segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O salino gosto de uma não foda!









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Primeiro dia de Verão, e ele mostra a que veio; um calor absurdamente sufocante que incomoda até mesmo os mais coloridos e saltitantes entusiastas da estação da luminosidade, música alta, calcinhas suadas e peitos à mostra.
Cinco da manhã e eu tentando ler um livro, que é dos mais chatos que já li na minha medíocre vida, e não bastasse o enfadonho emaranhado de palavras ainda há mosquitos famintos a circular, picar, sugar e tornar tudo ainda mais catastrófico.
O cão que não late é sujo e faz passar em frente à janela de vidros empoeirados aquele que não é meu amigo, namorado, amante ou seja lá o que poderia vir a ser: Com tempo disponível e desejo acesso a gente transa, aliás nem sempre ele me fode, felação e algumas mordidas e encoxadas às vezes é a medida do encontro, desencontro, um não ponto, opondo à rotina, desdita de dois tortos. 
Com o dedo em riste eu afirmo, irritado, algo que ele fez fora do roteiro predeterminado; álcool e desejo o fizeram se expor (me expor) e extravasei minha raiva quase iracunda e meio belicosa. Briguei, expliquei e ignorei. 
Suas mãos e pau em mármore não deixavam dúvidas, uma desculpa alinhada em promessa de não mais repetir o excesso e o enlace dos braços suados – quase sujos e salgados. Sua boca salivava tesão e pressa, e a minha negava o que o corpo queria. 
E quanto mais ele tentava mais eu negava e excitava; mãos fingindo repelir, língua na nuca, mãos na espádua, costas, bunda. Sussurros ao pé do ouvido, entre linguadas e baba, e sempre a mesma negativa contrariando o que o corpo falava. Gemidos incontidos, mãos desesperadas, sofreguidão de um homem que implorava por prazer e caiu na armadilha egoísta só minha: Por mais que o desejo fluísse dos meus lábios e mãos - sussurros, mordidas e unhas cravadas conscientemente. 
Foram mais de duas horas de tortura, tesão, suor e calor; rogar em nome do pai, do filho e espírito santo não foi o bastante. Apoiado em meu dorso ele esfregava o pau e batia uma punheta violenta (desordenada) a fim de ver a mancha branca em minhas pernas, coxas, sobre a roupa. Em vão, depois de diversas tentativas pouco convincentes de findar com a brincadeira, de subjugar suas vontades, eu enfim dei fim ao desespero dele, para desesperá-lo ainda mais – sim era possível. 
Abruptamente o empurrei em meio a gemidos e insistências: “Chupa, me dá, só um pouco, pega no meu pau, eu quero gozar, eu vou gozar, só saio depois de você mamar”. Com o pau duro, quente e suado dentro da bermuda jeans ele foi embora contrariado. Com o corpo quente, o desejo atiçado, e uma marca no pescoço pouco aparente não gozei o cigarro depois da trepada possível, mas traguei o domínio das minhas vontades e do meu ego inflado. Meu jogo, minhas regras, eu o único vitorioso. Restou calor, o cheiro dele e meu sorriso satisfeito: “Bem feito...”, e seja feita minha vontade. 


Bratz Elian 
enfim! é o que tem pra hoje ...

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Na fila da padaria!





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O que para a maioria é coisa comum, sem importância, ganha contornos curiosos quando o protagonista sou eu.
Ir à padaria. Será possível se divertir indo até a padaria comprar pães? (especificamente oito, e bem branquelos). Sim é divertidíssimo, primeiro porque dificilmente eu vou só, há quem me ligue para combinarmos de irmos juntos, outros me esperam nas ruas de acesso; e no horário aproximado de minha ida sempre alguém pergunta: “E aí, já foi na padaria?” – é estranho, mas também engraçado.
As funcionárias, todas, conhecem minha preferência por pães claros e fazem uma pequena festa quando me vêem, afinal eu aproveito a fila para exercer a troca de informações e também para avaliar os espécimes masculinos presentes. Em minha mais recente ida à padaria fui acompanhado da sempre presente Lili e da Ana Elisa – uma garota de 14 anos, evangélica, com talento para a arte cênica e uma fã confessa minha. Vai entender! Na fila dois adolescentes – surpresos e curiosos – observam o estranho trio e paqueram a jovem evangélica, que interpreta estar constrangida com os absurdos que pulam das bocas minha e de Lili. Não, não discutíamos a situação econômica do país, ou outro qualquer assunto, falávamos sobre homens, é claro.
Distraidamente observo um homem (alto, negro, imponente, ‘não era belo, mas mesmo assim...’) olhando fixamente à Lili – como costumo dizer: “Ele estava ‘galinhando’ minha amiga”. Virei para ela, que já havia percebido a intenção do homem, e a cumplicidade em nosso olhar foi definitiva – rimos e continuamos a “galinhar” o cara que estava na nossa frente, sem perder as expectativas de chegar mais uma vítima para engrossar a fila. Na saída ficamos de frente com um rapaz que já foi alvejado por nossos olhares e insinuações diretas (uma pena que a mulher dele estava logo atrás e percebeu tudo), ele ficou surpreso, e nós claro demos em cima – só para não perder o hábito.
Paezinhos em mãos, já indo embora avistamos a negão que, mais cara de pau que nós, estava olhando fixamente, segurando a porta do carro, e continuo olhando, olhando, olhando e nós gentilmente retribuíamos os olhares em solidariedade, e riamos muito do inusitado. 
É fato, ir à padaria, próximo das 18 h 30 min, pode sim ser um programão com direito a diversão, romance e surpresas. 
Depois disso tudo vou tomar café, e comer um saboroso pão com muita margarina Qualy.

Giuliano Nascimento

Bratz Elian 
enfim! é o que tem pra hoje ...

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Insanidade!



Debaixo destes tetos, entre cada quatro paredes,
cada um procura reduzir a vida a uma insignificância.
Todo o trabalho insano é este:
reduzir a vida a uma insignificância,
edificar um muro feito de pequenas coisas diante da vida.
Tapá-la
escondê-la,
esquecê-la.

Raúl Brandão


ps: a todos os insanos que assim sabem o bem viver ...

Bratz Elian
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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A boca, o hálito e um desejo!



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Chove, aquela previsível garoa de um fim de tarde qualquer, e úmido e sem sentido ou expectativas mais um dia estéril finda. O observo e concentro meu olhar-flecha em seu mamilo, pensamento libidinoso fora de hora prontamente dissipado pela racionalidade.
De volta ao meu mundinho interior, que se assemelha muito às famosas obras de Dali, sou surpreendido por um olhar quase infantil e a aproximação do jovem de mamilo rosado que tanto me apeteceu. Com certa indiferença respondo seu cumprimento: “Oi” – cansado de tantos com pouco ou nada a dizer, ou o regresso da minha síndrome de diva? Sim, já olhei por cima os mortais que me cercaram, pobre deles que não passavam de sombra borrada no chão diante da minha plenitude em si.
Não bastou o mamilo, o nariz impecável, o rosto talhado em linhas retas e másculas e a atitude em vir a mim; em seu diabólico plano ainda havia uma voz sedutora, um som safado e rouco levemente balanceado que embriaga de imediato.
Eu ainda reticente e ele dá a cartada final, um lance de mestre – ou tudo ou nada – e se explica: “Estava ali fumando um baseado, não era outro tipo de droga não. Só um baseadinho.” Com indiferença brutal apenas balanço minha cabeça, e ele desconfia da minha sinceridade: “Sério, você pode estar pensando outra coisa. Mas era só um baseado, sabe...”
Respondi, tentando quebrar a camada de gelo formada entre nós: “Relaxa, acredito em você”. E ele, não contente em enfiar o punhal, decide que é o momento de revolvê-lo e testar minha resistência: “Vem aqui, pode sentir o cheiro”, faço uma negativa e insisto na frase: “Confio em você”. O menino do mamilo rosado e voz de desejo então pede: “Vem cá, por favor”, aquele “por favor” inviabilizou qualquer reação contrária e então me entreguei ao seu hálito e percebi o desenho delicioso de sua boca. O hálito morno e intenso cheirando a maconha – um cheiro quase gosto e delicadamente mofado. Cheiro de maconha me lembra mofo, sabe-se lá o porquê.
Missão cumprida, ele fez sua parte. E eu... Eu racional senti o desejo vindo daquela boca, mas foi desejo apenas desejo de ele ser desejado. E ele conseguiu, sim, ser desejado veementemente por mim, que por alguns instantes perdi a razão e fui entorpecido por seu desejoso hálito.


Bratz Elian
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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Exercitando o autocontrole!




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Em uma quadra esportiva localizada no bairro Santo Antonio acontece evento carnavalesco, e claro lá estou eu. Não é necessário enfatizar que é o programa que mais me atrai e realiza.
O samba, batucadas, gente disposta dançando, e a sensação dúbia de estar em um lugar no qual você conhece pouquíssimas pessoas é algo que realmente me excita. A vontade de confirmar a felicidade é presente, constante e inevitável. Ao som de uma bateria de escola de samba os quadris são possuídos por uma vontade (ancestral africana), própria e latejante. Respiro fundo, olho ao redor e decido não sucumbir ao chamado. Vou manter a postura e não me jogar no samba. O som invade a cabeça, embriaga, o corpo se movimenta involuntariamente, pés se afastam do chão, leves ondulações se formam dos ombros aos quadris – resisto!
Não, não posso, hoje não vou suar ao som de nenhuma bateria. Retomo o comando das coisas e fico naquele passinho, um pra lá um pra cá, nada comprometedor.
Eis que a cerveja gelada dá ânimo ao meu amigo, que só para contrariar as estatísticas começa a dançar, sorrir de alegria, totalmente contagiado pelo som dos tamborins, ritmo forte dos surdões e delicadeza dos agogôs.
E ele se jogou, sambou, suou e se divertiu mesmo – e todo excesso comparado é pouco.
Já me sentia vitorioso, mas a tentação não era apenas sonora e o exercício de autocontrole continuou nas veredas masculinas.
O que era aquele menino, de seus vinte e pouquíssimos anos? Lindo, uma delícia – olhos fechadinhos, baixinho, arrumadinho e dançava como deve dançar um homem (desajeitado, devagar e sempre com uma cara de satisfação). Controlei meus instintos, e resisti à vontade de suspirar em seu ouvido que ele era a coisa mais deliciosa da noite; e claro agarrá-lo e dançar junto. Vencida mais uma etapa, não a última. 
Na contramão do “quase-perfeito” ainda suportei as provocações de certo homem, daqueles que fazem o estilo largado, soltinho, simpático – quando o vi veio à mente a frase: “Pego, não me apego”. Ele ia e vinha, esbarrava, olhava, dançava e se fazia notar – a qualquer custo. 
E ele não precisa fazer muito para ser visto, afinal é alto, negro, cheio de amigos e dança como que guiado por um demônio. Racionalmente agi e deixei para trás a oportunidade de colocar o pé na senzala e quem sabe adotar mais este segmento ao meu cardápio; autocontrole. 
E como tudo tem limites, sucumbi à necessidade primordial de me alimentar. Em casa comi lentamente e, entre uma garfada e outra, questionei se foi bom ou não vencer aos variados desejos do corpo. 


ps: a gente vive e pensa que já viveu de tudo. que nada. deixa quieto pois já voltei ...

Bratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje ...

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