço em lingotes flamejantes vermelhos e alaranjados, fogo que
transforma o sucesso no progresso de toda nação. Lindo, ou não. Só o
ferro e o fogo não bastam, pois não são capazes nem de assinar para assumir as
atas, um dia tudo sai do controle, pensou o jovem auxiliar de escritório dois,
número registrado para diminuir seu salário. Eu assino, disse o chefe. O
rapaz debruçou-se sobre a mesa como uma secretária, curvou-se apoiando os
cotovelos, enquanto o chefe em vez de assinar tocou suas nádegas, assinava com
as mãos, os dedos, colocou um, dois, e depois a língua, fartou-se entre as
pernas como quem lambe os lábios de uma vagina. Sentiu o gosto de comer
uma bundinha jovem e lisa, abriu a gaveta e retirou uma calcinha, vestiu
no jovem menino que estreava seus 18 anos abraçando seus mamilos,
virou ele sobre a mesa, mas era cedo para isso, ajoelhou o jovem então no velho
assoalho que com suas mãos sujas de carbono roxo engoliu o pênis do chefe como
uma, duas, três vias, de um registro feito de saliva, escorrendo pelo
canto da boca que mal fechava, pelo pênis largo e grosso até a
garganta silenciando o gosto, a fala, senão pelo joelho no velho assoalho que
rangia, nunca foi trocado, madeira tão antiga quanto a poeira daquela firma.
Insistiu o chefe, deitou o menino como uma menina sobre a mesa que abria as
pernas para ser penetrado como um lingote de aço ... foi. Respirou com
o pênis dentro o ir e vir de um sentir em demasia. Deu uma última
estocada beijando-lhe a boca, os mamilos, as coxas ... e ejaculou,
...livre! Então, descansados, perguntou: é sempre assim, você menino de menina.
-Sim. -E não faz o papel de macho? -Não, que pergunta indecente. -Por que, você
é crente. -Não, apenas sinto assim. -Assim como? -Feminina. -Como um menino de
menina. -Não, como um rapaz de alma feminina, eu sou ele de ela. -E você
assina. -Não, alma não fala, senti. -E o que garante que o teu sentir é de
menina? -Nada, talvez por convicção. -Então você também não assina. Assim,
o chefe apagou a luz do setor, olhou para o computador com tristeza de um progresso
que logo substituiu os fichários, mandou embora os funcionários e suas
convicções no kardex-almoxarifado e ainda trocou os
tornos mecânicos por tornos computadorizados, desistiu o
jovem do seu curso de processamento de dados e foi estudar teatro, mas até
hoje, como cultura-funcionária de um funcionário, vive no pulmão do jovem
promovido, "o velho pó de aço".
Bratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje
Li esse conto no blog dele. Ele tem jeito para a escrita.
ResponderExcluirBeijos Paulo
e como tem!!!
ExcluirExistem escritores tão talentosos sem divulgação que acho foda quando um livro de merda faz sucesso. Estou lendo uma coletânea de contos gays que está me deixando bem feliz.
ResponderExcluirO texto é bem legal. Parabéns para o seu amigo.
bjão!
ele e tantos outros são muito bons mesmo na arte ...
ExcluirPutz, ele escreve super bem, gostei muito.
ResponderExcluirEu já não sei escrever assim, só rabisco rimas...rsrs.
Beijos Paulo querido.
cada um tem o seu estilo querida ... vc tem o seu e é bom nele ...
ExcluirMuito bom o texto... mas temos que ler com mais calma, ou mais avidez, não sei. Desvendar os sentidos das palavras nem sempre é muito fácil.
ResponderExcluirBeijos.
com certeza querido ... acho que o texto requer mais avidez ...
ExcluirÉ um texto de tirar o fôlego... daqueles que não dá pra ler direto, sem pausas. Muito bom!
ResponderExcluirBeijos.
de tirar o fôlego! vc definiu bem ...
ExcluirIsso nem é para ler... é para saborear... palavra por palavra! Djuro! Bjs!
ResponderExcluircom certeza queridão ... cm por cm ... seria melhor não? rs
ExcluirSei lá... Não curti muito não. Será que estou azedo??
ResponderExcluirAlguém por aí deve estar dormindo de calcinha! AZEDO por demais ... rs
ExcluirConheço o Julio. Sempre com comentários profundos e reflexivos. Não imaginava que ele também podia nos proporcionar reflexões mais interessantes ainda.
ResponderExcluirParabéns, Julio [e ao Bratz também]
Bjaum.
Sim, adoro a veia contista do Julio ...
ExcluirPerfect...
ResponderExcluirViajei aqui no conto... Muito bom...
Abraços garotão!!!!!!!!
Uma viagem e tanto né querido?
ExcluirAgradeço os comentários de todos, e especialmente ao Bratz, que de tão generoso fez dele um especial amigo. beijão à todos e muita saúde.
ResponderExcluirNada a agradecer queridão! Eu é que agradeço por nos brindar com esta preciosidade. Fica bem logo. Beijos
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