quinta-feira, 31 de julho de 2008

Senhor das horas


"É presente presente e em mim guardado."


Antoniel Campos

És tu, meu amado, o senhor das horas. Por teu amor, contarei ao ventoas palavras do meu querer, e o vento as levará ao seu destino, de amanhecer em tua alma.S e asas tivesse, mostraria os meus olhos e neles, o céu que abriste com teu amor, e a ternura segura com que me abrigasse me tomas ao peito, tranquilo porto de seguir te amando, além de todas as horas. (poderia morrer de amar assim, mas vivo, cada dia mais, que me alimentam, tão doces, tuas palavras...)

Saramar
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Nascer


No frio da madrugada, o calor dos seus braços e eu nasceria. (semente, ao sol).
Saramar
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 29 de julho de 2008

Painel de Recados



No meu painel de recados, havia um encontro marcado para hoje ou amanhã. Era curto e mal escrito, como se o que ali fora dito não soubesse bem por que. Pensei no abraço que daria, na arquitetura do dia, lírios, rios, lágrimas pelo doce encontrar. Sem maior razão, o bilhete, pedaço de um tempo passado, quando a lua vinha me acordar com alguma lembrança, um agrado, trouxe o tempo de volta, as noites iluminadas pelas palavras de amor. Porém, o encontro marcado, há muito fora trocado pelo escoar dos meus olhos, cansados de esperar. Bem quis rasgar o recado, desfazer cada palavra, emudecer dentro do peito, essa saudade sem jeito. Mas de que serviria tentar desmanchar os traços deste amor que já se fois e meu tonto coração vive até hoje aos pedaços?
Saramar

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Somente os filósofos pensam antes de estudar


"...Sozinho na noite, com um livro iluminado por uma candeia - livro e candeia, dupla ilha de luz, contra duplas trevas do espírito e da noite - eu estudo.
Sou apenas o sujeito do verbo estudar.
Pensar, não ouso.
Somente os filósofos pensam antes de estudar.
Mas a candeia se apagará antes que o livro difícil seja compreendido. Nada se deve perder da candeia, das grandes horas da vida estudiosa.
Se levanto os olhos do livro para olhar a candeia, ao invés de estudar, eu sonho. Então, as horas ondulam no vale solitário. As horas ondulam entre a responsabilidade de um saber e a liberdade dos devaneios; esta extremamente fácil liberdade de um homem solitário."

Gaston Bachelard (La Flamme d´une chandelle)
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 27 de julho de 2008

Liberdade


"...Liberdade, essa palavraque o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

Cecília Meireles
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 26 de julho de 2008

Porto?


"Será que, à medida que você vai vivendo, andando, viajando, vai ficando cada vez mais estrangeiro? Deve haver um porto."

Caio Fernando Abreu
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

De um Louco Anônimo


Estive doente
doente dos olhos, doente da boca, dos nervos até.
Dos olhos que viram homens formosos
da boca que disse poemas em brasa
dos nervos manchados de fumo e café.
Estive doente
estou em repouso, não posso escrever.
Eu quero um punhado de estrelas maduras
eu quero a doçura do verbo viver."

"De um louco anônimo" - Autor Desconhecido
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Hipocrisia


Você condena os outros por uma liberdade que você também almeja.
Você julga os desejos alheios por um fetiche que você também alimenta.
Você critica a libertinagem por ter vontade, mas não ter desprendimento em fazer o mesmo. Você é puritano, moralista, santinho?
Então, você alimenta a hipocrisia!
Você finge ter virtudes que na verdade não tem, ou carrega crenças e sentimentos como um pesado fardo do qual não tem coragem para deixar!
E por ser um covarde, hipócrita, tacanho, você tenta agregar valores à sua pessoa fazendo discursos sobre a boa moral e os bons costumes, como se viver falsas verdades fosse algo bom pra você.
Nós somos animais.
Alguns são animais livres.
Outros são animais domados, treinados e domesticados que não sabem viver segundo as próprias vontades e instintos, por isso julgam, condenam e criticam quem sabe viver por si só! Na verdade, quando ninguém vê, você é mais imoral do que uma cafetina sádica, e isso te faz sujo, por que você não vive o que sua moral prega!
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A vida e o tempo


A vida e o Tempo
Aceitareis por muito tempo um mundo que não passa de uma paródia de mundo, onde vossa própria vida é apenas um drama ruim?

Frédéric Schiffter, Sobre o blablablá e o mas-mas dos filósofos..

O tempo circula mal em minhas veias. Ao que parece, isso me dá uma coloração sombria, que destoa da motivação que hoje se deve estampar no rosto.

Frédéric Schiffter, Sobre o blablablá e o mas-mas dos filósofos.

Quando dizemos que a vida é um drama, cremos não nos expressar muito bem. O drama designa a ação que se desenrola num palco, cujas consequências fatais adivinhamos, mas as quais, até o último momento, permanecem desconhecida.s A certeza de que o pior se dará "in fini" não é a presciência da maneira exata como ele se produzirá. Apesar de previsível e inelutável, o pior é sempre surpreendente. É nesse sentido que minha vida é dramática. No cerne de circunstâncias que ninguém pode enfrentar em meu lugar, que requerem minha força e meu discernimento, nunca sei onde me situo. Sinto-me perdido: ao mesmo tempo desnorteado e na perdição. Por mais que procure e fixe referenciais para mim, eu os apago à medida que me debato. Vã gesticulação que se dá ares de ação, ainda mais patética por eu tomar consciência dela e não poder fazer nada. Se viver é sentir-se perdido, a lucidez é saber-se perdido.

Frédéric Schiffter, Sobre o blablablá e o mas-mas dos filósofos.
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Simplicidade


A simplicidade é esquecimento de si, de seu orgulho e de seu medo; é quietude contra inquietude, alegria contra preocupação, ligeireza contra seriedade, espontaneidade contra reflexão, amor contra amor-próprio, verdade contra pretensão…o eu subsiste nela, é claro, mas como que mais leve, purificado, libertado.
Para que essas perpétuas voltas sobre si mesmo? Nunca acabaríamos de nos avaliar, de nos julgar, de nos condenar…Nossas melhores ações são suspeitas; nossos melhores sentimentos, equívocos. O simples sabe disso e nem se importa. Ele não se interessa suficientemente para se julgar. Ele não se leva nem a sério nem a trágico. Segue seu pequeno caminho, de coração leve, alma em paz, sem objetivo, sem nostalgia, sem impaciência. O mundo é seu reino e lhe basta. O presente é a sua eternidade, e o satisfaz. Nada tem a provar, pois não quer parecer nada. Nada tem a buscar, pois tudo está ali. Há coisa mais simples que a simplicidade?

André Comte-Sponville, Pequeno tratado das grandes virtudes
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Percorrendo a inexpressão



O grito ficou preso e a explosão se esvaziou em prece de murmúrios lamentosos... Inaudíveis. A imensidão da tristeza, interior demais, não se expressa, sem primeiro desfazer a dimensão abstrata e vazia. Um grito é só um som. Um vocativo solto. Uma onomatopéia ridícula de quase animal. É preciso liquefazer a densidade do sentimento para exprimi-lo. Uma dor imensa em excesso não se exprime. É muda. É paralisante.
Ela provoca cegueira, enrijece e entorpece os canais que a fazem ser comunicada.
Uma dor pungente consome como fogo, e só na sua matéria de cinzas consegue ser expulsa de nós. Ela tem a etapa de arder com a força das altas labaredas, depois arrefece lentamente nas brasas ainda rubras, para finalmente ir passando às fagulhas leves, provocadoras da derradeira fase, a das cinzas puras, ainda mornas e meio consistentes, que enfim o vento leva...
Em meio à dor que aperta a garganta com dedos de aço, é preciso esperar, no tempo. Para depois, delas sair na fênix da linguagem...

Dora Vilela

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 20 de julho de 2008

Pensares descabidos


Dispersa em momentos tão vários e buliçosos, me afasto do meu centro. A solidão, se fazendo rara em mim, traz o medo. Porque só vivo de verdade, em contato com descobertas pessoais. O mundo não pertence a ninguém, e, por outro lado, cabe a quem se apropria dele. Meu mundo é aquele que me circunstanciou. Dele me aposso. Mas, não é uma posse de aprisioná-lo. É antes uma interação de amor. Para isso, busco purificar minha visão e meus sentidos todos. E me exercito em encontrar sextos e infinitos sentidos.
Quero a realidade me surpreendendo sempre, dando cor aos momentos, que, mesmo nas suas dores, me ultrapassam as verdades.
E com tantas armas de pesquisa, não trago mensagens novas a ninguém. Os meus contatos falam de antiqüíssimos fragmentos de mundo. E de alegrias finas que estão por aí.
Trago a sensação delicada de uma chuva que me molhou os cabelos e me escorreu pelos olhos, como se eu chorasse chuva. Ela brincou comigo. Entrego de presente minha oferta simples de um sol matutino que me fez cócegas na mão, e eu rio, de puro gozo, agradada da galanteria dele. Somos companheiros.
Há dias em que vivo o deserto. Contudo, a imensidão de areia seca me mostra o infinito. E me aquieto, porque não posso apreendê-lo e esse fato também é tão bom para um descanso na ignorância, que faz parte integrante de mim e de todos nós.
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 19 de julho de 2008

Contraditoriamente


A vida carrega a morte e o instante fatal, “pari passu” com a festa e com a celebração.
Não há espanto, para quem está cônscio. Nem é caso de depressão.
Viver é morrer lentamente, dentro de um corpo que sente, que sabe o gozo, o prazer do ar inspirado ( e expirado), a saliva no pão odoroso, a quentura do sol no rosto, a mão amada no pescoço, o beijo no lábio fremente.
Viver é fazer o percurso da morte, num riso, que é sempre por um triz. Viver é um risco que se corre. Viver é só uma respiração, em dois tempos. Viver é simples.
E sempre se pode caminhar ao vivo e a cores.
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

O céu não é o limite


O céu da minha manhã, que o olhar capta em ligeiro azul, se prolonga e percebo meu equívoco.
Nessa infinitude, meus olhos não alcançam o limite, e céu significa todo o espaço acima de mim.
Não posso abordá-lo, na minha restrita capacidade. Mas, por isso mesmo me consola porque o penso como um invólucro de todas as coisas abaixo dele.
Ele não é o céu, é o telhado aberto, e ao mesmo tempo abrangente, que me aconchega ao mundo, como se eu fizesse um acampamento de férias e o céu fosse a imensa barraca de lona que nos adicionaria em companheirismo.
Meu céu é de todos e quando eu o contemplo realizo um gesto tão largamente amistoso de comunhão. Efetuo um encontro de olhares, como pipas coloridas que se entrelaçam, lá no alto, numa festa de congraçamento, onde raios de todos os tempos e lugares, provindos dos infinitos olhos do mundo, se tocam e se reconhecem na sua perplexidade.
O céu da minha manhã parece agora se estender majestoso e, ao fitá-lo, meu olhar o transforma em um sagrado dossel do templo da visão humana.
Aí revisito todos os meus amigos que estão longe... e que, de repente, ficam perto.

Aos meus amigos
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Inspiração matutina


com o gosto amargo e doce
do café da manhã,
me inspiro na xícara
e faço o poema

o poema é louvor
do odor, do prazer
e do intenso calor
de um instante de luz

a luz vem da miúda,
diluída, sentida
sensação de esplendor
de sentir o viver

o viver se apega ao tato
da mão que depõe a xícara
no lábio queimando, vibrando,
sugando o negror do café

o café se sacramenta
em força envolvente,
concentrando espaço
entre a consciência e o ser.

Sou lúcida e viva
na boca aquecida
no corpo que sente
pensando e existindo.

Dora Vilela
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Percepções


Atualmente, os dias me têm passado em separado, como se estivessem destacados, sem ligação com o anterior e com o que virá.
Assemelham-se a pequenas pérolas de um colar que arrebentou e cada uma rolou para um canto do aposento. São pérolas sozinhas, não são um colar.
O dia se escoa em mim com sua própria cota, sem continuação da trajetória de ontem.
Esses dias, de que faço referência, diferem das novelas televisivas, com os capítulos se ligando entre si. Vivo a trama toda num só dia. E no outro, ela já está terminada.
Como em filme.
E o dia seguinte se inicia úmido, limpo como uma folha em branco a ser preenchida com uma intriga nova.
Tenho a sensação de habitar o dia, como saída de um ovo, mas sem a ingenuidade dos recém-nascidos.
Faço o aprendizado de esmiuçar as coisas e observar os minúsculos fenômenos. Reduzo a pressa, que me fazia varar os dias como se olhasse de uma janela de trem veloz.
Em cada dia, condenso uma vida total, no presente que ocorre.
Isso não é um esquema. Mas, é um efeito didático.
Vivenciar o dia, em separado, é tentativa de fixar a pulsação que cada minuto traz e atentar na surpresa de existir gratuitamente, sem esperar grandes eventos mundanos.
Ando em experiência de vida miúda que, na verdade, pode ser a experiência mais vital que realiza a autêntica vida Maior.
Dora Vilela
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 15 de julho de 2008

Dj Rafael Lelis


Se falarmos de música eletrônica, vamos encontrar opiniões as mais variadas, desde a dos jovens baladeiros de plantão e apaixonados pelo som que embala suas noites, até os preconceituosos que, mesmo sem conhecer nada dela, detonam como um subproduto cultural.
Para mim, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, vejo a música eletrônica como uma nova linguagem musical, bem inserida à realidade dos jovens desta era, jovens internéticos, orkuteiros, blogueiros, enfim, jovens de um novo milênio.
Como toda nova cultura que se instaura, que busca seu espaço e sua afirmação, está repleta de personagens que vão da mais absoluta mediocridade até aqueles verdadeiramente talentosos.
Para enfocar estes últimos, os talentosos, abrimos espaço neste blog, mesmo fugindo um pouco de sua característica e de sua temática, para falar um pouco de um dos maiores nomes deste cenário musical aqui no Brasil. Refiro-me a Rafael Lelis, Dj e Produtor Musical.
Paulistano de 27 (ou serão 28) anos, que respira música desde garoto com seus 12 anos. Dono de uma sensibilidade musical e de uma capacidade criativa fora do comum, já é nome consagrado no cenário nacional, com suas produções musicais, com destaque para aquelas do estilo "House Tribal". Ouvindo uma produção deste fenômeno ou mesmo sua atuação como Dj, não há como ficar estático, não há como se conter. O sangue ferve, adrenalina é liberada, e logo você se vê contagiado pela magia e pela energia deste som, e seu corpo se integra em uma atmosfera dançante.
Este é o Dj produtor Rafael Lelis, que além deste perfil profissional, é um ser humano da maior grandeza: um cara amigo, leal, sincero, afável, carismático, determinado, simpático, dono de um senso de humor muito próprio, enfim, um cara muito "sem noção".
Para terminar este depoimento, deixo, para os amigos, um play com alguns dos maiores sucessos de Rafael Lelis.
Aumente o som, envolva-se na sua batida, entregue-se na sua vibração.


Remix



Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Arbitrário


Tudo que é arbitrário perde a lógica. Só agora depois de cinco décadas conclui essa lógica. Pouco tempo atrás fui podado pela raiz, tiraram de mim aquilo de melhor que eu tinha. Tiraram o meu desejo.Todo ser vivente deseja. O desejo resume-se na Vida e essa mesma Vida é o resultado dos desejos. Para chegar a esse pensamento, simples, basta tão somente analisar o espaço de tempo decorrido entre o nascimento e a morte. O querer rege esse espaço, seja o querer do ser regido ou não. Algumas vezes consigo reger o querer, isso é algo quase impossível; porém na maioria das vezes o querer me rege. As arbitrariedades do querer é uma loucura que dá medo até em doido. A vida é feita de arbitrariedades.
adptado de Rafael Almeida Teixeira
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 13 de julho de 2008

Esperança


A esperança é calma, segura,
fonte geradora de realizações.
Mesmo em tempos de amargura
ela nos ajuda nas decisões.
A esperança é sábia, pura,
traz consigo diversas soluções,
comove e remove a loucura.
A esperança é a partitura
das mais belas canções.
A esperança cura.
Rafael Almeida Teixeira
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 12 de julho de 2008

Felicidade


Felicidade
Todavia, os seres pensantes têm como objetivo primordial ser feliz.Procuram o belo a todo instante, passam o tempo em busca do caminho da felicidade para então seguir adiante. E assim, uns fogem de casa para ser feliz; outros fogem para casa em busca dessa felicidade; outros ainda, paradoxalmente, não buscam a felicidade a fim de ser feliz.A busca de tal objetivo ah de ser valida sempre. Mas corre risco de ser infinita, de maneira que esse fruto desejado nunca amadurecerá, restando algumas frustrações. Entretanto, o triunfo dessa busca vai depender do método escolhido.Creio firmemente que, a felicidade pode ser encontrada na satisfação com o que temos e com o que não temos. O feio pode ser belo se você souber se satisfazer.
Rafael Almeida Teixeira
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Como Andas?


Ando sem saber pra onde vou.
Ando por caminhos diferentes
pra enganar a solidão.
Ando com a mão aberta
pronta para segurar outra mão.
Ando de olhos vendados,
tateando pessoas,
me entregando a desejos
maquiando preocupações.
Ando olhando pro chão
com a mente na lua,
e o coração na contra-mão.
Ando acendendo vela,
na esperança que o irreal
possa dar sentido,
ao que a razão
fez virar contradição.
Ando como quem nada quer,
como quem nada tem.
Ando como alguém que sonha.
Que sonha andar por caminhos
que eu jamais andei.
Marco Antonyo
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Não Ser


Eu não sou. Prefiro fugir da delimitação em ser alguma coisa. Assim não tenho a preocupação em sustentar qualquer arquétipo. Sem pátria, sem time, sem religião, sem amores ou donos. Posso viver sem o remorso por mudar ou esquecer. Já que nada me pertencia e eu não pertencia a ninguém. E, justamente, por não me apegar, não sou abandonado. Procuro ser minha própria fonte de experiência. A única coisa “divina” em mim é a capacidade em perdoar-me sempre. Sou feliz porque crio minha própria realidade. E só quero ser uma coisa: uma alma livre!
Marco Antonyo
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Uma realidade solitária


Um peixe solitário em um grande aquário. Todos que passam são meros espectadores. Olham o peixe. Alguns admiram, outros riem, outros são apenas desapercebidos e indiferentes olhares. Alguns apenas procuram ver o próprio reflexo no vidro do aquário. Mal notam o peixe. E o peixe? O peixe nada em círculos, busca razão para existir e viver naquele aquário, às vezes tenta se afogar, inútil a água que entra em suas guelras não o mata, apenas o faz mais vivo. E nem a coragem para pular do aquário ele tem. Na escala das compensações ele crê que o melhor é viver. Mesmo sem muito sentido pra isso. A esperança, de que algum acontecimento mudará toda a realidade solitária do peixe no grande aquário, o faz querer viver. É a esperança que mantém todos vivos.
Marco Antonyo
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Quando tudo não passa de sonhos


E quando tudo não passa de sonhos? A realidade fica sem sabor. A dor maior que a existência. Só uma profícua esperança te mantém em pé. E não se acredita mais nos deuses. Nem se droga para pintar o cotidiano. Não se avista o colorido de nada. Nem se alegra da companhia de alguém. O sexo vira subterfúgio. Quero uma sonda de barbitúricos constantes. Uma venda pra tapar o sol. E no Ipod mp3 de Joss Stone e Chirs Garneau.
Marco Antonyo
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Hospedeiro


Nasci nas ruas de pensamentos solitários. Não tinha sentimento para morar. Fui explorado por medos que me aprisionaram distante de onde eu era. Desisti de me libertar por muito tempo, até que um dia tentei. Fugi, e por não saber para onde ir, morei na própria ida. Falido, vivia em personalidades de aluguel, das mais baratas que encontrava. Cheguei a erros que me furtaram algumas esperanças que economizei desde cedo. Cheguei ao passado disfarçado de futuro. Cheguei a paixões que nem sempre chegaram a mim. Sem saída, cheguei à tristeza. Mas minha tristeza nunca soube me acolher. Cheguei a sonhos, depois à insegurança. Depois a sonhos. Voltei, encorajei, passava por contradições na ida-volta-e-não-ida. Guardei o endereço de algumas palavras que fiz amizade no caminho, mas nunca encontrei as verdadeiras palavras que me inventaram.
Hoje, superei meu abandono e transformei-me em uma re-invenção de mim. Não procuro mais onde viver, realizei meu sonho: sou casa própria. Estou sempre em obras e aberto a visitas. Uma moradia sólida, espaçosa e um hospedeiro insaciável: abrigo mais do que fui capaz de ser.Sou muito mais do que já fui capaz de abrigar.
Fernando Palma
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 6 de julho de 2008

O Novo é o Novo


O novo é energia magnética que me atrai e me leva à frente de mim mesmo. Eu sou o novo na experiência de meu momento como consciência que percebe. O novo não é algo que pode ser descoberto, pois o novo não se esconde, ele está aí. Antes, sou eu que me escondo do novo na ignorância de não olhá-lo. Não é algo que descoberto, seja, a partir de então, a solução permanente de um cotidiano monótono. O novo é novo, porque é momento, não pode ser repetido.

Ele é individual porque é percepção, porque é unidade de consciência no indivíduo. Tudo é novo, nós é que somos velhos irritados com a mutabilidade, com a novidade de tudo. A eternidade nos assusta porque pensamos na repetição infinita do que somos: velhos.

Há cansaço nisso. Há monotonia sem fim. Há declínio da percepção do que é novo. Há necessidade de estar seguro, amparado por um sistema de "novos" que se sucederam e foram inúmeras vezes testados. Formas criadas como bolhas no mar cósmico da insegurança do que não conhecemos. Belas visões de segurança. Mas apenas visões...

O século XXI ainda significará para a humanidade um novo estado de consciência, algo que hoje é fruto da aspiração daqueles que buscam um estágio superior de evolução. Entretanto, essa época que vislumbramos através dos reflexos dourados que nos toca o espírito, não virá por meio de uma doação divina.

Ela será forjada com o fogo da inspiração da consciência, uma conquista do espírito humano realizada pela transformação individual. A velha fórmula será consumida pelo fogo ardente do coração e o novo emergirá de dentro do ser humano sequioso, vivo, sedento e em infinitas buscas.

Eduardo Luppi

Postado por Antônio Costa Neto . blog mudandoparadigmas

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 5 de julho de 2008

Porque somos tão Burros?


Por que somos todos tão estúpidos? Por que, em plena “sociedade da informação”, as pessoas vivam justamente o paroxismo da desinformação, da ignorância, da imbecilidade? Por que as pessoas, por exemplo, confundem filosofia com metafísica e saem por aí dizendo cretinices como “a filosofia não serve pra nada?”
As pessoas não sabem que todas as ciências modernas foram criadas, sim, por filósofos? Que, por exemplo, o protocolo “www”, alicerce da internet tal e qual a utilizamos cotidianamente, foi criado por Tim Berners-Lee, e que Berners-Lee se inspirou, entre outras coisas, nos estudos de um filósofo e sociólogo chamado Ted Nelson? As pessoas acham que a medicina, as engenharias, a biologia, a física e a química foram criadas por indivíduos desde aqueles dias assim, especializadíssimos? As pessoas acham que a filosofia trata apenas de coisas abstratas, sem nexo e sem conexão com a realidade imediata?
As pessoas são burras? Você, leitor, é burro? Eu sou burro? O burro é burro? O que é burro? Eu acho que todos somos muito burros, sim. Eu mesmo sou uma anta. O Lino, quando eu ainda estava em Silvânia, disse que eu sou um sujeito muito inteligente, mas ele que me desculpe, porque eu não sou não. Eu sou é burro demais. Já passei por um monte de coisas e nunca aprendi nada. Li uma pá de livros e estou sempre relendo um ou outro pra ver se gravo alguma coisa que preste. Cometo sempre os mesmos erros. Pior do que isso: há quem me pague para cometer erros.
O mundo é mesmo um globo super-povoado por gente burra, não? Mas aonde eu quero chegar? Exatamente aqui: as pessoas falam o tempo todo sobre um monte de coisas, mas não fazem idéia do que estão falando. As pessoas são, em tese, animais racionais, mas agem o tempo todo de forma irracional. Mas por que isso acontece? Por que as pessoas viraram as costas para toda a tradição cultural do Ocidente? As pessoas, em geral, estiveram, em algum momento, de frente para toda a tradição cultural do Ocidente?
Por que as pessoas, para usar aquele mesmo exemplo, dizem que “a filosofia não serve para nada” sem, contudo, saber, de fato, o que é filosofia? As pessoas, quando usam o termo “filosofia”, têm consciência do que estão falando? Sabem que filosofia não é só metafísica e abstrações e masturbação mental, mas também estética, lógica, epistemologia, ontologia (não, eu não escrevi “odontologia”, eu escrevi “ontologia”) e um monte de outras coisas?
Voltando novamente ao ponto: por que isto acontece? Eu digo que isso acontece por culpa da escola. Todo mundo, ou quase todo mundo passa anos e anos na escola estudando coisas como história, geografia, álgebra e trigonometria, mas ninguém sabe para quê. Um engraçadinho poderia dizer: Para passar no vestibular. Não é pouca coisa, está certo, mas e daí? Existe algum significado real em entender as causas e conseqüências da Revolução Francesa? Existe algum significado real em saber calcular uma hipotenusa? Existe algum significado real em saber desenhar a fórmula estrutural do ácido sulfúrico? Você, professor de física, pergunte ao seu aluno do primeiro ano: Por que estudar o movimento retilíneo uniformemente variado? Você, professor de literatura, pergunte ao seu aluno do terceiro ano: Por que estudar a Geração de 45?
E não aceite como resposta qualquer coisa associada a passar no vestibular. Pergunte pelo significado real (se é que existe algum) de cada uma dessas coisas. E, afinal, quando confrontado com aquele silêncio sepulcral, pergunte a si mesmo, professor: O que eu estou fazendo aqui? Por que eu estou aqui?! Eu penso que a forma como os jovens são educados é errada. A maneira como conteúdos e conceitos são transmitidos é errada. O modo como procuram criar cidadãos conscientes é errado porque os educadores muitas vezes não são cidadãos conscientes. O que acontece, então? E qual seria a “maneira correta”? O que acontece é que o estudante conclui o ensino médio, mas é incapaz de formular um raciocínio completo e coerente. O que acontece é que muitos professores são incapazes de formular raciocínios completos e coerentes. O que acontece é que o professor de exatas despreza as humanidades porque não enxerga nelas qualquer “funcionalidade”, qualquer “valor prático”.
O que acontece é que o professor de humanidades despreza as exatas porque nunca conseguiu calcular aquela maldita hipotenusa. O que acontece é que ninguém sabe nada sobre coisa alguma. Os alunos não aprenderão enquanto não houver uma reforma ou mesmo uma revolução no ensino. Os alunos não aprenderão enquanto os educadores não compreenderem que têm de ser mais flexíveis. Os alunos não aprenderão enquanto os educadores não se adequarem a eles, porque, sim, o sistema que precisa se adequar aos estudantes, não o contrário.
Como fazer um adolescente entender e obedecer a uma disciplina, para os padrões dele, desgraçadamente rígida? Como pretender que um adolescente “fique quieto e aprenda” quando o que é ensinado, da forma como é ensinado, simplesmente não o interessa? Como pretender que um adolescente “fique quieto e aprenda” quando ele sequer pode escolher as disciplinas que mais lhe interessam? Com a desculpa de oferecer uma “formação ampla” aos estudantes, acabam oferecendo uma formação nula. Como pretender que um adolescente “fique quieto e aprenda”, por exemplo, geografia quando, no fim das contas, nem o professor de geografia compreende o que é que está ensinando e por quê? O que temos hoje no sistema educacional em todo o mundo é uma cadeia de erros que perpetua a burrice, a apatia, o desinteresse.
Uma cadeia de erros que forma milhares de profissionais especializadíssimos, mas - inacreditavelmente - despreparados. Uma cadeia de erros que está relegando ao abismo toda uma tradição cultural porque as pessoas não pensam mais, as pessoas não raciocinam mais, as pessoas não têm mais bases para pensar e para raciocinar, não têm mais bases para se situarem historicamente, filosoficamente. Como uma pessoa acéfala, amante das novelas e séries globais toscas que, não, não abordam a realidade cotidiana, mas uma idealização cretina da mesma, como uma pessoa assim pode ter subsídios para, por exemplo, apreciar a contento um material riquíssimo como a adaptação de A Pedra do Reino, na mesma Globo?
As pessoas vivem dispersas no vácuo, girando e girando pela eternidade afora, sem qualquer referência, divorciadas dos outros e de si mesmas, divorciadas até mesmo de Deus, posto que a idéia de Deus, como defende Baudrillard, perdeu-se em razão de simulacros e de rituais vazios, perdeu-se nos vãos da burocracia das religiões. No fundo, além de burros, somos todos ateus. E, não, as coisas não vão melhorar.
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André de Leones
Jornal A VOZ de Silvânia - Goiás

Postado por Antonio Costa Neto . blog mudandoparadigmas
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Palavras Amarrotadas


não existem razões para a razia da oculta neve das poucas palavras.
o impulso é um arco que se desfaz na certeza de que a razão é polar.
e rasgada a porta o que sobra é um anel coletivo de guindastes.
nada é tão pouco relevante como as palavras.

nada é o milagre da vibração.

um tempo de certo sítio.

um fósforo.

um palpite estéril.

e o inverso do refúgio.

unge-se a boca de silêncio.

eterno confidente da água.

a mesma que sendo silvestre não chega a ser claridade.

estrangulada veia que amortece a queda e fura o barro.

palavras vãs que nada são sendo incadência de vértebras soltas.

mutilada palavra que os olhos devassam.



"O verbo distorcido aguarda, receoso, a frieza invencível da razão clara .Viscoso e mole o mutismo dos homens flanqueia a gelatina estática do caos ."


blog o piano . Isabel Mendes Ferreira
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A arte do sonho é o elogio da tua sombra


_______o céu não basta. nunca bastou. _________nem a branda ternura mata-borrão. matemática mansa a multiplicar a incógnita exponencial do conhecimento das emoções. o coração a bater recordes. um despertador gigante a marcar a hora de dar e receber. recebi ontem ordem de andar. e andei. o corredor sujo cinzento e comprido acabava na sala A. quadrada vazia . ovo morto desinfetada . uma bata branca com olhos de ave de rapina mandou-me sentar . nome idade estado civil morada profissão se tinha frio sede fome dor . se via bem .via via vultos muitos iguais entre si e a mim . pendurados no meio do silêncio ajeitados na corda de um silêncio escanzelado . vultos a vomitarem palavras frases de um concerto de facas e violinos . via bem sim só não percebo o que faço aqui . o nome o meu nome o nome deste corpo amarrado a uma gaze transparente e pequena demais para mim . não sei . nem quero saber . quero dormir . a bata branca com olhos de ave de rapina sorriu . parecia simpática .é um homem aposto . aposto que é médico . daqueles que tratam os que se destrambelham por inteiro . deve ser o meu caso .aposto . o nome? está bem não faz mal . esqueça .tem dormido melhor? ah eu agora dormia mal? e como é que ele sabe? sim agora durmo mais . e sonho menos . os meus sonhos? são bom os meus sonhos são imagens paradas fotolitos encerados de bruma rostos que desconheço mas que se penduram sobre a cabeça entre os cabelos presos por molas de aço rostos brancos e como gosto de cores pinto-os . de apatia . de areia . de granito verde . é verdade olhe lembrei-me agora é isso sou pintora . escreva aí .e a bata branca escrevia escrevia escrevia sem parar . meticulosamente . se calha era um escritor em estágio . para inventar dissecar os meandros ínvios da loucura .sim por que estou num hospital psiquiátrico entregue à estúpida curiosidade mórbida de qualquer um ou de uma bata branca . era previsível . mais dia menos dia . foi só apanhar a vírgula que separa a aparente normalidade da demência concreta . vem no catálogo do riso e do esgar . por sorte não me lembro da ruptura . que fio se partiu . quem se fartou de me ouvir tocar sonatas para pássaros . os pássaros passam .voam .fogem .livram-se . a passagem . os passos . as garças .as garças não têm graça . nem alças . alçam para lado nenhum . pois está bem . já não quero fingir . sou isto . um corpo amarrado ao chumbo . agora posso falar alto falar sozinha escrever nas paredes escrever na água . beber um alfabeto de areia . beber tinta comer livros e fumar . fumar muito . não vivo na califórnia e o meu polícia privado e saudável está longe .doente . insana . demente . inclemente . agnóstica . árabe . descalça . pastando cabras ao meio dia no meio do nada . um quénia dentro da avenida . louca louca varrida . fechada numa cela branca . à prova de vitalidade e sais minerais . ovo partido casca de vidro . objetivo? dormir dormir e dizer disparates sossegados tranquilizantes frases soltas com vogais partidas ao meio e um intervalo ao canto para espreitar metáforas in.férteis molhadas de baba que a bata branca escreve . descodifica . adultera . reduz . aumenta . simples eficaz leve . finalmente tenho uma profissão . enlouquecimento galopante e versátil . nem sou obrigada a dizer boa noite . boa foi desta consegui entrei no charco no reino de Erasmo olá Camilo olá Kafka cheguei . é meu este prato de ficção . viva a eternidade num copo de vallium ardente . alguém me gela o estômago alguém me corta o cabelo? é tudo uma questão de justiça dizes tu ou uma banda mal desenhada . trágica e supérflua anavalhas os verbos com açúcar de groselha . basta de resina . não sabes viver . pois não sei . sei que estamos em Roma a lamber massa escorregadia e que estás cansado do meu olhar volátil e volúvel e que apago a chama e cada dia estou mais fraca baça inconsistente inconformada pesada andrógina marginal pois perdi o pé cansei afundei-me na banheira . Roma podia ser Paris Boston ou Lisboa . se gosto de ti? como posso não gostar se me és a única face que reconheço? injusta? não te facilites tanto . a vida pregou-nos uma partida . legítima . dura . para sempre . eu queria a tua sabedoria tu exigias a minha alma . tu desenhaste um desvio eu enfiei-me no buraco negro que já conhecia . voltar atrás para quê? não há regresso . nunca . só um porto destruído. onde as esponjas mortas amortecem os suspiros e rompem as redes . ________ a bata branca adormeceu no meio da tarde . o mesmo medo a mesma ilha . a vida arredondada à volta de um remo partido . o fundo do mar . a inexplicável ausência da primeira pessoa . nenhuma memória . singular destino traçado por um bando de pássaros . que odeio . fecho o piano . largo-me pelo mar . bem adentro . rasgo a bata branca e danço a Lacrimosa com sapatos de lata . _______________ fica o arrepio ou o argumento de Braque .


( ... é mais nítido agora o silêncio que me envolve . como se a morte ou apenas o pressentimento dela viesse, de mansinho, ao meu encontro . )( Anoto nas paredes o eco dos teus passos, mensageiro do mais remoto assombro em que te sei .)
______ in "Uma extensa mancha de sonhos", de Graça Pires . (último livro publicado)
Isabel Mendes Ferreira . blog o piano
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

É só um blog


enfim, é o que tem pra hoje é só um blog e

não interessa NADA

nada


nada .

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tudo o que tenho para dar é este fio . melancólico frio . apelo de pele pastoril . recato de flauta enquanto guardo a montanha e o deslize das águas .

veloz natureza a ser canto e chão . aberto . e nunca de estrelas .
tecido propício ao vento . face a face na espessura do silêncio .


e tanto por aqui

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 1 de julho de 2008

E todo o mar é daqui





e todo o mar é daqui

.para te nascer fiz . me de pó . vermelho . de útero . ou de jasmim . na beira das marés . rigoroso cálice de silêncio . ou de cinzas . como o pensamento à deriva de nenhuma calmaria . ___ luminoso rasgão de seiva o teu nome é filho de um ventre aceso .___ Nasço-me para te morrer . ___ em Sim . interior destino de Fuga.
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daqui não partem .antes chegam navios como braços . amarrados a um destino de névoas e de lâminas . como fado ou luminoso adeus adentro da música .
aqui só o silêncio indígeno que prende a alma ao corpo e este À sombra . ___ embate de universos dentro de pequenos barcos . como estrelas ou Antúrios. ___ trânsito cego no mar amoroso que sangrante e febril é alegria e cartilagem de ave . Daqui não partem. aterram ossos . ascendem anjos . Mudos . falsos navios no olhar . Narrativas de escarpas . Muros que não desvendo.
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barco dos milagres . explícito nas perguntas . remos que à proa de mim não são farpas antes a hora da sombra . claríssimo brilho do passo certo . a música é a planície a casa a fonte o mar a chegada . chego .nos . devota de Joyce . caligraficamente vazia . na metade do dia . do amor .


Love of my Life


LOVE OF MY LIFE - QUEEN

tamanha beleza e sensibilidade me obrigaram a surrupiar este post de uma grande amiga, para assim poder compartilha-lo com os leitores deste canto de emoções .

obrigado isabel mendes ferreira . blog o piano .

suas emoções extrapolaram todos os limites .

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

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