quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Detalhes de um dia



*Mais um ano que vai* . *Mais um ano que inicia*
Quando o dia que passou está dando o prefixo e saindo do ar, eu penso: o que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa. Uma proposta de trabalho. Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo. Até uma briga pode ter sido útil, caso tenha iluminado o que andava ermo dentro da gente.Nas últimas semanas, meus dias foram salvos por detalhes. Uma segunda-feira valeu por um programa de rádio que fez um tributo aos Beatles e que me arrepiou, me transportou para uma época legal da vida, me fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes pra mim. Na terça, meu dia não foi em vão porque uma pessoa que amo recebeu um diagnóstico positivo de uma doença que poderia ser mais séria. Na sexta, o dia não partiu inutilmente só por causa de um cachorro-quente. E assim correm os dias, presenteando a gente com uma música, um crepúsculo, um instante especial que acaba compensando 24 horas banais.Claro que tem dias que não servem pra nada, dias em que ninguém nos surpreeende, o trabalho não rende e as horas arrastam-se melancólicas, sem falar naqueles dias em que tudo dá errado: batemos o carro, perdemos um cliente e o encontro da noite é desmarcado. Pois estou pra dizer que até a tristezaa pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora, e sim lá adiante, naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica. É muita condescendência com o cotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã.
M.Medeiro
*FELIZ 2009*


Roberto Carlos - Detalhes (Acustic)


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Melodia Imortal . o filme


* Série . Cinema *
pura emoção . tanto no enredo como em sua primorosa trilha sonora
Melodia Imortal
Direção: George Sidney
Ano: 1956
País: Estados Unidos
Gênero: Drama, Musical
Título Original: The Eddy Duchin Story
Elenco: Tyrone Power, Kim Novak, Victoria Shaw, James Whitmore, Rex Thompson, Mickey Maga, Shepperd Strudwick, Frieda Inescort, Gloria Holden, Larry Keating
Sinopse: A vida e os dramas do grande musicista Eddy Duchin, na interpretação sempre magistral de Tyrone Power e a participação do grande pianista Carmem Cavallaro




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Homem Comum


Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
e a vida sopra dentro de mim
pânica
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.

Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas
rostos e mãos,
o quarda-sol vermelho ao meio-dia

em Pastos-Bons
defuntas alegrias flores passarinhos
facho de tarde luminosa
nomes que já nem sei
bandejas bandeiras bananeiras
tudo
misturado
essa lenha perfumada
que se acende
e me faz caminhar
Sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo,
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
Poeta fui de rápido destino.
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau-de-arara.
Quero, por isso, falar com você,
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe o meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí, matando.

Que o tempo é pouco
e aí estão o Chase Bank,
a IT & T, a Bond and Share,
a Wilson, a Hanna, a Anderson Clayton,
e sabe-se lá quantos outros
braços do polvo a nos sugar a vida
e a bolsa
Homem comum,
igual
a você,
cruzo a avenida sob a pressão do imperialismo.
A sombra do latifúndio
mancha a paisagem
turva as águas do mar
e a infância nos volta
à boca, amarga,
suja de lama e de fome.

Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas".

Ferreira Gullar

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Até os pássaros


Há um mundo novo de possíveis
No impossível encanto
Com que me prendes
Na malha da tua beleza.
Sei que meu corpo voa livre,
Mas, minha alma vive eternamente presa
No doce arsenal de tuas armadilhas de carinhos
E jamais um prisioneiro gostou tanto da prisão
E canto feliz como os mansos passarinhos
Que vivem a comer nas tuas mãos.

Sílvio Persivo
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 28 de dezembro de 2008

Desejo



Queria você profundamente aberto
Num beijo apaixonado sem memória e futuro
Queria prazer desintegrado no infinito amor de nossos corpos desconhecidos
Queria um rio negro como branco cantando a Vitoria
De uma tragicomedia morta
Queria o mar amoroso
De tua pele viva
E a poesia da madrugada

Glauber Rocha


Ultimo desejo - Couple Coffee

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Lendas da Paixão . o filme


* Série . Cinema *
magnificamente belo
Lendas da Paixão
Direção: Edward Zwick
Ano: 1994
País: Estados Unidos
Gênero: Drama, Romance, Guerra, Western
Título Original: Legends of the Fall
Elenco: Brad Pitt, Anthony Hopkins, Julia Ormond, Aidan Quinn, Henry Thomas, Karina Lombard, Tantoo Cardinal, Gordon Tootoosis, Paul Demond, Christina Pickles
Sinopse: Três irmãos, três destinos. Alfred é o reservado, o caçula Samuel é o protegido, e o do meio, Tristan, aprendeu com os índios a ter um espírito aventureiro. Ao trazer de volta para o rancho do pai uma bela jovem, Samuel inicia um conflito de paixões que pode terminar em tragédia para sua família.




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Soneto


Por que meu verso é sempre tão carente
De mutações e variação de temas?
Por que não olho as coisas do presente
Atrás de outras receitas e sistemas?
Por que só escrevo essa monotonia
Tão incapaz de produzir inventos
Que cada verso quase denuncia
Meu nome e seu lugar de nascimento?
Pois saiba, amor, só escrevo a seu respeito
E sobre o amor, são meus únicos temas.
E assim vou refazendo o que foi feito,
Reinventando as palavras do poema.
Como o sol, novo e velho a cada dia,
O meu amor rediz o que dizia.

William Shakespeare
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Imperativos, hiper-ativos



não tenho tempo a perder
por favor quando chegar esteja inteiro
ocupe espaço e seja pleno
me impeça de pensar no amanhã e em outras tarefas suspensas
me traga pro agora daquele momento onde você mora
me faça esquecer o cansaço
me traga um abraço
me fale de coisas que há tempos não nos permitimos fazer
e me convença a transgredir a hora de dormir
me dê um porre
acenda todos os meus cigarros
e me ache bonito
me fale sobre as gostosuras da vida
esqueça os pronomes começando as frases que nos despejamos quando entusiasmados e cheios de assunto
depois se cale e me ponha a dançar
me faça chorar me lembrando que estou pura razão
me incentive a querer mudar
me relembre essa dádiva de cama-leão
me ajude a fazer as malas
me tire de casa me convença a trancar a porta
por fora me mande embora dessa covardia
me traga de volta para aquele meu sonho bonito.
Me traga: de novo fumaça, etérea, no espaço, sonora...
de novo tão livre, tão solto.
E faça amor comigo sem pressa.
Com todas as vírgulas que ignoramos.

adaptado de Marla de Queiroz
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Jesus Cristo Superstar . o filme


* Série . cinema *
ópera rock inovadora da geração hippie
Jesus Cristo Superstar
Direção: Norman Jewison
Ano: 1973
País: Estados Unidos
Gênero: Drama, Musical
Título Original: Jesus Christ Superstar
Elenco: Ted Neely, Carl Anderson, Yvonne Elliman, Barry Dennen, Bob Bigham, Larry T. Marshall, Joshua Mostel, Kurt Yaghjian, Paul Thomas, Pi Douglass
Sinopse: Os sete últimos dias de Jesus na Terra (terminando na crucificação, mas sem contar a ressureição) sob a visão atormentada de Judas Iscariotes). É uma mistura de passado e presente, pois os soldados romanos usam metralhadora e perseguem um Cristo hippie.






Paulo Braccini
enfm, é o que tem pra hoje...

Eu Entendo

Sabe do que eu entendo mesmo?
Entendo que esse sentimento me deixa assim: querendo.
Entendo que essa sensação me deixa assim: viciado.
Entendo que esse teu amor me deixa assim: paralisado.
Entendo que essas palavras me deixam assim: consumido.
Entendo que pra te amar, preciso te devorar.

Jota Cê

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Então é Natal

*FELIZ NATAL*
Hoje posto aqui duas crônicas que sairam na revista Veja.
Textos que tocam nossa emoção e nos fazem relembrar e refletir sobre as pequenas e singelas coisas que nos rodeiam e que esquecemos de dar importância.
Nossas vivências e encantamentos ligados às árvores, aos presépios, que remontam nosso tempo de criança.
Minhas homenagens aos talentos de Walcyr e de Ivan por nos proporcionarem observações e visões de símbolos tão marcantes, de maneira tão integrada e complementar à essência da própria vida.
O Ritual da Árvore
Por Walcir Carrasco
Montar a árvore foi um ritual que me acompanhou durante toda a infância, e que mantenho até hoje. A de minha família era feita de penas tingidas de verde. Nunca mais vi uma assim, mas garanto que enchia meus olhos. Mamãe guardava as bolas coloridas, delicadíssimas, em caixas, cada uma envolvida em papel de seda. Era preciso tomar muito cuidado para retirá-las, pois se quebravam com uma simples pressão dos dedos. Cada uma era presa delicadamente, alternando-se os tamanhos. Em cima, colocava-se uma ponteira colorida. As casas de meus amigos, todas, eram também enfeitadas com árvores. Algumas com os galhos cobertos por algodão branco, para simular neve, ainda que na minha vizinhança ninguém jamais tivesse visto a neve real. Era esquisito, no calor fustigante do interior de São Paulo, ver aquelas árvores com chumaços brancos. Mas, diziam, Papai Noel morava em um local gelado – motivo pelo qual usava aquela roupa pesadíssima. Eu mesmo me surpreendi ao entrar em uma loja e deparar com um Papai Noel gotejando suor da testa. Mas que fazer? Eu já andava desconfiadíssimo. Todos os anos entregava bilhetes e cochichava no ouvido de todos os Papais Noéis:
– Quero um cavalo de corrida!
Não um de brinquedo. Mas de verdade. Todos me prometiam com um aceno. Na manhã do Natal, acordava cedo esperando o relinchar. Em vez do cavalo, havia apenas um pacote e a explicação:
– Você estava dormindo quando Papai Noel passou por aqui. Deixou o recado de que não pôde trazer o cavalo porque era muito pesado! Mas no Natal que vem…
Ah, que raiva eu sentia do tal velhinho!
Presépios eram lindos. Uma vizinha criava um enorme, com pequenas figuras de barro pintadas, grama de verdade e um espelho simulando um lago. Ficava na sala. Nas igrejas também havia presépios, muitos enormes, com figuras em tamanho natural!
Eu não sei exatamente de onde vem a tradição de montar a árvore. O que sei é que árvores têm alguma coisa de sagrado. Fala-se em árvore da vida. Outras culturas já reverenciaram o carvalho e o pinheiro. Para mim, a tradição é significativa. Certa vez ganhei um pinheiro torto, comprado já na promoção, a poucos dias da festa. Passou alguns dias torto na sala e depois eu o plantei no jardim. Hoje ele está enorme – embora continue torto, e eu morra de medo de vê-lo despencar sobre o telhado! Mas sinto um calor no peito diante dele! Sempre lembro daquele Natal de pouca grana e ao mesmo tempo inesquecível, porque estava cheio de alegria! Há alguns anos comprei uma árvore artificial – sou contra abater as vivas somente para a data. É grande, e bem tropical, com galhos curvos. Adoro! E boto, sim, luzes piscando! Tive até um papai noel que fazia “ho, ho, ho” cada vez que alguém passava por perto. O barulho era tanto que foi expulso da sala!
Talvez seja um gasto excessivo de energia. Mas no Natal a cidade fica mais linda, com tantas luzes coloridas, árvores, presépios! Por isso não reclamo do congestionamento para ver a árvore do Ibirapuera. Faz parte da tradição! É bom saber que neste mundo tão agitado, onde tantas coisas mudam depressa, algumas permanecem. Identificam sentimentos.
Todos os anos monto minha árvore. Gosto de vê-la na sala, com os enfeites que vão se acrescentando ano a ano! Existe alguma coisa a respeito do Natal que é mágica. É o momento de trocar uma energia boa. E a árvore está lá, como símbolo de que há alguma coisa na família que permanece para sempre e nos dá vontade de trocar abraços e desejar felicidades!
Árvores de Natal
Por Ivan Angelo
Sou do tempo do presépio. Na primeira semana de dezembro o presépio da casa deveria estar pronto, “montado”, como se dizia. Buscavam-se nas caixas velhas de sapatos os bichos e personagens guardados que iriam compor a cena do Natal, como hoje se guardam as bolas coloridas, as guirlandas verdes, as luzes, as estrelas, os papais-noéis e adornos que vão enfeitar a árvore. Durante aquela semana, preparava-se o material que iria formar a gruta, a estrebaria, segundo a tradição, e a colina que levava a ela: papel resistente, aproveitado de sacos de cimento, sobre o qual se espalhava um grude à base de polvilho e depois pó de pedra, e se deixava ao sol para secar. Isso era serviço da meninada, que tinha também de sair catando musgo seco, folhas e sementes para figurar como vegetação. Depois de seca, moldava-se a estrutura de papel coberto de pó de pedra formando a gruta e a montanha, apoiada sobre uma mesa e paredes de um can-to da sala. Em seguida, colo-ca-vam-se veios de areia branca desenhando os caminhos, o mus-go, flores secas, e neste cenário colocavam-se a vaquinha, bezerrinhos, boizinhos, cavalo, jumento, carneiros, Maria, José, pastores, um deles com um cordeirinho nos ombros, um galo no alto da colina, cachorro deitado, ninho com uma galinha, os reis magos ainda distantes (eles iam sendo colocados mais perto da gruta a cada dia, até chegarem, no Dia de Reis), uma manjedoura com capim, ainda sem o menino. No meio da noite do dia 24, a mãe botava ali o Jesus Cristinho, e o Papai Noel botava presentes nos sapatinhos enfileirados das crianças. Acordávamos com aqueles milagres já feitos.Havia presépios enormes na cidade, alguns com figuras em movimento, aos quais nos levavam. Ainda há – talvez mais simples, se comparados com os da nossa imaginação de crianças –, mas a maioria dos pais prefere levar as crianças para ver a decoração de bancos e grandes shoppings, mais espetacular. O presépio não era um show, era uma alegoria, uma dramatização ingênua, ligada à religião e ao mistério: os reis iam prestar reverência ao pobrezinho.
Nada tenho contra as árvores de Natal. Minhas filhas e netos são deste tempo de vermelho e compras, divertem-se com a montagem doméstica da árvore natalina como nós nos divertíamos com os presépios. Ela tem sua simbologia, claro, que se espalhou por todo o Hemisfério Norte e chegou aos trópicos por influência cultural. Lá, em meados do gelado inverno, toda a vegetação está desfolhada, seca, e as árvores de Natal simbolizam a esperança de verde e renascimento. Aqui, a simbologia não faz sentido, mas fazem sentido o colorido e a alegria que elas transmitem.
Mas eu queria falar mesmo é de outras árvores.
Se tiverem tempo e olhos de ver, paulistanos, prestem atenção nas nossas árvores do Natal, as verdadeiras, as das ruas e dos quintais. Reparem. Elas se oferecem neste verão em tons de verde luxuriosos, que vão do muito claro ao escuro denso. Ganharam ramos novos e vigor na primavera; banharam-se nas chuvas da estação; suas folhas, livres do pó, brilham. Batalhadoras con-tra o asfalto e o poeirão poluído, essas árvores dão-nos lições não de renascimento, mas de resistência.
Precisamos resistir, parecem dizer, à desesperança, ao sufoco, à falta de condições, à pequena recompensa, ao abandono, ao vandalismo, ao desprezo às nossas raízes, aos quebradores de galhos, aos parasitas.
Reparem, paulistanos, principalmente nas árvores que se enfeitam de flores neste Natal. Os jasmins-mangas estão escandalosos, flores variando do branco leitoso ao salmão. A delicada extremosa parece um ramalhete. Os flamboaiãs, frondosos, já começam a ostentar sua variada paleta. As últimas flores dos jacarandás-mimosos ainda mostram seu azul arroxeado. Despontam, na cássia-imperial, cachos de ouro. Os manacás se enfeitam de branco e violeta. Os manacás-de-jardim perfumam a vizinhança.
Agradeçamos às nossas árvores do Natal seu delicado presente.

*FELIZ NATAL*

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Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Priscilla, a Rainha do Deserto . o filme


* Série . Cinema *
comédia musical satírica sobre a vida gay . imperdível
Priscilla, a Rainha do Deserto
Direção: Stephan Elliot
Ano: 1994
País: Austrália
Gênero: Comédia, Drama, Musical
Título Original: The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert
Elenco: Terence Stamp, Guy Pearce, Hugo Weaving, Bill Hunter, Rebel Russell, John Casey, June Marie Bennett, Murray Daviens, Frank Cornelius, Bob Boyce
Sinopse: Em um ônibus velho, duas drag queens e um transsexual viajam pelo deserto australiano para uma turnê de shows. O ônibus, batizado de Priscilla, quebra no caminho e elas fazem amizade com um mecânico chamado Bob.




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Defeitos


Hoje é o meu aniversário e encontro em Fernando Pessoa uma breve, mas preciosa, descrição sobre a vida.
É exatamente o que aprendi, ao longo destes 58 anos, sobre que é a vida e o que é viver.
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Fernando Pessoa



gonzaguinha - o que é o que é



Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Também sei fazer conjeturas


Também sei fazer conjeturas.
Há em cada cousa aquilo que ela é que a anima.
Na planta está por fora e é urna ninfa pequena.
No animal é um ser interior longínquo.
No homem é a alma que vive com ele e é já ele.
Nos deuses tem o mesmo tamanho
E o mesmo espaço que o corpo
E é a mesma cousa que o corpo.

Fernando Pessoa
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 21 de dezembro de 2008

Aos Deuses


Aos deuses peço só que me concedam
O nada lhes pedir.
A dita é um jugo
E o ser feliz oprime
Porque é um certo estado.
Não quieto nem inquieto meu ser calmo
Quero erguer alto acima de onde os homens
Têm prazer ou dores.

Fernando Pessoa


Elis Regina - Se eu quiser falar com Deus


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 20 de dezembro de 2008

The Wall . post extra



Em entrevista à Joyce Pascowitch, André Allmada (um dos sócios da boate paulistana The Week), disse, em resposta à pergunta de que se seria a favor de beijos entre gays em praças públicas, em frente à igreja, que não, não era. Ele diz, "Isso não leva a nada. Os gays não têm de se impor por esse tipo de manifestação. A forma de se impor e a maneira de os gays conquistarem o respeito que merecem é fazendo o bem, coisas que engrandeçam. Os gays estão em todas as áreas e em todos os lugares... Você tem de conquistar o respeito por esses meios. Pelo que é, pelo que representa na sociedade."

E assim disse José Saramago de tolerância. Tolerância para com o imigrante, o muçulmano, o homossexual. "Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro."

André se diz homossexual e é famoso, alguém que "chegou lá". Mas infelizmente, quando declara algo assim, pouco contribui para mudar uma realidade que, com certeza, teve e tem de lutar contra. A realidade de que nós, homossexuais, somos civis inferiores aos heterossexuais. Quando nos colocamos nessa posição de aceitação do fato, de "se ficarmos quietinhos e mostrarmos que a gente sabe o nosso lugar, vão nos deixar viver em paz", mascaramos ainda mais a intolerância que nos cerca.

Que mal há em beijos?! Perde o respeito aquele que quer apenas demonstrar amor? Que problema há em dois homens, ou mil, se beijando em frente à igrejas? Seria melhor que continuassem a beijar escondidos nas sacristias? Ou em guetos decorados como boates? Dependendo do lugar, mostrar carinho não engrandece?

A idéia equivocada de que se gays mostrarem que ganham bem, que podem gastar, assim devem ser respeitados, aceitos e tolerados porque "representam" um tipo de consumidor é tão imperfeitamente omissa quanto as leis do neoliberalismo. Vivemos hoje uma crise internacional que veio provar que o mercado, por si só, não cria nada de benéfico para a sociedade.


post original no blog baeagay . http://www.beagay.blogspot.com/


Compartilho este post estra com os amigos deste espaço, pela relevância do tema, bem como, pela brilhante colocação do amigo autor.




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...



O Fabuloso Destino de Amélie Poulain . o filme


* Série . Cinema *
genial mesmo
O Fabuloso Destino de Amélie Polain
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Ano: 2001
País: Alemanh, França
Gênero: Comédia, Romance
Título Original: Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain
Título em inglês: Amelie
Elenco: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Lorella Cravotta, Serge Merlin, Jamel Debbouse, Claire Maurier, Clotilde Mollet, Isabelle Nanty, Dominique Pinon, Artus de Penguern, Yolande Moreau, Urbain Cancelier, Maurice Bénichou
Sinopse: Uma jovem do subúrbio se muda para Paris e, após devolver um objeto encontrado ao seu antigo dono, passa a ajudar as pessoas que a cercam através de pequenos gestos.




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Dualidade


A pólvora que faz a pirotecniaé a mesma que faz a bomba.
A explosão de artifícios e da guerra
possuem a mesma substância.
O impulso que motiva o amor
é o mesmo que motiva o ódio.
A paixão e o ciúme
possuem a mesma essência.
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sentimento Brega



Ou não estou receptivo ao afeto
Ou não estou sendo afetado pelo que sentes.
Quero os excessos!
Onde estão os dramas, os arroubos, as surpresas, os encantos?
Diga o que sentes por mim! Cadê a entrega, o pedido, a espontaneidade?
Por que sinto que não queres me conquistar?
Diga que me quer.

Marco Antonyo




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Madame Butterfly . o filme


* Série . Cinema *
a obra de Puccini no cinema
Madame Butterfly
Direção: David Cronenberg
Ano: 1993
País: Inglaterra
Título Original: M. Butterfly
Gênero: Drama, Musical
Elenco: Jeremy Irons, John Lone dentre outros
Sinopse: Um filme arrebatador de D Cronenberg que se baseia numa história verdadeira, não nos esqueçamos, e que, como a poesia do Camões, parte de um mote – a ópera Madame Butterfly – para através de umas gloriosas voltas, aqui de argumento, não cessar de nos espantar. Este é um filme sobre a transsexualidade. Sobre uma mulher num corpo de homem, ou o seu sonho, ou o seu delírio em epífise na ópera de Pequim. Funcionário do partido ? Não eram todos então ? Não há voz mais hipnotizadora, nem movimentos mais calculados. René é o seu rapaz, como faz qualquer mulher dá-lhe a provar o sabor enganador do domínio, quando o caudal do amor é sempre ela que o controla. E tem esta mulher a vantagem de ser homem: (sendo um homem)“she knows the best ways to please a man”. E aí se mantém o enigma das palavras, o teatro falado que é a única verdade de Song Liling, e a única verdade neste filme, que poderia ser narrado ouvindo apenas as deixas dela/dele. Ela só terá vivido realmente (como mulher) nos poucos dias de idílio que teve com René. E a falsa gravidez cria a única solução possível: como bom ocidental René vê Song Liling como mulher e logo santa, as mãos não procuram mais. Como seria possível esta gravidez ? Estamos em delírio, isso não importa. O desenrolar do filme acelera quando após o hiato da Revolução Cultural, uma parte do filme um pouco decorativa, Lone nos surpreende em Paris. Julgamos que temos mais romance mas René na sequência seguinte é preso pelos serviços secretos franceses.Passaram porém 14 anos de vida marital em segundos de filme. E continuamos apenas a ouvir Song Liling, a voz que nos conta a história. A traição, a espionagem, o embuste filial, tudo isso se torna secundário no julgamento. A cara é agora masculina mas a voz é a mesma. O espanto sobre como aqueles dois corpos conviveram durante esses anos que não são filmados não cessa. No carro celular Song Liling percebe porém que “never East and West shall understand each other”, e que René não consegue olhar para além do homem (nu) que tem à sua frente, e ver o essencial. Desiludida esta mulher vai-se embora.O fim de Madame Butterfly/René Gallimard, apesar das pinturas e da indumentária é o fim de um ocidental que julga que “que amou uma mulher – perfeita – criada por um homem”. Esse homem que afinal era uma mulher e que o amou profundamente, ou também através dele a possibilidade de ser amada como mulher. René Gallimard no fim é uma Butterfly/ uma borboleta comum, queimada pela luz de um amor que o superou. M Butterfly não é um filme sobre a política. Tangencialmente aborda as questões Este/Oeste. E não é um filme homossexual. O filme de David Cronenberg é sobre a transsexualidade, ou melhor, sobre a sexualidade. E sobre o difícil jogo que pode haver entre o desejo do “eu” e a marca corporal que o delimita. Marca de água que ainda não aprendemos a romper.




cena final . enfim, simplesmente fantástica



Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Presença


"Não vim para ficar:
não sou senão minha possibilidade de volta
minha indizível presença
que se resvala
no espanto de ser
Vim
provisoriamente
desafiar o século
anistiar meu susto
traduzir no tempo
este absurdo de nós
Não cheguei tarde
porque tarde é para os incrédulos
e os fantasmas que não se vingaram em vida
E porque nem tudo está falado:
o mundo ainda é uma esfinge
que devora os mudos
e os simplesmente chegados."
Maria Esther Maciel
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Um estranho no ninho


Deslocado do mundo.
Sinto não fazer parte da multidão,
um estranho no próprio ninho,
peça sem encaixe.
Não me sinto inferior
e creio ser isso bom!
Marco Antonyo
Paulo Braccini
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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Callas Forever . o filme


* Série . Cinema *
uma fantástica cantora
Callas Forever
Direção: Franco Zeffirelli
Ano: 2002
País: Romênia, Inglaterra, Espanha, França, Itália
Gênero: Drama
Título Original: Callas Forever
Elenco: Fany Ardant. Jeremy Irons, Joan Plowriht, Jay Rodan, Gabriel Garko, Manuel de Blas, Justino Díaz, Jean Dalric, Stephen Billigton, Anna Lelio
Sinopse: Aos 53 anos Maria Callas vive reclusa em seu apartamento, em nada lembrando a grande cantora que encantou público e crítica no passado. Após grande insistência, seu amigo Larry Kelly consegue vê-la. Achando-a muito abatida, Larry faz a Callas um convite inusitado: que seja a estrela de um especial para a TV, interpretando uma de suas famosas peças. Por causa do desgaste de sua voz atual Larry quer que Callas seja dublada no especial, o que faz com a cantora revisite sua carreira em busca do trabalho ideal para seu retorno.




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

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