sábado, 31 de maio de 2008

Estações do Amor


Quero apenas cinco coisas.
Primeiro é o amor sem fim.
A segunda é ver o outono.
A terceira é o grave inverno.
Em quarto lugar o verão . A quinta coisa são teus olhos.
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

Pablo Neruda

Ao contrário de Neruda, não abrirei mão da primavera porque contém flores primeiras que enriquecem muito mais o amor. Pensei em abandonar o inverno, por trazer em sua essência a frieza de todas outras estações, ou mesmo o vento outonal, que arrasta todas as vontades dos olhos dos que acreditam. Tentei eliminar o verão, seu denso sol, e todos os matizes que ressecam as ilusões de um poeta mas, descobri maravilhado que, para se amar, não se precisa abandonar nenhuma estação porque, no amor, há espaço para todas elas, pois ele expande o nosso coração e abre-o para uma vida muito próxima da plenitude.


As Quatro Estações - Vania Abreu



Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Viúva


... e não vi nenhuma das vezes em que a porra da andorinha entrou. Acho que eu estava virada para a parede, sendo lambida pelas caras de manjar branco desses papa-defunto-de-velório. Eu queria é estar fazendo feira agora, escolhendo abacate pra comer com açúcar quando chegar em casa, coçando o dedão do pé. Droga, a gelatina acabou e não fiz mais. Gente egoísta... Olham pra mim, o Delei mortinho-da-silva todo carbonizado no caixão, e dizem: "meus sentimentos, meus sentimentos..." Quero que vá todo mundo se foder com tanto sentimento. Eu sei o que é foder, o Delei me fodia e me fodia com gosto. Muito choro, vela pingando, fogo, gente gemendo baixinho, esse velório tá me dando uma tesão danada... Ah, Delei, e agora? Marido quente ainda no caixão e eu aqui pensando em foder, mas ué!: alguém tem que pensar! Outro homem na minha vida?? Só se for pra me foder muito! Dinheiro, não tenho. Não quero amolação de marido chegando com bafo de cachaça em casa: vai morrer pra lá — eu já enterrei um, não enterro outro. Nossa, tanta vela... tenho que ir na macumba pra jogar um búzio pra ver o panorama da situação... A Light vem cortar a luz na sexta se eu não pagar, vou pedir à Zezé uma grana pra pagar a luz esse mês — qualquer um vai ter piedade da viúva, vou deitar os cabelos. Puta que o pariu, tivessem cortado a luz anteontem tu não tinha morrido, Delei... Tu é um corno mermo.
Daniel C. Z.
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A Paz ou o Nada


Um dia dormirei para sempre.
Será como antes de ter sido concebido:
sem memória, esperança, aflições e sonhos.
Eterna privação dos sentidos!
Serei esquecido e conseqüentemente,
não lembrarei de nada.
A dor e o prazer não mais me alcançarão.
Será isso a paz ou o nada eterno?

Marco Antonyo


Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Carta a Meneceu . Epicuro


Ao lado de uma 'Carta a Heródoto' e de uma 'Carta a Pítocles', esta 'Carta a Meneceu', de Epicuro a outros de seus discípulos, é mais conhecida como 'Carta sobre a felicidade', já que versa justamente sobre a conduta humana tendo em vista alcançar a 'saúde do espírito'.

"Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la..."
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 27 de maio de 2008

De que vale tudo isto?

De que vale tudo isso, se você não está aqui
De que vale tudo isso, se você não está aqui
Meu amor há quanto tempo eu não falo com você
Isso só me deixa triste e sem vontade de viver
E o meu amor que é puro, pode crer, meu bem eu juro
É tão grande que duvido que outro igual possa haver
Tanta coisa boa existe e eu aqui, meu bem, tão triste
É demais qualquer minuto sem você
De que vale tudo isso, se você não está aqui
De que vale tudo isso, se você não está aqui
Se eu ficar aqui pensando, sou capaz de enlouquecer
Suportar eu não consigo, tanto tempo sem te ver
Sem você e o seu carinho eu não posso mais ficar
E não sei até que dia eu terei que te esperar
Meu sorriso é tão triste, já nem sei mesmo sorrir
É demais qualquer minuto sem você
De que vale tudo isso, se você não está aqui
De que vale tudo isso, se você não está aqui
Mas eu sei que o dia que você pra mim voltar
Minha vida outra vez alegre vai ficar
Toda essa tristeza de repente vai ter fim
No dia que você voltar pra mim
De que vale tudo isso, se você não está aqui
De que vale tudo isso, se você não está aqui


Roberto Carlos

12 De que vale tud...

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Amor-Próprio


"... Todas as ações são autodirigidas, todo serviço é auto-serviço, todo amor é amor-próprio. ... Cave mais profundamente e descobrirá que não ama a eles: ama isso sim as sensações agradáveis que tal amor produz em você! Ama o desejo, não o desejado. ..."


Irvin D.Yalom

Trecho do livro "Quando Nietzsche chorou"

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 25 de maio de 2008

Sem Preconceito . Sem Homofobia



Hoje, dia 25 de maio, acontece em Sampa, o maior evento de cidadania do mundo, a XIIº Parada GLBT de São Paulo. Contra todo e qualquer tipo de preconceito, pelos direitos das minorias, contra a homofobia, enfim ... por verdadeiro mundo democrático e livre.


São três milhões de pessoas em luta por seus direitos.

Um exemplo de cidadania.

Participe.

Apoie.

Respeite.






Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Minhas Putas Tristes



"... Fazia anos que estava na santa paz com meu corpo, dedicado à releitura diária dos meus clássicos e a meus programas privados de música culta, mas o desejo daquele dia foi tão urgente que me pareceu um recado de Deus. Depois do telefonema não consegui continuar escrevendo. Pendurei a rede num canto da biblioteca onde o sol não bate pela manhã, e me entendi com o peito oprimido pela ansiendade da espera. ..."



Gabriel García Márquez

Trecho do livro "Memória de minhas putas tristes"


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Beijo no Asfalto


"... - Eu te contei. Propriamente, eu não. Escuta. Quando eu me abaixei. O rapaz me pediu um beijo. Um beijo. Quase sem voz. E passou a mão por trás da minha cabeça, assim. E puxou. E, na agonia, ele me beijou. (...)"


Nelson Rodrigues

Trecho do livro "O beijo no asfalto"

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Vai catar coquinho . vai!!!


"... Sei que você vive falando de mim por aí sempre que tem oportunidade, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço. Ainda mais quando é enfática como a sua - todos ficam interessados em conhecer uma pessoa que é assim, tão o oposto de você.E convenhamos: não existe elogio maior do que ser odiado pelos odientos, pelos mais odiosos motivos. Então, ser execrada por você funciona como um desses exames médicos mais graves, em que "negativo" significa o melhor resultado possível.Olha, a minha gratidão não tem limites, pois sei que você poderia muito bem estar fazendo outras coisas em vez de me odiar - cuidando da sua própria vida, dedicando-se mais ao seu trabalho, estudando um pouco. Mas não: você prefere gastar seu precioso tempo me detestando. Não sei nem se sou merecedora de tamanha consideração.(...)Pena que você não esteja me vendo neste momento, inclusive, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido - e me odiaria ainda mais."

Fernanda Young
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Diâmetro do Amor


Volta logo, meu amor!
Eu só escrevo por não saber o que fazer com as mãos
quando o nosso abraço termina.

Marla de Queiroz

GalCosta_Volta.mp3

Paulo Braccini

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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Amor entre "aspas"


Apenas as tuas
letras
me dão essa vontade
- imortal
de te comer
entre "aspas."

Dira Vieira




"Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor"

Chico Buarque





Paulo Braccini

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sábado, 17 de maio de 2008

Amor Transgênico


"(...) O amor cria momentos em que temos a sensação de que a "máquina do mundo" se explica, em que tudo parece parar num arrepio, como uma lembrança remota. E não falo aqui dos grandes momentos de paixão, dos grandes orgasmos, dos grandes beijos - eles podem ser enganosos. Falo de brevíssimos instantes de felicidade sem motivo, de um mistério que subitamente parece revelado. Há, nesse amor, uma clara geometria entre o sentimento e a paisagem, como na poesia de Francis Ponge, quando o cabelo da amada se liga aos pinheiros da floresta ou quando o seu brilho ruivo se une com o sol entre os ramos das árvores e tudo parece decifrado. Mas não se decifra nunca, como a poesia. O amor é uma tentativa de atingir o impossível, se bem que o "impossível" é indesejado hoje em dia; só queremos o controlado, o lógico. O amor anda transgênico, geneticamente modificado, fast love.(...)"



Arnaldo Jabor
(trecho da crônica: O amor impossível é o amor verdadeiro)


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Sabedoria




“Nossa vida é curta e triste: quando chega o fim, não há remédio, e não se conhece ninguém que tenha voltado do mundo dos mortos. Nascemos por acaso, e depois seremos como se nunca tivéssemos existido. Nossa respiração é fumaça, e o pensamento é uma faísca produzida pelo pulsar do coração. Quando a faísca se apaga, o corpo se transforma em cinza e o espírito se espalha como ar sem consistência. Com o tempo, o nosso nome fica esquecido, e ninguém mais se lembra do que fizemos. Nossa vida passa como rastro de nuvem, e se dissipa como neblina expulsa pelos raios do sol e dissolvida pelo seu calor. Nossa vida é uma sombra que passa, e depois de morrer não voltaremos. Colocado o lacre, ninguém mais poderá retornar.Sendo assim, vamos gozar os bens presentes e usar as criaturas com ardor juvenil. Vamos embriagar-nos com os melhores vinhos e perfumes, e não deixar que a flor da primavera escape de nós. Vamos coroar-nos com botões de rosa, antes que murchem. Que nenhum de nós fique fora de nossas orgias. Vamos deixar por toda parte sinais de nossa alegria, porque essa é a nossa sorte e o nosso destino.”


Bíblia. Livro da Sabedoria 2,1-9




"A vida é apenas uma ponte entre dois nadas e tenho pressa."

Caio Fernando Abreu

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Esquecido

ando esquecido
esquecido
do amor que sinto
ando seguindo
o amor que sinto
ando pelas esquinas
me esquivando
esquecido
arrependido
agenda vazia
memória vazia
ando esquecido
nem escrevo mais
não sei mais o que escrever
ando esquecido
sem dia
sem saber o que faço
sem saber para onde vou
ando esquecido
do amor que sinto
das paixões que tenho
esquecido
de dizer que amo
esquecido
de dizer que gosto
ando esquecido
ando querendo esquecer
para não lembrar
para não sofrer


Eduardo Santos
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O Crime da Sardinha


Tinha muita gente em volta dela e a maioria com olhares esbugalhados.
Não era pra menos, não é todo dia que se vê alguém bater as botas assim, no meio da rua.
Muito menos quando a falecida exibe um traje tão excêntrico quanto aquela fantasia de sardinha. - Quando ouvi os tiros, me escondi na primeira lojinha que vi pela frente.
Só pude ver um carro bege, saindo em disparada!
- Ela tava atravessando a rua.
O carro avançou o sinal e parou bem ao lado dela.
- Eu estava bem ali, perto da banca de jornais.
Vi quando atiraram na coitada de dentro do carro. Foram 3 tiros, pobrezinha!
- Olha, eu tenho lá minhas dúvidas.
Eu nunca confiei muito nessa sardinha, viu!
- Eu também não.
Acho que ela estava envolvida no tráfico!
- Será?!? Mas ela trabalhava na peixaria Zé Peixão.
- Pura conveniência! Quem ia desconfiar de uma sardinha?
- É...
- Pois é...
- Que horror!
- É... O zum-zum-zum só aumentou quando a ambulância se aproximou do local, estacionou e expeliu alguns para-médicos.
Apesar dos avisos da população alvoroçada, de que a vítima já tinha feito a passagem, os homenzinhos de uniforme não deram a menor trela.
- Pessoal, vamos dar licença! Precisamos socorrer a vítima.
Não demoraram muito para notar que já não havia mais nada a fazer.
Estava mesmo, a estatelada sardinha, mortinha da Silva.
A polícia, nesse momento, também já estava por ali levantando algumas informações sobre o caso.
Observavam o corpo da vítima e conversavam com alguns dos presentes que disputavam para contar sua versão do bizarro assassinato.
Foi uma longa e inesquecível tarde pra aquela cidadezinha.
Os curiosos só arredaram pé dali quando o corpo foi recolhido, encaixotado e levado embora. Quem viu, conta até hoje a história da sardinha que, como tantas outras, acabou enlatada.
Blog Hamburguer com Goiabada
Paulo Braccini
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terça-feira, 13 de maio de 2008

Romeu e Julieta


Somos um soco suave na cara
E o sangue escorrendo na boca
Somos línguas entrelaçadas
Entre amargos palavrões
Entre os vãos
Nas vias do seu ar
Nas artérias do seu mar
Sou barreiras

Há ingenuidade quando nos atracamos
Nos mordemos com leveza
No labirinto das nossas paixões
As saídas esconderam
Nossos nomes escreveram

Tanto ódio em rios vermelhos
Sem saber que nossas vidas
Imoladas, os estancarão


Blog Hamburguer com Goiabada
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Carta de Fernanda Young . Ao Órgão Responsável


Caro Pênis

Tenho notado você olhando torto para mim. Às vezes, basta eu chegar e você se levanta. Por acaso, você tem algum problema pendente comigo?
O fato de nós estarmos em lados opostos não nos faz inimigos. Ao contrário, guardo um espaço especial para você, dentro de mim, e seria ótimo se pudéssemos nos unir em prol de algumas novas conquistas. Os atritos, como em qualquer relação, são normais e bem-vindos.
Você me acusa de ser difícil, mas não conheço personalidade mais instável que a sua. Quando eu quero conversar, você se recolhe. Quando canso de tentar, você se anima. Quando finalmente penso entender aonde você quer chegar, você se coloca numa posição diferente.
Sei que a vida talvez lhe pareça mais dura, já que é de você que são cobrados rendimento e desempenho. Mas o mundo não gira em torno da sua existência como você pensa. Diria até que, nas horas mais tensas, você sempre dá um jeito de ficar de fora. Até no momento em que sua participação se faz necessária, a continuidade da espécie, você se limita a entrar com metade da matéria-prima e deixa o resto para lá.
Dizem que eu tenho inveja de você – mas inveja de quê, afinal? Você, desculpe, está longe de ser bonito. Trabalha num ramo de atividade sem o mínimo de charme: a remoção de detritos. Mora num lugar abafado, onde o sol nunca bate. Freqüenta locais escuros, de reputação duvidosa, em busca de um tipo de divertimento que já se encontra à mão, em sua própria casa. E aquele seu melhor amigo, convenhamos, é um saco.
Mesmo assim, quero frisar, tenho por você imensa consideração e simpatia. Mais que isso – sempre busquei a sua aprovação de alguma forma, atrás de sinais de que estaria agradando. Você, por sua vez, nem sequer disfarça seu completo egocentrismo. Fazendo-se de sonso e sumido, após satisfazer as suas necessidades.
Você se diz sensível, porém jamais se preocupa com o que o outro está sentindo. Quer apenas ocupar seu espaço e atingir as suas mesmas velhas metas de crescimento. Deveria tentar aumentar suas expectativas, ampliar seus horizontes, investir na sua cultura. Qual foi a última vez que você viu um filme decente?
Sei que dificilmente vou conseguir abalar sua enorme auto-estima, mas, sob meu ponto de vista, você não passa de um solitário, perdido em sonhos impossíveis e cercado por uma situação bastante enrolada. Acha-se o máximo, superextrovertido e revela-se um bobo alegre com pinta de seboso. Um cabisbaixo carente, o tempo todo em busca de qualquer carinho.
Disponho-me a ajudá-lo, colega, caso você reconheça seus defeitos e fraquezas. Posso até te indicar um bom analista. Somente recuso-me a continuar a ser cúmplice na perpetuação de um equívoco.
Você não é melhor que ninguém, temos o mesmo tamanho nesta história – de fato, se você cabe em mim, sou necessariamente maior que você.

Fernanda Young é escritora, roteirista e apresentadora de TV.




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Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 11 de maio de 2008

Mãe


Para completar o homem, Deus a fez mulher...
Mas para participar no milagre da vida, Deus a fez mãe.
Para liderar uma casa, Deus a fez mulher...
Mas para edificar um lar, Deus a fez mãe.
Para estudar, trabalhar e competir, Deus a fez mulher...
Mas para guiar a criança insegura, Deus a fez mãe.
Para os desafios da sociedade, Deus a fez mulher...
Mas para o amor, a ternura e o carinho, Deus a fez mãe.
Para fazer qualquer trabalho, Deus a fez mulher...
Mas para embalar o berço e construir um caráter, Deus a fez mãe.
Para ser princesa, Deus a fez mulher...
Mas para ser rainha, Deus a fez mãe.
Você o mais lindo presente de Deus me deu.
Quero ser uma dádiva de Deus para você,
Parabéns Mamãe te amo muito.
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 10 de maio de 2008

Homenagem a Artur da Távola


Falecido ontem, prestamos aqui nossas homenagens ao ilustre homem público, jornalista e escritor, Artur da Távola. O Brasil, terra tão carente de homens deste porte, perde mais um de suas maiores expressões culturais.


"(...)” Eu amo" e "Eu sinto amor" não quer dizer o mesmo.
O presente de amar não deveria ser amo e, sim "eu amoro", etc.
Amo é o presente do verbo Amor.
A plenitude só se dá quando amor e amar coincidem.
Amar é calor. Amor é o sol.
Amar é continente. Amor é conteúdo.
Amar é buscar. Amor é saber.
Amar é liberdade. Amor é sabedoria.
Para se amar, não é necessário o amor.
E, sem o amor, o amar passa.
Quando existe amor, o amar é melhor. E pode durar.
Amar por amor eis a perfeição.
Amar é posse. Amor é doação.
Amar foge. Amor reúne.
Amar é delícia instintiva. Amor é milagre existencial.
Amar tolda. Amor revela.
Amar é alegria. Amor é felicidade.
O amar sente. O amor sabe.
O amar está. O amor é."


Artur da Távola
Paulo Braccini
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sexta-feira, 9 de maio de 2008

Cinco ao Cubo

Recebi esta tarefa de um grande amigo, que conheci no Orkut e depois na roda viva da blogosfera. Desde o primeiro instante percebi que poderíamos nos tornar bons amigos virtuais, mas a vida, como sempre, nos prega surpresas. Não é que viemos a nos conhecer pessoalmente em uma viagem a Sampa? Desde então nossa amizade extrapolou os limites da virtualidade para solidificar-se no dia a dia. Seu nome: Fabiano.
Então, prezado amigo, vamos aqui tentar cumprir a tarefa prevista:

Quem sou eu:




Meu nome de registro: Paulo Roberto, nome forte e bonito que eu gosto imensamente. Sangue Italiano e Português.
Nasci em: Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, conhecida como a capital das Alterosas, Belô ou simplesmente BH.
O dia D: 23 de Dezembro de 1950, o que me torna um coroa, mas não um coroa comum e gasto (risos), mas no bom português, um coroão, de astral elevado e de bem com a vida e tudo de bom que ela nos proporciona.
Signo: Capricorniano autêntico, personalidade forte, racional ao extremo, sensível e emotivo, sistemático, autêntico e virtuoso.
Família: Filho do Sr. João (saudades) e de D. Therezinha (uma das razões da minha vida). O mais velho de cinco irmãos malas (risos): Flávio, Dulce (saudades), Zezé e João. Bel (querida) e Cristina minhas cunhadas. Duas sobrinhas e um sobrinho: Bruna, Flávia e Breno (amores).
Companheiro: DD, pessoa especial que me acompanha a anos e se apresenta na minha vida como o meu maior cúmplice.
Amigos: Uns mais, outros menos. Uns antigos, outros mais recentes. Uns presentes, outros ausentes, enfim, muitos e fundamentais.
Atividades: Formado em Medicina Veterinária, Filosofia e Estudos Sociais (História). Vive toda a minha vida profissional como Médico Veterinário, mas não posso negar que, minha paixão mesmo é a Filosofia, ciência que é o suporte de minhas convicções. Hoje me dedico a atividades de voluntariado de cunho social e religioso.
O que amo: DD (registre-se que tem horas tenho vontade de enforcar e de jogá-lo no fundo do mar, mas depois, esta vontade passa rapidinho), família (apesar das “malices”), amigos, música, cinema, dançar, viajar (se pudesse passava a vida viajando), meu computador (tenho dois para não ficar sem no caso de algum problema), meus Blogs.
O que detesto: Hipocrisia, falsidade, incompetência, intromissão na minha vida e nas minhas coisas, desrespeito... acho que ainda existe uma infinidade de coisas... para todas elas “Tolerância Zero”.
Meu lado bom: Alegre, extrovertido, com bom senso de humor, solidário, atencioso, sensível.
Meu lado não tão bom: Impaciente, teimoso, intolerante para algumas coisas, perfeccionista.
Meu perfil cultural: Curto de montão cinema (estilo mais Cult), mpb (a boa claro), um bom pop rock (beatlemaníaco), música erudita (Vivaldi é perfeito), música dançante (adoro uma balada house tribal), escrever e ler. TV muito pouca coisa: filmes, noticiários, entrevistas.

Eu por mim mesmo:
.Costumo dizer a verdade sempre, minha sinceridade é condenada, mas não pretendo deixá-la mesmo!
.Tenho uma mascara de moleque, mas sou maduro!
.Adoro Sampa, queria ter nascido e estar vivendo lá!
.Não gosto muito de sentir que estou perdendo tempo, vivo tudo agora, neste momento!
.Detesto comer algo me lambuzando, lamber meus dedos melados e, depois, do cheiro que fica neles!
.Adoro roubar beijo!
.Falo muito e alto, mas sou discreto (quando quero ou me é conveniente)!
.Sou irônico e sarcástico!
.Escrever é minha compulsão, tanto quanto ler!
.Sou safado de chupar, lamber, morder, sussurrar, urrar, bater e depois ficar abraçado, mesmo suado!
.Sempre quero um PC novo, uma maquina fotográfica digital profissional (uns 12mpixels) e, principalmente, livros, CDs e DVDs!
.Conteúdo da pessoa é tudo, aparência é complemento (ou não, risos)!
.Fazer amor, se fosse pro meu gosto, seria bom depois do café, depois do almoço, depois do lanche, depois do jantar, na madrugada.. a toda hora.. risos!
.Sou um espírito livre, não abro mão disso!
.Costumo rir sozinho, assim como ir ao cinema sozinho, andar sozinho e falar comigo mesmo!
.Detesto festa de aniversário!
.Não me acho bonito, ponto! Mas sou gostoso!!
.Tenho fobia a dívidas!
.Amo e sou amado, muito amado!
.Um dia vou viajar a lugares que ainda não conheço!
.Sinto saudades de quem já morreu!
.Sou calorento e friorento também!
.Eu olho nos olhos e isso incomoda!
.Não sou muito boa influência, meus amigos que o digam....Durmo tarde!
.Sou paciente, sem abusos!
.Não sou (MUITO) teimoso!
.Sou perfeccionista!
.Deveria me vestir melhor!
.Queria mixar que nem DJ, tocar piano e cantar!
.Trabalho melhor com prazos!
.Não costumo prometer o que sei que não cumprirei!
.Não tenho ídolos, mas sou fã de muitas pessoas!
.Os caminhos do meu pensamento são tortuosos, mas sempre os explico de maneira simples!
.Sou carente sempre!
.Não suporto galinha!
.Adoro andar!
.Odeio pegar folders e papeizinhos na rua!
.Queria beijar alguns amigos na boca!
.Não suporto lixo na rua!
.Cerveja no boteco da esquina? Já fui bom nisto!
.Gostaria de falar inglês, francês, alemão e latim... e de desenhar também!
.Já tomei porres homéricos, de vomitar horrores, dormir, acordar e ainda continuar porre!
.Paro em tudo quanto é banca de revista!
.Rezo antes de dormir!
.Gosto de andar descalço principalmente na areia da praia, na grama molhada e na calçada!
.Adoro escutar som alto!
.Queria ser rico e famoso!
.Nunca fui aluno aplicado, mas estudo e gosto disso!
.Odeio telefone, mas sou fissurado em computador! Não vivo mais sem um!
.Não gosto de sair sem ter algo nas mãos!
.Às vezes tenho azia!
.Odeio coisas bagunçadas... tudo tem que estar super arrumado!
.Tem dia que eu quero morrer, mas não são muitos, eu juro!
.Já trai, mas sempre com meus motivos, se já fui traído nem ligo...
.Queria ter brevê de piloto!
.Queria morar só para receber muitos amigos!
.Já gostei muito de ter coleções!
.Tenho dois blogs que eu adoro!
. Sou um cara que respeita muito, mas também exijo respeito.
.Tenho a cabeça nas nuvens, mas os pés no chão!
.Já que você leu tudo, aposto que chegou a uma inevitável conclusão:
.Sou um cara que vale a pena mesmo!

Dedico esta brincadeira a: DD e aos amigos (ordem alfabética): Bruno (Ura MG), Fabiano (BSB), João Rafael (Ura MG), Marcelo (SP), Rafael (SP), Sergio Ronaldo (RJ), Thiago (Al).

Agora passo esta tarefa para meus parceiros de blogsfera:

Thiago das Alagoas pelo Blog The Sin Off:
http://www.thiagohenrick.blogspot.com/
Rafael da Bahia pelo Blog O Grapiúna:
http://ograpiuna.blogspot.com/
Adriane a “Cumadi Drica” pelo Blog Penélope:
http://adrianepenelope.blogspot.com/
Isabel Ferreira pelo Blog O Piano:
http://mendesferreira.blogspot.com/
L. Alves pelo Blog Máquina de Letras:
http://maquinadeletras.blogspot.com/

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

Bicicletas no Armário


Hoje não passou de mais um dia de rosa sem cheiro
Amanheci acordado no sonho da noite passada
Meninos custaram a percorrer-me descalços
Insistia em montar a bicicleta parada
A tarde tornou-se um rodapé de palavras
Ela era o resto do meu início
Escarço de novas rezas e prendas
Sem perceber tranquei meu amantes em armários
Assumo-os em termos,
Prefiro esperar pela noite sem dono

Victor Rodrigues

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O Corpo do Outro


Vejo o teu corpo: ele me toma.
E antes que no tato eu te consuma,
o toque dá-se antes do contato.

Em vão as minhas mãos na tua pele
: é de sabor a sensação que me perpassas.

Dorme o teu corpo e nele roço a minha mão.
Cada parte me interessa,
amo tudo que há em ti,
o teu corpo é-me sem pressa
e sem vontade de partir.

Amo as tuas coxas como amo os teus artelhos.
Olho a tua boca,
miro o teu joelho,
fixo a panturrilha, me concentro na virilha,
e falo à tua nuca sussurrando no teu peito.

Teu cóccix, tuas ancas, teu umbigo que ora beijo
: teu corpo é a escultura burilada em meu desejo.

E o ponto que te diz dele sou feito:
pingente que bem sei: é no meu peito.

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Gota d'água


Em 1975, Chico escreveu com Paulo Pontes a peça Gota d'água, a partir de um projeto de Oduvaldo Viana Filho, que já havia feito uma adaptação de Medéia, de Eurípedes, para a televisão. A tragédia urbana, em forma de poema com mais de quatro mil versos, tem como pano de fundo as agruras sofridas pelos moradores de um conjunto habitacional, a Vila do Meio-dia, e, no centro, a relação entre Joana e Jasão, um compositor popular cooptado pelo poderoso empresário Creonte. Jasão termina por largar Joana e os dois filhos para casar-se com Alma, a filha do empresário. A primeira montagem teve Bibi Ferreira no papel de Joana e a direção de Gianni Ratto.


JOANA
Tudo está na natureza
encadeado e em movimento
- cuspe, veneno, tristeza,
carne, moinho, lamento,
ódio, dor, cebola e coentro,
gordura, sangue, frieza,
isso tudo está no centro
de uma mesma e estranha mesa
Misture cada elemento
- uma pitada de dor,
uma colher de fomento,
uma gota de terror
O suco dos sentimentos,
raiva, medo ou desamor,
produz novos condimentos, lágrima, pus e suor
Mas inverta o segmento,
intensifique a mistura,
temperódio, lagrimento,
sangalho com tristezura,
carnento, venemoinho,
remexa tudo por dentro,
passe tudo no moinho,
moa a carne, sangre o coentro,
chore e envenene a gordura
Você terá um ungüento,
uma baba, grossa e escura,
essência do meu tormento
e molho de uma fritura
de paladar violento
que, engolindo, a criatura
repara o meu sofrimento
co'a morte, lenta e segura


JOANA
(Vestindo os filhos)
Eles pensam que a maré vai mas nunca volta
Até agora eles estavam comandando
o meu destino e eu fui, fui, fui, fui recuando,
recolhendo fúrias. Hoje eu sou onda solta
e tão forte quanto eles me imaginam fraca
Quando eles virem invertida a correnteza,
quero saber se eles resistem à surpresa,
quero ver como eles reagem à ressaca.


Material gentilmente furtado de um grande blogueiro . Thiago . Hamburguer de Goiabada


Gota D'Água.mp3

terça-feira, 6 de maio de 2008

Pensamentos Incompletos . Fragmentos I

.. sem pensar. Abençoou todos com quem falava pelo caminho, esperando, um dia, poder convertel-os .


Era assim que fazia todos os dias: o louvor mudo nas padarias, o baptismo samsonico das barbearias



e a doutrina de Pio X applicada ás bancas de jornal -- as melhores Biblias são as mais baratas,


todos o sabem.Mesmo assim, todas as vezes que ia ao Caffé ,


por habito ou por auto-piedade, algo atravessava sua mente funámbula :




um pensamento fuliginoso que germina ao passar pelos portões daquelle harém do paladar. Uma mythologia indescritivel rege esses lugares meio bordéis, meio cathedraes, cheio de putas


e de putras .



Sorvia aquele liquido negro enquanto via seu reflexo



na grande xicara de caffé. Algo, porém, passou a perturbar a acção eucharistica que o tornava mais humano a cada dia.Toccando seus labios os labios reflectidos ,




absorvia todo o amargor daquele calice enquanto rogava por mais um dia em si mesmo. E desde então não ouvia resposta: seu beijo não transmutava mais sua alma em perfume de flor antiga.



Tudo culpa daquelle beijo que vira, tão differente do que dava quotidianamente no tal harém onde se encontrava consigo mesmo: era lá que, vendo sua miseria beijal-o com tanta acrimonia, jurava á imagem beijada tiral-a de vez daquella vida infeliz e prostituta -- quando compartilharia com ella sua parte menos tellurica...


Daniel C.Z. - http://danielcz.multiply.com/journal

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Bar ruim é lindo, bicho


Recebi esta crônica de minha sobrinha Marcela, e achei sensacional e resolvi compartilha-la com os amigos deste Blog, mas antes um breve comentário: Esta crônica foi escrita e publicada em seu Blog por Antônio Prata (filho do não menos fenomenal Mário Prata). Esta crônica tem a minha cara na saudosa década de 80 e a cara e tantas outras gerações que se sucedem com o passar do tempo. Hoje ela é a cara da Marcela e sua trupe do Projeto República la da UFMG. A todos que aqui se identificarem as saudações de um ex-meio intelectual, ex-meio esquerda.

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins.

Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de 150 anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de 150 anos, mas tudo bem).

No bar ruim que ando freqüentando nas últimas semanas o proletariado é o Betão, garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas acreditando resolver aí 500 anos de história.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar "amigos" do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura."Ô Betão, traz mais uma pra gente", eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte do Brasil.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte do Brasil, por isso vamos a bares ruins,que tem mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gateau e não tem frango à passarinho ou carne de sol com macaxeira que são os pratos tradicionais de nossa cozinha.
Se bem que nós, meio intelectuais, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gateau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.

A gente gosta do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil.
Assim como não é qualquer bar ruim.Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne de sol, a gente bate uma punheta ali mesmo.
Quando um de nós, meio intelectuais, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectual, meio de esquerda freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.
Porque a gente acha que o bar ruim é autêntico e o bar bom não é, como eu já disse.
O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas.Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e nesse ponto a gente já se sente incomodado e quando chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual, nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e universitários, a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó.

Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV.
Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevete e chinelo Rider.
Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico.
E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.
Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem.
Os que entendem percebem qual é a nossa, mantém o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam em 50% o preço de tudo.

Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato.
Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae.
Aí eles se fodem, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão brasileira, tão raiz.
Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda, no Brasil!Ainda mais porque a cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelo Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gateau pelos quatro cantos do globo.
Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda, como eu que, por questões ideológicas, preferem frango a passarinho e carne de sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca mas é como se diz lá no nordeste e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o nordeste é muito mais autêntico que o sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é mais assim Câmara Cascudo, saca?).
- Ô Betão, vê um cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 3 de maio de 2008

Esqueça


Esqueça se ele não te ama
Esqueça se ele não te quer
Não chore mais não sofra assim
Porque posso te dar amor sem fim
Ele não pensa em querer-te
Te faz sofrer e até chorar
Não chore mais vem pra mim, vem
Não sofra, não pense
Não chore mais meu bem

Roberto Carlos e Erasmo Carlos





Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Janela Rara


Sou raro, vezes me converto em respostas ao acaso
Outras não deixam de ser a esquerda das minhas costas
Assumo meus amantes diários em termos
Não sou aquilo que tenho
Esqueci o abajour ligado esperando teu retorno
Amanhã penso em chorar descalço
Rever teus pertences esquecidos na partida repentina
Tais fotos não me contam detalhes
se perdem na controvérsia de cores apagadas
Cresci com a ansia de ser homen
navalhar a carne do desconhecido
sabendo caltelar teus desvaneios
De resto só restou o que aprendi de tuas cartas:
A insistência de saber o que já sabia

Victor Rodrigues
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A cor da esperança

Sinto vibrando no ar,
E sei que não é vã, a cor da esperança,
A esperança do amanhã,
A tristeza vai transformar-se em alegria,

E o sol vai brilhar no céu de um novo dia,
Vamos sair pelas ruas,
pelas ruas da cidade,
Peito aberto,
Cara ao sol da felicidade.
E no canto de amor assim,

Sempre vão surgir em mim,
novas fantasias,
Sinto vibrando no ar,
E sei que não é vã, a cor da esperança,
A esperança do amanhã.


Cartola

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

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