segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Amar para que?


Amar, uma questão que permeia a vida de todos nós e que, na maioria das vezes desejamos e aspiramos como bem supremo a ser possuído. Todavia, na maioria das vezes este sentimento só nos trás angústia e sofrimento, sempre pela total falta de compreensão do que vem ser o AMOR e como devemos lidar com ele. Percebi e aprendi de há muito esta questão mas nunca consegui conceituá-la de forma clara e precisa. O amigo Kiko Riaze do Blog Subvertendo Convenções publicou recentemente de forma tão clara e didática esta premissa, que trago a todos voces para reflexão. Vale a pena mesmo trabalharmos nossos sentimentos nesta perspectiva, sob pena de estarmos sempre nos defrontando com uma imagem irreal do AMOR e assim, perdendo todas as possibilidades de vivenciá-lo de forma plena. 

“Uma das primeiras coisas que eu aprendi quando conheci a filosofia budista foi a noção do “desapego”. Segundo Buda, os seres humanos sofrem porque se apegam demais aos seus desejos. Desejamos um amor, um carro, uma casa, um bom emprego, reconhecimento profissional, etc, etc… São os nossos desejos que nos movem. A sociedade em que vivemos nos oferece um leque enorme de atrativos que alimentam estes desejos ao mesmo tempo em que nos cobra o sucesso para obtê-los. E a partir daí sofremos… Sofremos por não alcançar o que desejamos, sofremos por perder aquilo que já temos, sofremos também só de imaginar que um dia poderemos perder as coisas e pessoas que “possuímos”. Até mesmo os ricos que podem ter tudo que desejam (em termos materiais) sofrem porque esbarram no tédio… Tédio por ter todos os seus desejos realizados. É o  que Freud também dizia a respeito da ausência de sentido na vida depois de se ter tudo conquistado. Nós esperamos demais das coisas que desejamos. E quando alcançamos vemos que não é tudo aquilo e logo procuramos outra coisa para desejar. E assim vamos vivendo a vida, sempre desejando mais e mais… É como se estivéssemos sempre adiando a nossa felicidade para algum ponto no futuro que ainda vamos alcançar. Para Buda, e também para Freud milênios depois, a saída para esse sofrimento é o desapego. E isso também serve para as questões emocionais. O amor sempre vai trazer sofrimento. Não adianta vir os mais românticos dizendo que isso é negativismo, porque não é.  Isso é realismo. Na nossa vida nada é permanente. Aquela famosa frase “o que é bom dura pouco” é uma grande verdade. Os relacionamentos não duram para sempre. Acabam por vários motivos: por causa de brigas, traições, desgaste, porque o sentimento esfriou, porque nosso par se apaixonou por outra pessoa ou, em último caso, pela morte. E qualquer que seja o motivo da separação sempre vai haver sofrimento. Ora, se devemos nos desapegar para evitar o sofrimento, então para quê amar? Seria muito menos doloroso dispensar este sentimento para nos poupar de uma dor no futuro… Mas seria possível viver sem amor? Nós somos dependentes sentimentais desde quando nascemos e somos amamentados pela nossa mãe. Procuramos sempre nos apoiar em um amor. Precisamos nos sentir protegidos, precisamos de um amparo nos momentos difíceis. Amamos para preservar nossa sobrevivência. É instintivo. Para mim esta sempre foi a parte mais difícil de compreensão na filosofia oriental. Quanto às coisas materiais nunca tive problemas, pois não me apego mesmo. O meu problema é o tal apego sentimental. Meu coração é vagabundo. Sempre me apaixonei muito fácil. Meus períodos de solteirice sempre foram curtíssimos, porque eu sempre estive disposto a me amarrar em alguém. Uma carência que só Freud explica. Acho que por isso já me estrepei em tantas relações. Se não fosse tão apegado, sofreria menos… Mas e aí, devemos ser indiferentes às pessoas para não sofrer? Foi o que eu perguntei ao professor do Puja budista quando discutíamos justamente a questão do desapego. Ele respondeu que não. Não devemos ser indiferentes às pessoas. O desapego consiste em anular aquela idéia de posse que temos sobre as coisas e pessoas na nossa vida. Nós podemos amar e desejar tudo o que quisermos, mas devemos ter sempre em mente que nada é permanente nesta vida e que as coisas e pessoas só estão conosco “emprestadas” e um dia partirão. Desta forma nos desapegamos daquela vontade de possuir e aprisionar as coisas e pessoas ao nosso lado. Isso não quer dizer que a vida vai ficar sem sentido e nós vamos ficar parados com cara de paisagem assistindo as pessoas indo e vindo sem fazer nada. Mas ao invés de tentar possuir um amor e acorrentá-lo em vão de forma doentia, nós devemos perceber que o mais importante não é o amor que tentamos possuir, mas sim aquele que podemos doar.”

Paulo Braccini
enfim! é o que tem pra hoje...

27 comentários:

  1. eu concordo com a idéia do desapego, só que ele dá a entender q amar é o apegar-se a alguém, e acho q não é bem por ai. o sofrimento do amor vem qndo ele é frustrado, qndo termina, qndo somos traidos, etc, o apego, neste caso, não é ao sentimento, as coisas boas q vivemos, aos momentos passados juntos, é a idéia de um amor eterno e perfeito, q tem q acontecer, q tem q durar pra sempre, q tem q ser perfeito, se o amor for aceito como ele é, como ele se apresenta, e PRINCIPALMENTE até onde ele dura, não há sofrimento, pq outra máxima budista é aceitação. aceitar aquilo q se tem. acho q aí esta a chave para amar: aceitar o amor que as pessoas resolvem nos doar sem qualifica-lo a partir de nossos desejos e preconceitos do q deve ser o amor. apenas aceitar.

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  2. Olha, então pelo visto eu vou sofrer pra caralho (eu já sofro) poque eu me apego demais. À tudo. Especialmente quem eu amo, embora às vezes não pareça. E pra mim isso é impossível. Não dá. É uma das coisas que não me apetece na vida porque eu sei que ninguém permanecerá eternamente aqui.
    E sei lá, por mais que eu saiba que deveria ser "que seja eterno enquanto dure", eu me pergunto... tantos casais por aí que estão há muito tempo, como pais e parentes que estão casados há anos, alguns que literalmente só a morte separou... por que eu tenho de me contentar em começar um relacionamento já pensando no fim? Nada disso. Não aceito nada menos que o eterno.

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  3. Lindo, eu creio também.E o resultado disso, é que você ama, e agradece a cada fim de dia,por estar com a pessoa.
    Hoje, tive uma crise romântica,e disse pro meu marido:
    Ah, eu devo ter feito algo muito bom para ter tido o direito de estar com você!(abraçei e ele respondeu)
    Sim, tu me deu o cu tão gostoso que eu tive que casar contigo!
    AJAJHAHAHaHhahahahahahaha,Acho que eu nunca rí tanto na vida...

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  4. Querido amigo, lindo e apaixonante texto. Somos realmente egoístas, querendo sempre mais, sejam coisas materiais ou mesmo amor. Queremos ser donos da pessoa amada, e com isso muitas vezes a sufocamos, e a perdemos.Amor é doação é desapego e deixar que o nosso amor seja livre, e sempre sinta saudade e o desejo de viver ao nosso lado. Tenha uma linda semana. Beijocas

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  5. Teoria e prática, distância incomensurável.
    :)

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  6. Nossa amigo,depois de ler este post teu preciso me recuperar um pouquinho pq eu sou/era meio possesivo com tudo e com todos,tanto que o meu namoro terminou por conta disso. Muito Obrigado por postar isso tah. Uma ótima semana pra você.

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  7. Não sei por que, mas ainda acredito no amor que dura a vida toda. Pode não ser o que mais se encontra em nosso mundo, principalemnte nesta sociedade moderna e imediatista que vivemos. Mas adoro acreditar e sonhar com amores eternos.

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  8. A filosofia budista diz tudo. Vivemos em torno do nada, apesar de acreditarmos que temos tudo. Aí quando perdemos algo, bate o desespero.
    Bjs.

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  9. Mas eu falo mesmo de um amor que vai além desta nossa dimensão. A vida é muito mais que isso, o amor transcende esta nossa limitada vida, este nosso limitado corpo. Agora, se o amor é eterno existe mesmo... Eu não consigo mensurar a eternidade, a ternidade pode ser um momento.

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  10. Acho que o amor está muito ligado à ideia de renúncia, não dá pra amar e ser egocêntrico (por isso que acho que amor é coisa de adulto, embora os adolescentes vivam dizendo que "amam" tudo...). É saber ver o outro antes de si mesmo. O sofrimento se dá quando você se coloca na frente, só enxerga a si mesmo. Dá trabalho, É complicado, mas se não for a verdadeira razão de estar vivo, esta passagem pelo mundo não faz o menor sentido.

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  11. Paulinho, meu querido!!

    Eu acho que vou morrer sofrendo, e ainda terei milhares de reencarnações pra aprender sobre o "DESAPEGO".
    Porque me apego demais nas pessoas, mas não é um apegar-se sufocante, é um apego de amor, de bem querer mesmo.
    E me é muito, mas muito dificil ver alguem indo embora da minha vida.
    Talvez esse seja um dos motivos de eu estar totalmente fechada a esse amor entre duas pessoas.
    Amor pra mim hj é direcionado a amigos, familia, filha.
    Sei lá se to errada, se ando vendo a vida, a banda passar por isso, mas foi a forma que encontrei do não sofrimento.
    Talvez um dia eu mude. E aprenda.

    Um beijo meu!!!

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  12. Concordo com o Wanderley...na prática tudo muda muito.

    Bjos

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  13. gostaria de poder chegar nesse nivel de desapego
    mais um excelente post

    e mais um excelente comentário seu em meu blog

    beijos

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  14. Acho que o Foxx e os DPNN sintetizaran bem o que eu queria falar.

    O amor não é uma questão de se apegar, mas de também renunciar 'n' coisas por aquela pessoa.

    Amor é sempre apesar de.

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  15. "O mais importante[...]é o amor que podemos doar" (final do texto).
    Essa frase resume bem todo o resto. Gostaria muito de ser assim. Isso é desapego. Pessoas que se entregam de corpo e alma aos seus projetos, às amizades e aos relacionamentos amorosos, cientes de que poderão aprender, compartilhar, conviver e ligadas ao fato de que têm muito a contribuir e doar, mais se surpreendem quando retribuídas do que se decepcionam.
    É como o professor. Alguns iniciam a profissão subjugando os pupilos. Mesmo que os alunos não saibam nada sobre a matéria que será ensinada, eles têm muito o que ensinar aos professores. Os mais experientes sabem disso.
    Eita, me empolguei. O texto está tão bom e bem escrito. Espero ter sido claro.
    Boa tarde a todos.

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  16. Massa o texto, hehe

    Lembrou quando tinha 16 anos e li o Banquete do Platão. Ter o entendimento de amor posto em cheque pelo livro tão novo acho que ajudou a moldar um pouco de como amo, de como me entrego e etc. Mas de qualquer forma sempre ficam rastros desse mundo onde a posse é o que importa.

    O que as vezes sinto como problema de ter essa percepção do amor um pouco mais ampla e verdadeira é que a maioria das pessoas não tem ela, e desse jeito, como podemos amar o outro? Apesar de amor ser doação também é troca, mesmo que involuntária. Ao nos doarmos sempre nos alimentamos das respostas aos nossos presentes, beijos. Sempre ficamos desejosos de algo, mesmo que inconscientemente.

    Enfim, complexo demais pra discutir. Tem coisas que só na prática fazem sentido, hehe

    bjs

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  17. Oi Paulo, saudades.

    Desapego? Sei fazer isso não, sofro tanto quando algo me acontece e vejo que perdi "alguém".
    Marco Antonio, meu filho mais velho vive a me dizer:"Mama, por favor, viva um pouco pelo menos a sua vida, corra de encontro a felicidade, desapegue um pouco de nós, isso nos sufoca e a sufoca também."
    Isso é com os filhos, quanto ao relacionamento com outra pessoa, seja amigo ou algo mais, já fico com um pé atrás, não quero sufocar, por isso só me entrego a esse sentimento aos poucos, quero sempre preservar o que de bom conquistei.

    Beijos enormes meu querido.
    Feliz com teu carinho por mim.

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  18. Trabalhar o desapego talvez seja um dos grandes desafios da cultural ocidental que vive para ganhar, ganhar e ganhar. O homem que vive preso só a valores materiais é pobre espiritualmente, mas precisamos ganhar para sobreviver. Esta questão é complexa. O que de fato devemos buscar é o equilíbrio na vida, seja em quais circunstâncias forem. Linda semana. Abraços. òtimo texto.

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  19. Como é difícil esse desapego no amor.

    Beijo imenso, Paulinho querido.

    Rebeca

    -

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  20. Pois eu fico feliz ao ler textos desse tipo porque eles mostram que apesar dos meus muuuuuitos defeitos, nesse assunto estou trilhando o caminho certo! Oba! =)

    Beijos, querido! Ótima semana!

    ℓυηα

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  21. Falando em desapego, não consegui ficar longe daqui, hehe

    bjs

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  22. Texto rico Paulo!!
    Veio para mim na hora certa, há extamente duas três semanas estou trabalhando o desapego. Não sei se pela filosofia budista mas pela filosia do cansaço. A gente ama e sofre por isso, como todos sabemos isso é inevitável. Quando as pessoas se vão sofremos mais ainda, mas chega um dia que o cansaço nos abate e temos "preguiça" de ficar ficar sofrendo. Estou assim, com preguiça de sofrer...

    Abraços querido Paulo, passei tempo longe, mas não farei mais isso...Gosto de ler você!

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  23. ah to nem ai pra esses assuntos
    amo minha vida, as pessoas que dela fazem parte (amigos familia etc)
    as coisas que eu faço etc e tal.

    amor romantico e meloso, centrada em uma única pessoa é perda de tempo.

    sei la, pelo menos eu penso assim
    fllww Paulo

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  24. Oi Paulinho, bacana demais vc ter postado um texto meu no seu blog. Para nós, ocidentais,e principalmente latinos que somos passionais até a alma, a questão do desapego é realmente muito difícil. Aplica-se para alguns, para outros é idéia difícil de assimilar, mas é assim mesmo... A excelência só vem com a prática.
    Beijo grande pra vc, pro Wanderley e seus leitores magníficos!
    Gosto demais daqui ;)

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  25. Paulo,

    Simplesmente brilhante. teria adorado ser capaz de escrever ideias tão claras assim.

    Abraço.

    António

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  26. Paulo,

    Com todo o respeito, aqui

    Abraço,


    António

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  27. Não tenho desejos obsessivos por nada. Não projeto mais anseios em outras pessoas, por que elas não correspondem a altura, e daí vem a decepção. Faço assim, vivo a espectativa de cada pequena coisa que venha a acontecer. Um jantar que irei preparar, uma festa que terei o mes que vem. Sempre ouvi que o melhor da festa é esperar por ela, então prefiro assim, criar pequenos projetos, conclui-los e partir pra outro.

    Os grandes acontecimentos merecem pouca angustia, senão acabam nos consumindo pela espectativa.

    Abração...e bom dia.

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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