segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Último Retrato de Juventude



Faz quase três anos que não escrevo poemas, abandono-me, apenas leio; não me cultivo nem me informo. Sinto dentro de mim uma espécie de vazio que avança – e não me assusta – como um rio de lava; ou melhor, como um deserto que vai ganhando mais e mais terreno ao calcinado bosque, ontem tão vivo. 
Sonho pouco. Desejo o necessário.
Não tenho nada, e nada de extraordinário espero doravante. Não desfruto do prazer de viver. 

Observo a vida com reserva e distância. 

Cada dia me consentem os anos menos fantasias. 

Javier Salvago

Paulo Braccini

enfim! é o que tem pra hoje ...

domingo, 30 de janeiro de 2011

Jogo dos 3



Quem me passou este jogo foi o Diego do Blog Reflections from a Twisted Mind. Segundo as regras eu tenho de postar uma foto responder algumas questões. Obrigado ao Diego pelo cariinho. Vamos lá: 

1-Três palavras que melhor me definem: 
- Solidário 
- Bem Humorado, como já disse, desde que não me irritem - rs 
- Amigo 
2-Três pessoas importantes: 
- Mamys 
- Marida 
- Amigos 
3-Três objetos que você encontrará no meu quarto: 
- Minha cama 
- Meu pijama 
- Meu travesseiro
4. Três coisas que não sei fazer: 
- Cozinhar 
- Ser hipócrita 
- Desenhar 
5. Três coisas que faço bem: 
- Escrever 
- Falar 
- Organizar 
6. Três coisas que eu detesto: 
- Hipocrisia 
- Incompetência 
- Bagunça 
7. Três sentimentos: 
- Amizade 
- Alegria 
- Solidariedade 
8. Três músicas: 
- Proud - Heather Small 
- Save the last dance for me - Michael Boublé 
- Dama do Cassino - Jussara Silveira 
9. Três comidas: 
- Carne - Picanha 
- Pizza 
- Sanduba 
10. Três bebidas: 
- Pinga 
- Wisky 
- Coca 
11. Três amigos: 
- Wanderley 
- AD 
- Bruno 
ps: estes representando todos os outros 
12. Três cores: 
- Azul 
- Preto 
- Verde 
13. Três fotos: 
- Eu só 
- Eu com a marida 
- Eu com os amigos 
14.Três lugares: 
- São Paulo 
- Buenos Aires 
- Aracaju . AD+ 
15. Três gestos: 
- Beijo 
- Abraço 
- Carinho 
16. Três datas: 
- 23/12 
- 30/11 
- 26/09
17. Três coisas que eu nunca faria: 
- Deixar de ser o Bratz  
- Abandonar meus projetos 
- Casar pela segunda vez 
18. Três pessoas que marcaram minha vida: 
- Marida 
- Minha irmã Dulce
- Rogério [meu terapeuta de tempos atrás] 
19. Três filmes: 
- Berlim Alexander Platz 
- Bent 
- Querr as Folk [série] 
20. Três coisas que vou fazer antes de morrer: 
- Viver intensamente 
- Viajar muito 
- Fortalecer minhas amizades 
21. Três coisas erradas que eu já fiz: 
- Não dizer NÃO quando necessário 
- Assumir responsabilidades que não eram exclusivamente minhas 
- Não ter ido morar sozinho 
22. Três animais: 
- Cães
- Pássaros 
- Peixes 
23. Três personagens: 
- Brian - Queer us Folk 
- Jasmim - Bagdá Café 
- Franz Biberkopf - Berlilm Alexander Platz 
24. Três coisas que fazem meu dia feliz: 
- Um bom sexo 
- Um bom filme 
- Uma boa música 
25. Três coisas que me fazem chorar: 
- Saudade 
- Violência 
- Felicidade extrema 
26. Três coisas que eu fiz nas ultimas 24h: 
- Sexo 
- Bloguei 
- Ouvi música 
27. Três abençoados para participar da brincadeira: 
Todos os amigos leitores do Enfim que se interessarem


Outro selo conferido ao Enfim ... pelo mesmo Diego: Este Blog é um Doce. Neste a solicitação é que eu fale 09 coisas de mim, como já falei 27 não vou encher mais o saco de voces com coisas do Bratz ... rs




Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Tarde


Esta é uma tarde completa:
mil cacos de solidão.
Eu conto
eu comparo
eu formo
eu junto.
Estas são as minhas mãos nuas
numa mesa nua e triste.
Tento fixar este instante,
este fragmento de tempo, dissecá-lo completamente.
Tenho os olhos bem abertos.
Sinto o áspero e louco toque
da solidão.
Um sol branco, solitário e enlouquecido
está suspenso
no céu branco.

Vasant Abaji Dahake

Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Direitos


Mandrag Ythén é um blogueiro que assim se descreve: “Provenho de Lokmar e encarnei em África. Fui desterrado para Portugal aos 10 anos de idade, onde permaneci em exílio forçado durante 41 anos. Agora sou um cidadão do Mundo. Seu Blog Confessium vale a pena ser conferido. Destaco aqui esta percepção contundente sobre Direitos e Liberdade de Escolhas.

“Sem dúvida que todos têm direito a ter direitos. Mas quantos saberão o que são os seus direitos? E qual o preço (para si e para os outros) desses direitos?
Todos reclamam dos seus direitos, os adquiridos e os presumidos. Todos acham que liberdade é ter direito a tudo. Mas a ignorância leva a que se reivindique o direito à sua escravidão e dos outros. É um jogo viciado que acaba sempre a favor de quem está no poder: a classe dominante.
O direito a ter casa própria ou o direito a ser refém/escravo da instituição bancária que lhe emprestou o dinheiro (e que em verdade é o proprietário do imóvel)? E neste se inclui o direito a ter carro, ou todo o tipo de modernidades dispendiosas que todos crêem como indispensáveis e só podem aceder através de endividamento.
O direito ao trabalho ou o direito a ser escravo do empregador, sujeito às condições que a este mais lhe convêm de modo a obter o maior lucro?
O direito à liberdade de expressão ou o direito a falar todas as alarvidades impensadas que uma mente conturbada exprime através dum discurso impulsivo e irresponsável?
O direito a seguir uma religião ou o direito a se submeter ao jugo duma elite que nem sempre é muito clara nos seus propósitos?
O direito à justiça ou o direito a ser punido por uma lei feita pelos dominantes, com o fim último de proteger os interesses desses mesmos?
O direito à paz ou o direito de ser enviado para matar gente com quem nunca teve nada que ver na vida, senão o fato de serem outros escravizados como o próprio?
O direito à segurança ou o direito de viver vigiado e encarcerado no seu próprio quotidiano, como se dum assassino implacável se tratasse?
O direito à vida ou o direito de se arrastar numa ilusão de perseguir uma felicidade que nunca se chega a materializar definitiva?
O direito à saúde ou o direito de ser vítima dum sistema farmacêutico/hospitalar sem escrúpulos que não tem outro propósito senão o de rentabilizar os investimentos dos seus acionistas?
O direito à auto-afirmação ou o direito a espezinhar os outros em proveito dum orgulho ressabiado?
E muitos mais direitos a que todos se arrogam por viverem em democracia. Será?”

Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Essa Merda Toda



Essa merda toda me cansa. É. Me cansa! Tenho vivido bem. Tenho convivido bem, mas certas coisas ainda rondam minha mente. É aquele tipo de coisa que não serve pra merda nenhuma, mas que continua ali imóvel, sem serventia alguma, apenas pra te lembrar: “Ó. Ainda estou aqui” seria mais fácil se pudesse enfiar uma bala na cabeça matando de vez todo e qualquer tipo de lembrança, mágoa, ressentimento, rancor, decepção e uma série de coisas. Mas consequentemente eu acabaria me matando se fizesse isso. Pois bem, não é uma boa idéia. Aí eu acendo um cigarro. Caminho até a varanda. Olho aqueles prédios, sinto aquele vento gelado e tento ficar calmo. Sereno e na minha. Lembro de Noel cantando: “I sad… I don’t mind being on my own” e eu também não me importo de ficar na minha. Até que… 

Sinto essa merda na minha garganta. O gosto é ruim. Também já viram o gosto de merda ser bom? Não. Nunca comi merda. Mas enfim, isso não vem ao caso. É um gosto ruim. Amargo. Me embrulha o estômago. Me da vontade de vomitar. E quando sinto essa vontade de vomitar, percebo que tem muita coisa aqui dentro que precisa ser literalmente vomitada. Seriam litros e litros de um vômito azedo, mal cheiroso, consistente e cheio de pedaços de mágoa, ódio, rancor e decepção. Dou um soco na grade da varanda. Trago o cigarro de uma vez. Respiro fundo. Sinto uma expressão carregada. Sinto meus poros se abrindo e exalando raiva. Muita raiva. Entro… 

Caminho até o bar; sirvo uma dose de Jack, viro de uma vez. A bebida desce rasgando. Forte. Queimando. Tentando empurrar lá pra baixo a merda entalada na garganta. Sirvo outra dose. Acendo outro cigarro. Volto pra varanda. Sento no troço estranho. Solto a fumaça lentamente. Bebo o whisky lentamente. Olhar fixo pro nada. Respiração pesada. Corpo enrijecido. E água gelada… Muita água gelada correndo em minhas veias… 
Respiro fundo. Meu coração dói. É como se o peito estivesse sendo rasgado lentamente e a sangue frio. Bebo mais um pouco. Fumo mais um pouco. Olho, olho, olho… Penso, penso, penso… Sinto o sangue pulsando forte. Sinto o coração batendo num compasso como uma bateria pesada que acompanha o riff de um contra baixo no meio de um Blues de Robert Johnson. Solto a fumaça… Bebo mais um pouco… Tento sair dessa vibração negativa… 
O cigarro acaba. O whisky acaba. O sono vem chegando. Consigo ir me acalmando e controlando toda uma ira que ainda não teve válvula de escape, vou desligando os pensamentos, controlando os sentimentos e contendo os ressentimentos. 
Mas ainda sinto que de vez em quando essa merda toda me cansa.


Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tributo


Poucas palavras, o suficiente para render o meu tributo e minha homenagem a esta menina que hoje completa seus 457 anos. Cidade paradoxal, cidade metrópole cidade síntese. Sem qualquer possibilidade de comparação, simplesmente MAGNÍFICA. Não sou Paulista, não sou Paulistano nem tão pouco resido em São Paulo mas tenho, por esta cidade, um amor que não tem preço. 
Dia 02/02 estarei aí para desfrutá-la com toda a minha volúpia.


Parabéns São Paulo.




Vídeo roubado do Blog Dois Perdidos na Noite 

Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Orange Sky


Mais uma preciosidade do Blog BHY. 

Vou trocar você pelo vício. Te fumar ouvindo “Orange Sky”, quando estiver sozinho e depois do cafezinho. Querer parar e não conseguir, tentar te abandonar porque me faz mal, gasta minha grana e me faz companhia. Vou trocar você pela bebida, derramar um pouco pro santo, te erguer, te brindar e te sorver. Vou ficar bêbado de você até de manhã, falar enrolado pra dos sóbrios encher o saco e depois dormir como se nada tivesse acontecido e eu me chamasse Baco. Vou te trocar pelo jogo, te enganar com as caras que faço, apostar tudo mesmo sabendo que arrisco te perder e ainda assim continuar. Vou te trocar pelas mulheres, pelas damas das salas e as putas nas camas, e ainda que você seja sacana, que me envenene, que me embriague, que me quebre e que dê bola pra qualquer um na rua, incensurável, só vou ser seu, virtuoso, sendo só sua.


by BHY




Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Selos


Selo de Qualidade . Este Blog é Recomendadíssimo

Mais um carinho que o "enfim! é o que tem pra hoje..." recebe dos amigos Lady's e Ro Fers:

Nome: Bratz
Uma música: Proud - Heather Small. 
Humor: quando não me irritam, sou extremamente bem humorado.
Uma cor: azul.
Uma estação: sempre o inverno.
Como prefere viajar: viajar é a melhor coisa da vida ... de qualquer maneira ...
Um seriado: Queer as Folk.
Frase e/ou palavra mais dita por você: imagina! hummm! uai!
O que achou do selo: esteticamente um dos mais bonitos.
Indico: a todos os amigos do meu side bar.

Obrigado aos amigos ...

Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Por mim


Quando a minha hora chegar
Ninguém vai chorar por mim,
E tu também não 

Malditas sejam todas essas lágrimas!

Eu sou uma fera furiosa
Expulsa do rebanho

As balas podem furar-me a pele
Mas eu continuarei sem parar,

Arrastando para a frente as minhas chagas e a minha dor,
Atacando
Atacando
Até o sofrimento desaparecer

E não me vai custar nada

Eu quero viver mais mil anos

Chairil Anwar

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amargo Pesadelo



Título Original: Deliverance
Título no Brasil: Amargo Pesadelo
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1972
Direção: John Boorman 
Sinopse: O Rio Chatooga nos montes Apalaches vai ser represado e com isso um lindo vale será destruído. Como última aventura, quatro amigos: Lewis Medlock (Burt Reynolds), Ed Gentry (Jon Voight), Drew Ballinger (Ronny Cox) e Bobby Trippe (Ned Beatty), homens extremamente urbanos resolvem fazer uma última aventura descendo as corredeiras do rio, em busca de adrenalina, emoção e maior contato com a natureza. Essa aventura começa a se complicar quando dois desses amigos tomam a dianteira no rio, distanciando-se dos outros. Uma série de ameaças as suas vidas estão aparecendo... difícil vai ser escapar delas...

Destaco aqui uma cena antológica em que há um duelo de banjo e violão, entre um forasteiro e um menino autista do posto de combustÍvel, onde pararam para abastecer, descarregar as canoas e a tralha para descerem o rio, e contratar motoristas, HillBillys locais, para levar os veiculos rio abaixo, para onde eles iriam desembarcar .
De todas as pessoas que aparecem no filme, o único que não é ator é o menino.
Ele é um autista, que o diretor teve a felicidade de encaixar na cena do filme.
E se não é o primeiro, é um dos primeiros filmes do Burt Reynolds, ai ainda em papel secundario .
Vale muito a pena apreciar a cena, em si, e sua excepcional qualidade musical.



Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Milágrimas




em caso de dor ponha gelo
mude o corte de cabelo
mude como modelo
vá ao cinema dê um sorriso
ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo 

se amargo foi já ter sido
troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério deixe os critérios
siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas sai um milagre 

caso de tristeza vire a mesa
coma só a sobremesa coma somente a cereja
jogue para cima faça cena
cante as rimas de um poema
sofra penas viva apenas
sendo só fissura ou loucura
quem sabe casando cura ninguém sabe o que procura
faça uma novena reze um terço
caia fora do contexto invente seu endereço
a cada mil lágrimas sai um milagre 

mas se apesar de banal
chorar for inevitável sinta o gosto do sal do sal do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas três dez cem mil lágrimas
sinta o milagre
a cada mil lágrimas sai um milagre
cante as rimas de um poema
sofra penas viva apenas
sendo só fissura ou loucura
quem sabe casando cura ninguém sabe o que procura
faça uma novena reze um terço
caia fora do contexto invente seu endereço
a cada mil lágrimas sai um milagre

Alice Ruiz e Itamar Assumpção




Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lixo Extraordinário



A trajetória do lixo dispensado no Jardim Gramacho, maior aterro sanitário da América Latina localizado na periferia de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, até ser transformado em arte pelas mãos do artista plástico Vik Muniz e seguir para prestigiadas casas de leilões internacionais. Obras que, muitas vezes, retornam ao Rio para compor as paredes da alta sociedade carioca. 

Era janeiro de 2008 quando Sebastião Carlos dos Santos, presidente da Associação dos Catadores do Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, conheceu o artista plástico Vik Muniz. 
A impressão não foi das melhores. "O Vik explicou que a obra dele era quadro e não era quadro, era foto e não era foto. Parecia que falava javanês", contou Tião, como é conhecido. 
Muniz chegara ao aterro --que recebe todo o lixo descartado na cidade do Rio de Janeiro-- com um objetivo triplo: montar uma série de quadros a partir dos dejetos, colocar os catadores para trabalhar no feitio dos quadros e, jogada de mestre, filmar tudo, para o documentário "Lixo Extraordinário", que estreia nesta sexta. 
O filme foi dirigido por Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley. Venceu como melhor documentário do Festival de Berlim, em 2010. 
Após dois meses retratando o aterro sanitário, Muniz contratou cerca de dez catadores para montar as imagens, num galpão em Parada de Lucas, subúrbio carioca. "Pagava R$ 75 por dia, igual ao que receberiam com o lixo", contou. O meio de campo era feito por Tião Santos. "Ele é o embaixador de Gramacho", explicou Muniz. 
Tião começou a frequentar o aterro na infância, quando o pai, estivador, teve o trabalho substituído pelo de guindastes que chegavam ao porto do Rio. "Minha família se viu obrigada a ir para o lixão, que era perto de casa", contou. Aos 8 anos, levava comida à mãe e dois irmãos, que trabalhavam no aterro. "Não me deixavam catar. Eu ficava brincado com os outros meninos", lembra. 

Maquiavélico 

Aos 18 anos, após um hiato de três anos distante, resolveu voltar a Gramacho, para trabalhar em uma cooperativa que recebia o material coletado. Nas noites de sábado, quando não estudava, ia para o aterro "dar um complemento na renda". 
Numa incursão noturna, encontrou "O Príncipe", de Maquiavel. "Eu conhecia a palavra 'maquiavélico'. Me deu uma neurose de ler aquilo. Levei pra casa, sequei atrás da geladeira e, partir daí, passei a pegar todo livro que encontrava." Já leu Schopenhauer e Nietzsche, que encontrou no lixo. 
Em 2007, dois anos após comandar um protesto contra a prefeitura, foi eleito presidente da Associação dos Catadores. "Logo depois, me ligaram para dizer que um artista brasileiro queria fazer um trabalho com a gente." 
Tião diz que, em princípio, não seria fotografado. "Meu trabalho era acompanhar o Vik no aterro, para apresentá-lo aos catadores." Isso até o dia em que Zumbi, seu amigo, surgiu do lixo, carregando uma banheira. "O Vik teve um estalo e disse, na hora: 'Vamos fazer o Tião de Marat? Ele morreu no banho'." Após ouvir que Jean-Paul Marat (1743-1793) havia sido um dos líderes da Revolução Francesa, Tião sentenciou: "Combina comigo". 
O quadro foi vendido em 2009, num leilão da Phillips de Pury, em Londres, por 28 mil libras (R$ 74 mil). O dinheiro foi revertido para a Associação. Tião diz que, mais do que o dinheiro, o retorno profissional foi positivo. "Hoje vou receber a visita de 21 alunos de uma universidade de Nova York que viram o documentário. Daqui a três dias, tenho um encontro no BNDES, para falar sobre o futuro do aterro, que deve ser desativado em 2012." 
Conta que a amizade com Vik Muniz permanece: "Outro dia a gente se encontrou, no aniversário da filha dele. Às vezes, fico pensando quando vai dar meia-noite, e a carruagem vai voltar a ser abóbora. Mas não dá. Já faz três anos que esse meu conto de fadas não termina". 

Assista ao trailer:


fonte: UolMais


Paulo Braccini
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vanguarda



Após o vernissage, numa conversa descontraída entre artistas, produtores e habitués de galeria, um jovem fotógrafo cheio de piercings e uma pin-up de boutique declarara entusiasmadamente:
“Sou total flex!”
“E eu sou multifuncional!”
(Gargalhadas deselegantes ecoaram no salão).
Antigamente, me chamavam de Gilete, mas eu nunca achei engraçado.


Herculano Neto

Paulo Braccini
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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Casa de Bonecas


Após a quimioterapia, não havia quem conseguisse comunicar à Cecília que seu braço seria amputado. Indiferente àquele dilema, Cecília brincava no quarto com suas bonecas: todas carecas e com os braços cortados.

Herculano Neto

Paulo Braccini
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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Árvore-Tempo-Homem


João Amarelo decidiu morar na copa de um velho pinheiro. “Viver e andar pela terra me dá náuseas”. Disse ele à sua esposa, antes de subir definitivamente para a copa da árvore.
Flor da Lua não entedia as manias do seu marido, mas aquela história de náuseas e árvore era demais. Sentiu-se envergonhada, trancou-se em casa e nunca mais foi vista.
Quando alguém tentava fazer com que João Amarelo descesse da árvore ele gritava:
A terra me dá náuseas!!!
Sua filha Isabel deixou de ir à escola, passou a viver embaixo da árvore. Ficava ali olhando o pai como se fosse ela uma Madalena, arrependida, velando um túmulo de um messias sem reino. Não dizia nada a coitadinha, apenas chorava. Chorou tanto que a rua ficou como um rio sem vida.
João Amarelo era indiferente ao choro da filha, continuava no seu resmungo: “A terra 
me dá náuseas”. 
No domingo de Páscoa, ao sair do culto, o pastor C. Língua Rasa notou que João Amarelo estava verde-cinza e que dos seus cabelos saíam galhos nos quais havia estranhas rosas transparentes. 
O que mais o deixou em angústia santa: no peito de João Amarelo havia uma enorme casa de cupim.
O pastor clamou: Deus, Cristo e, por fim, se apegou ao taxista Raimundo “Ajude o João Amarelo!”. Raimundo estranhou o desespero do pastor. “Desespero não combina com fé”, pensou Raimundo.
João Amarelo ainda sussurrava: NAU... (S) E-A, quando a fumaça e as chamas faziam do seu sorriso involuntário um tempo infinito dos homens, um tempo finito de um deus.


Paulo Braccini
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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Desejo


Só sobrou o dedinho do pé direito.
E o resto?
Começou pelo amor, depois veio a fome. Quando vi só restava de fora esse dedo aí.


Ediney Santana


Paulo Braccini
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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Gay Demais!


Já falei aqui para voces do Blog Mãe, Sou Gay, da amiga Lilah. Uma mãe que resolveu postar depois que seu filho assumiu a sua homossexualidade. A cada post, ela nos trás uma visão inteligente, crítica, contundente, superior até mesmo à da grande maioria dos gays. Ontem vi no Blog Decifra-se ou Devoro-te uma citação sobre o trabalho da Lilah e, mais uma vez compartilho com voces esta percepção magnífica sobre o que é ser Gay.

"O atual sistema de proteção racial que temos no nosso país, que se não é perfeito tornou-se um passo importante no resgate de uma dívida histórica com uma parcela explorada de nosso povo, não nasceu do nada. A Lei Caó, a transformação de racismo em crime inafiançável, as cotas em universidades e o resgate da cultura negra e africana nesse país são frutos de um movimento organizado. São consequência de um movimento, lá nos anos 80 de resgate do orgulho de ser negro, do orgulho das tradições legadas ao país, de uma identidade de COMUNIDADE, que unida é mais forte que separada. E que foi as ruas exigir isso. Não apenas em passeatas ou protestos, mas numa revolução silenciosa e diária. No assumir características raciais marcantes, como penteados afro, ou usar roupas com cores da África, movimentos culturais e de arte e se posicionando enquanto grupo consumidor, que exigiu produtos e serviços voltados a sua especificidade.
Ninguém, nenhum órgão ou político, vai legislar para um grupo invisível. Diferente de negros, que não podem fingir ser brancos para serem aceitos, gays tem essa possibilidade. Podem se "heterossexualizar" senão assumindo uma vida hétero, mimetizando essa vida num discurso que fala em ser discreto para ser aceito. Heteronormatizar o movimento gay tem sido um discurso recorrente dentro da própria comunidade. Ele aparece quando se diz que não é preciso beijar na rua e ofender ninguém. Ou quando se defende que não é preciso esfregar a sexualidade na cara de ninguém. Aparece no desprezo aos afeminados que sujam a imagem sendo gays demais. Vem embutida nesse discurso discreto que prega que você desapareça na multidão e passe a ser parte da paisagem. Agindo e pautando sua vida por regras da sociedade heteronormativa.
O que muitos não percebem é que ao fazer isso, se reproduz dentro da comunidade gay, um padrão machista da sociedade. Que diz que o feminino (ou afeminado) é inferior, menos importante. Que despreza o passivo como menos macho e mais gay que o ativo. Que cria castas onde, quanto mais heterossexualizado eu parecer melhor. Seja gay, mas suma na multidão hétero sem que ninguém perceba que você gosta mesmo é de trepar com alguém do seu sexo! Só que é ISSO QUE INCOMODA ELES. E é isso, trepar com alguém do mesmo sexo, a ÚNICA coisa que TODOS os gays tem em comum. Não importa se você é macho alpha, barbie, bombadão, travesti, afeminado, bicha louca...invente o termo que você quiser. No fim, a única coisa que importa para homofóbicos é que você trepa com alguém do seu sexo!
Ah, eles podem fingir aceitar você. Desde que você aceite uma troca. Eu finjo que não me importo que você dorme com alguém do mesmo sexo e você faz o favor de restringir sua vida afetiva e emocional as quatro paredes da sua casa. Longe dos olhos da sociedade civilizada. Você finge que está tudo bem e eu vou fingir que não acho você uma aberração que deve ficar longe dos olhos dos bons cidadãos Sacou? Essa é a troca que você está fazendo!
Não. Você não precisa ser fã de Madonna e falar gírias para ser gay de verdade. Mas alguns falam. E alguns são afeminados. E eles NUNCA vão sumir na multidão. E eles estão no mesmo barco que você! Eles não são os inimigos. Eles não estão sujando a imagem da comunidade gay. Eles são TÃO GAYS COMO VOCÊ. Sem tirar nem pôr. Quem faz o que na cama não devia importar a ninguém, além dos dois envolvidos. E nem determina quem é mais gay.
Protestos, sites, paradas e afins são super necessários. Importantes e fundamentais para que possamos conseguir legislação adequada. Mas você quer fazer uma revolução hoje? Então seja gay. Não apenas dentro da sua casa, escondido nas boates ou atrás de portas fechadas. Mas seja você. Homem ou mulher, profissional, filho, amigo, jornalista, professor, afeminado ou não, masculinizada ou não, GAY. Na vida, como na cama. Por que só assim é possível sair da invisibilidade e dizer em alto e bom som: Eu existo. Viva com isso!"

Paulo Braccini
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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Revival #07


Esta noite sonhei, sonhei com um passado distante. 
Acordei com uma canção na cabeça. 
Levantei com o play ligado  ...


Paulo Braccini
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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

São Paulo. Cidade sucinta!



São Paulo sob a ótica de quatro arquitetos. Eu amo esta cidade com todos os seus contrastes, diversidades e loucuras.


Paulo Braccini
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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Rei



"Pois a Ratinha era linda. Uma beleza rara, mas tão frágil e bonita que toda vez que eu olhava para ela era como se fosse a primeira vez. Ela surgia inesperadamente e provocava aquela espécie de choque que sentimos quando tomamos chá numa xícara comum e de repente, no fundo, vemos uma minúscula criatura, metade borboleta, metade mulher, fazendo uma reverência com as mãos enfiadas nas mangas de seu traje." 

K. Mansfield . Je ne parle pas français 

Muitas vezes a beleza se esconde no fundinho da xícara!

Paulo Braccini
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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Eu!


“...  a vida em mim é tão insistente que se me partirem, como a uma lagartixa, os pedaços continuarão estremecendo e se mexendo. Sou o silêncio gravado numa parede, e a borboleta mais antiga esvoaça e me defronta: a mesma de sempre. De nascer até morrer é o que eu me chamo de humana, e nunca propriamente morrerei ....”

Clarice Lispector

Paulo Braccini
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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Essencial . Uma nova perspectiva para tempos que se iniciam!


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mario de Andrade

Que 2011 seja um marco definitivo de uma nova perspectiva de vida!

Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

sábado, 1 de janeiro de 2011

2010 termina e 2011 começa em alto estilo!


Um fim de ano realmente inusitado e em grande estilo. Para mim tudo de forma inesperada e surpreendente. Acho que por isto foi tão bom. Um dos melhores com certeza.
Eu que não curto muito estas datas, dois dias antes resolvi que eu mesmo iria para a cozinha [aloka] e prepararia uma pequena ceia para mim, a mana e mamadi. Pensei, pesquisei, troquei idéias com especialistas em culinária e lá fui eu para o super mercado fazer compras. Tudo resolvido e adquirido. Era só esperar chegar o tal de 31/12 e colocar a mão na massa e ver o que ia sair desta bruxaria.
Nisto, recebo a notícia que o Rafael Morello do Blog Tanta Coisa viria passar o fim de ano aqui em BH. Não deu outra né? Ajeitamos um encontro de Blogueiros para a tarde do dia 31. Eu, a marida, o Rafinha e ainda o Fox do Blog Estórias do Mundo [que mesmo morando por aqui mesmo, ainda não o conhecia - segundo ele, isto se deve à característica dos mineiros de serem anti-sociais - rs]. Na verdade foi um tanto quanto difícil encontrar um local legal para o evento - tudo fechado em função da data. Mas finalmente encontramos um Café. Fomos para o Bendita Gula e lá, por duas horas tricotamos, bordamos e fizemos muito crochê. Tudo o que tínhamos direito. Rafael e Fox são duas pessoas mais que adoráveis. Simpáticas, inteligentes, cultas e, principalmente, GATINHOS! Ah! se o Bratz fosse solteiro ... não ficariam imunes ... de quebra ainda fiquei conhecendo o Bernardo [Bê] amigo do Fox, também uma pessoa ótima. Por falar em Bê, ele estará aniversariando amanhã, o que vai proporcionar um replay do encontro, já que iremos à sua festa na Boate Velvet, aqui em BH. Terminado o encontro, eu e a marida fomos para minha casa e lá me coloquei na cozinha para preparar a tal ceia planejada, e não é que gostei da experiência. Ficou super gostosa. Verdade que foi uma coisinha simples: salada de batatas, pimentão vermelho, cebola, azeitonas e ovos cozidos, tudo regado com molho de maionese [aí o diferencial: maionese caseira feita com gemas de ovos cozidos - uma delícia], tender assado na manteiga e, para acompanhar, um Vinho Branco. À meia noite, abraços, beijos e votos de felicidades entre os convivas, ao som dos fogos típicos da data. Foi super legal. Hoje um breve descanso e, amanhã, curtir, com tudo que temos direito, a festa de Niver do Bê. 
Enfim! Se 2011 for todo assim como começou, ele promete. Muito improviso, inesperados e o melhor ... tudo bom.

Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

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