segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Amizade Declarada




Um carinho todo especial do amigo EduK do blog Desarticulando, esta declaração de amizade:

“Amizade não se compra, se conquista! "A amizade permanente não se compra e não se vende, não se ensina e nem se aprende, nasce e morre com a gente. "Amizade é um sentimento, que chega devagarinho pelos atos, pelo carinho, pela lembrança... E na net não é diferente, você visita um dia um blog, gosta, volta... E assim vai crescendo o número de amigos, das atenções recebidas e dos carinhos ganhos.

Quer participar também? Veja as regras:

Escolhemos amigos para declarar a nossa amizade e os nomeamos num post.

- Em seguida visitamos seus blogs e comunicamos a nomeação.

- Cada um deverá nomear cinco ou mais amigos.

- Não há selos ou prêmios, apenas nossa declaração sincera de afeto.

-Colocar o link de quem enviou.

Querido Edu!

Apesar de nos conhecermos somente pelo blog, sinto uma grande admiração e carinho por voce. 
Beijo grande ...
Minha Declaração de amizade vai para todos os amigos  linkados  no siderbar.


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Sozinho em sua Estrela





Quando se está só em sua estrela
E se olha passar os trens
Quando se brinda com os indigentes
Quando se dorme com os menos do que nada
Quando se escreve mais uma vez à sua mãe
E se toma cuidado com as despesas
Quando se inventam preces
Para bons deuses de mentira

É porque se precisa de alguém,
de alguma coisa ou de algum lugar
que não se tem, que não se tem.
É porque se precisa de alguém
ou de um amor ou de um amigo
que se espera há muito tempo.
Quando se está só em sua estrela
Não se vê o tempo passar
Quando se está em um lugar quente aí nos instalamos
como um cavalo que vai morrer.
Quando se repete a história de sua infância
para pessoas que não escutam
Quando você se enfeita, é domingo,
e afinal você não sai.

É porque você precisa de alguém,
de alguma coisa ou de um lugar
que você não tem, que você não tem.
É porque você precisa de alguém,
ou de um amor ou de um amigo
que você espera há muito tempo.
Quando se está só em sua estrela
Às vezes o bom Deus dá uma mãozinha
E se é dois em sua estrela
Pode parecer bobagem, mas se é feliz.

Não se precisa mais de alguém,
de alguma coisa ou de um lugar,
não se liga para isso,
não se liga para isso
Lá lá, lá lá, lá lá, lá lá,
Se está muito bem, se está muito bem!


Da canção, “Sozinho em sua estrela”, de Gilbert Bécaud [tradução livre]


Dedicado ao meu DD que, hoje, comemora mais um aniversário . Felicidades . Beijo grande


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 29 de novembro de 2009

Novos Selos

Aqui estão novos Selos recebidos por este Blog no mês de Novembro. O meu muito obrigado pelo carinho de todos os amigos e amigas.
Selo Exemplaridade . Concedido por Cibelle do Blog ... [isto mesmo ...] e Jay e Alê do Blog Ká entre Nós


Selo Bom para o Moral . Concedido por Drico do Blog Felicidade Química



Selo Adoro Selo concedido por Jay e Alê do Blog Ká entre Nós







Ofereço estes memes a todos os amigos deste espaço, em especial aos linkados no meu sidebar.


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Música em Minha Vida




Adoro esta canção, ela já foi ilustração de um outro post, mas vale a pena reblogar, incluindo a tradução de sua belíssima e expressiva letra.

Proud

I look into the window of my mind
Reflections of the fears I know I've left behind
I step out of the ordinary
I can feel my soul ascending
I am on my way
Can't stop me now
And you can do the same

What have you done today to make you feel proud?
It's never too late to try
What have you done today to make you feel proud?
You could be so many people
If you make that break for freedom
What have you done today to make you feel proud?

Still so many answers I don't know
Realise that to question is how we grow
So I step out of the ordinary
I can feel my soul ascending
I am on my way
Can't stop me now
And you can do the same

What have you done today to make you feel proud?
It's never too late to try
What have you done today to make you feel proud?
You could be so many people
If you make that break for freedom
What have you done today to make you feel proud?

We need a change
Do it today
I can feel my spirit rising
We need a change
So do it today
'Cause I can see a clear horizon

What have you done today to make you feel proud?
So what have you done today to make you feel proud?
'Cause you could be so many people
If you make that break for freedom
So what have you done today to make you feel proud?
What have you done today to make you feel proud?
What have you done today
You could be so many people?
Just make that break for freedom
So what have you done today to make you feel proud?


Heather Small

Tradução

Reflexões dos medos que sei que deixei para trás.
Então estou saindo do normal.
Posso sentir minha alma subindo.
Eu estou no meu caminho.
Não posso parar agora
E você pode fazer o mesmo, sim.
O que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
Nunca é tarde demais para tentar.
O que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
Você poderia ser tantas pessoas,
se apenas fugisse para a liberdade.
O que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
Ainda há tantas respostas que não sei.
Perceba que questionar, é como nós crescemos.
Então estou saindo do normal.
Posso sentir minha alma subindo.
Eu estou no meu caminho.
Não posso parar agora
E você pode fazer o mesmo, sim.
O que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
Nunca é tarde demais para tentar.
O que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
Você poderia ser tantas pessoas,
Se apenas fugisse para a liberdade.
O que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
Precisamos de uma mudança.
Faça-o hoje.
Posso sentir meu espírito se erguendo.
Precisamos de uma mudança.
Faça-o hoje.
Porque posso ver um horizonte nítido.
O que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
Então o que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
Você poderia ser tantas pessoas,
se apenas fugisse para a liberdade.
Então o que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
O que você tem feito hoje para se sentir orgulhoso?
O que você tem feito hoje.
Você poderia ser tantas pessoas
Se apenas fugisse para a liberdade.




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Auto-retrato de Ulisses



by Catarina Garcia


 “Ele reclinou-se na cadeira um pouco cansado e disse:

- Você é das que precisam de garantia. Quer saber como eu sou para me aceitar? Vou me fazer conhecer melhor por você, disse com ironia. Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre. Sou paciente, mas profundamente colérico, como a maioria dos pacientes. As pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdôo de antemão. Gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo. Nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrado? …

- Tenho uma paz profunda, continuou ele, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo. Se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz. Quanto à minha paz superficial, ela é uma alusão à verdadeira paz. Outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim – a do mundo grande e aberto. Sou professor de Filosofia porque é o que eu mais estudei e no fundo gosto de me ouvir falando sobre o que me interessa. Tenho um senso didático pronunciado que faz com que meus alunos se apaixonem pela matéria e me procurem fora das aulas. Este meu senso didático, que é uma vontade de transmitir, eu também tenho em relação a você, Lóri, se bem que você seja a pior de meus alunos. Bom, apesar de meu ar duro, que, aliás, vem também do fato de meu nariz ser tão reto, apesar de meu ar duro, sou cheio de muito amor e é isso que certamente me dá uma grandeza, essa grandeza que você percebe e de que tem medo.

Como se de súbito tivesse notado que falara sério, parou e riu para desfazer tudo que dissera:


-”Meu amor pelo mundo é assim: eu perdôo as pessoas terem um nariz mal feito ou terem lábios finos demais e serem feias – todo erro dos outros e nos outros é uma oportunidade para me amar.”



Clarice Lispector. Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 28 de novembro de 2009

Direitos Humanos para quem?



Recebi via e-mail e achei perfeitamente blogável, face à total inversão de valores que assola este país.


Carta enviada de uma mãe para outra mãe em SP, após  noticiário na TV. 



De Mãe para Mãe!




Vi seu enérgico protesto diante das câmeras de  televisão contra a transferência do seu filho, menor  infrator, das dependências da FEBEM em São Paulo para  outra dependência da FEBEM no interior do Estado.
Vi você se queixando da distância que agora a separa  do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a  ter  para visitá-lo, bem como de outros  inconvenientes  decorrentes daquela transferência. 
Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o  fato, assim como vi que não só você, mas igualmente  outras  mães na mesma situação que você, contam com o  apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de  Defesa de  Direitos Humanos, ONGs, etc.
Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender seu  protesto. Quero com ele fazer coro. Enorme é a  distância que me separa do meu filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos  porque  labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no  sustento e educação do resto da família.
Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha para mim importante papel de amigo e conselheiro espiritual. 
Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma
vídeo-locadora, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite. 
No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias no seu filho, eu
estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde  túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo. 
Ah! ia me esquecendo: também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranqüila, viu, que
eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá na última rebelião da Febem. 
Nem no cemitério, nem na minha casa, NUNCA apareceu nenhum  representante destas "Entidades" que
tanto lhe  confortam, para me dar uma palavra de conforto, e talvez me indicar "Os meus direitos"! 




Se concordar, circule este manifesto!
Talvez a gente consiga  acabar com esta inversão  de valores que assola o Brasil. 

Direitos Humanos para quem é vítima não para agressores!



Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Anotações Insensatas







Havia esperado durante todo o dia. O quê? nem ele próprio saberia dizer. Acordara já com a fatalidade da espera colocando um brilho triste nos olhos. E o projetara sobre a mãe, primeira pessoa a abraçá-lo, que recuou um pouco ofendida. O mesmo recuo sentira estender-se às outras pessoas, à medida em que o abraçavam e felicitavam. Examinara-se ansioso ao espelho, tentando descobrir se o ano a mais também lhe colocara uma ferocidade a mais ou um novo espanto no rosto. Mas não. Nada. Lá estavam as mesmas feições um pouco vagas, o ar exato de quem espera alguma coisa. E contudo, nesse dia, ele esperava mesmo. A espera abstrata cedera lugar à outra — concreta. Ajeitara o rosto da melhor maneira possível, como se o sentimento novo (e no entanto tão antigo) fosse algo a esconder. Porque ele não queria surpreender nem chocar nem ferir. Pertencia àquela estranha espécie de pessoas que flutuam pelo mundo, sutis, evitando esbarrar em qualquer coisa. Não se sabia se procedia assim por simples delicadeza ou para defender-se. O fato é que era assim. E, portanto, desagradava-lhe aquele jeito de espera gritando alto no corpo inteiro.

Com alguma sofreguidão libertou-se dos abraços, beijos e presentes de pai, mãe, irmãos e empregados — e partiu para a aula. Tomou o ônibus mais tranqüilizado. As pessoas, ali, não sabiam que estava de aniversário. Examinavam-no rápidas, reunindo no olhar as características para definir um estudante e passavam adiante, aliviadas por não precisarem deter-se. O alívio delas fundia-se com o alívio dele — e o ônibus arfava, num suspiro uníssono. Na aula cantaram o parabéns pra você nesta data querida etc. e ele agradeceu com um esbarrão na cadeira da frente e uma pisada no pé do colega ao lado. Para cúmulo da desgraça, era dia de aula de Inglês, e ele teve que suportar o “happy birthday to you” etc. Novo esbarrão, nova pisada. Esquivou-se a manhã toda, adivinhando um abraço em cada braço que se aproximava, felicitações em cada boca entreaberta. E não era pudor, não era timidez, não era sequer o seu antigo receio de chamar a atenção — era o desejo de não esperar porque ele sabia que não viria, fosse láo que fosse. Então, amargo, ele preferia cortar de início qualquer possibilidade de concretização da espera — porque ele sabia, com a lucidez insone dos que apenas pressentem, a possibilidade jamais se concretizaria. Mesmo assim, sucediam-se braços e abraços, bocas e palavras. Mas os corpos que os proferiam, os mais inteligentes, logo esbarravam com aquela frieza e se afastavam com a dignidade tardia dos recusados. Os mais burros insistiam, fazendo perguntas, protestos de amizade que somente conseguiam aumentar o espaço em branco que se instalara dentro dele.

E nesse espaço em branco ele colocara uma praça, um pôr-do-sol no Guaíba, uma rosa amarela, um canteiro de margaridas e uma fuga de Bach. Mas nem ele sabia. Colocara lentamente, nos dezenove anos em que fora vivendo, sem ligar muita importância a isso. Eram todas coisas leves, mas agora pesavam e o faziam transpirar, acendendo um cigarro e pensando que precisava abandonar o vício de fumar. Mas é provável que ele soubesse não estar o desconforto ligado ao fumo, e apenas dissimulado afastasse a perspectiva de sofrimento. Porque se ele pensasse, sofreria. E como qualquer ser humano que não é masoquista, ele não queria sofrer. Voltou para casa e suportou o quadragésimo nono parabéns pra você, à hora do almoço. Se houvesse um qüinquagésimo ele daria um grito, talvez solucionando tudo, então. Mas não houve. Os vagos parentes e os inexistentes amigos que apareceram à tarde mantiveram-se discretos no aperto de mão. E já dormindo, à noite, ele acordou. Por um instante permaneceu suspenso naquele segundo, como se estive esse tudo tão escuro que ele não pudesse distinguir a si próprio do resto da noite. Aos poucos foi tomando consciência da extensão do corpo, do travesseiro embaixo da cabeça, do livro em cima da mesa, do irmão roncando na cama ao lado. Deteve-se nele, espantando-se com sua falta de sutileza. O irmão era gordo, roncava e brigava, impondo-se sem o menor senso de decoro. Deus havia sido drástico em cada um deles, concluiu. Pois que ele era leve demais, esse o seu mal. Nesse instante invadiu-o uma enorme ternura por si mesmo. Estava fazendo dezenove anos e esperara o dia inteiro por uma coisa que não sabia o que era. Olhou pela janela e viu a lua presa dentro da noite enorme. E sentiu-se preso, também. Vontade de abandonar o corpo ali mesmo, no meio dos lençóis desfeitos, e sair correndo para outra esfera mais ampla. Esfera — espera, tão parecidos, pensou. E enlaçou os joelhos numa carícia, levantando meio corpo na cama. Procurou um rótulo para pacificar o sentimento, mas não o encontrou. Solidão, melancolia, angústia, fossa, depressão — tudo ficava infinitamente inferior àquela espera enorme. Inventariou a espera, descobrindo então aquela série de coisas dentro dela. Mas era ainda incompleta. Havia coisas mais no tempo, no vento, na noite — nele próprio. Levantou pisando devagar o chão de porquê. Caminhou até a cozinha e acendeu a luz. Sobre o armário, o relógio mostrava cinco minutos para a meia-noite. Abriu o refrigerador, retirou a torta que a mãe mandara fazer e que jazia, incompleta, sobre um prato novo. Cortou um pedaço grande, encheu um copo de guaraná. Mas fez isso em tão lentos gestos que quando ia começar a comer olhou o relógio e viu que já passara da meia-noite. Que não estava mais de aniversário. Então espiou para fora e, vendo a lua, descobriu que era a mesma que vira da janela do quarto. Apenas um pouco mais alta no céu.



Caio Fernando Abreu


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

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