quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Homofobia - Preconceito como tantos outros


Tema pesado e dificil de ser abordado. Mas vale um registro pois mais simples que seja... Posto uma crônica interessante que aborda as raízes desta "peste" com simplicidade, objetividade e clareza. Também posto uma sequência de dois vídeos que prestam um tributo a cineasta israelense que, em tres produções, explora a homossexualidade de forma séria, dígna e com enorme sensibilidade.Parabéns e que sirva de exemplo.

Machos, sexismo e homofobia

Apesar do que as mulheres pensam, ser homem também é muito complicado. O mundo dos heteros é habitado por fantasmas que provocam enormes amargos de boca: o medo de broxar, o trauma do pirilau pequeno ou, quem sabe, a ejaculação precoce. Mas a coisa não fica por aí.
O maior pavor do hetero comum é que alguém duvide da sua masculinidade. Não pode haver qualquer suspeita sobre a sua “macheza”. Se por acaso alguém um dia duvidar da sua orientação sexual, é o caos total. O hetero entra em colapso. O medo é tanto que os caras passam cada minuto da vida a tentar mostrar o quanto são machos.

Coisa de macho

O vestiário masculino, em especial depois da peladinha de futebol, é o pior lugar do mundo. É lá que os caras assumem o lado brucutu sem o menor pudor. Passam o tempo a falar de mulheres, mesmo as mulheres dos amigos (desde que os amigos não estejam presentes, claro), como se elas fossem simples figurantes do universo masculino. Coisa de macho, algo que nunca falta é o relatório das ocorrências sexuais. O vestiário masculino mais parece um estábulo, tal o número de garanhões.
– Tu sabe quem anda comendo a mulher do Juca?
– Não é o Ricardo?
– Não, o Ricardo transou com ela no ano passado, mas já acabou.
– Quem é então?
– O Marcelo, aquele casado com a Vanessa... aquela boazuda lá do country club.
– Essa Vanessa é um avião. Pô, esse Marcelo sabe se tratar bem.
– Pera aí. Não foi esse cara que andou com uns problemas esquisitos?
– Claro. Ele até andou fazendo psicanálise.
– Pô, isso de psicanálise é uma frescura... pra mim isso é coisa de quem tem o bilau pequeno.
– Tu já andou a olhar para o bilau do cara?!
– Tá me estranhando, cumpadre? É apenas uma forma de expressão...
– Eh... isso de falar na ferramenta dos outros é meio suspeito.
– Manera aí, mermão. Eu sou espada, pô.

Homofobia e macheza

O mais engraçado é que nesses ambientes os níveis de sexismo e homofobia sobem à estratosfera. Não importa se o cara é um fracassado na cama, se nunca conseguiu dar um orgasmo a uma mulher ou se elas fogem dele como fogem da lepra. Lá no vestiário ele é o macho e está no topo da cadeia alimentar de um mundo onde as mulheres (qualquer uma delas) são simples objetos.
Afinal, numa sociedade machista, ser macho é uma moeda de troca: quanto mais macho eu for, mais os outros machos vão me respeitar. É claro que essa lógica só vale para os imbecis... e são justamente esse os que acabam por se tornar também homofóbicos.
Aliás, sem querer freudianizar a coisa, sou capaz de apostar que quanto mais homofóbico é um sujeito, menor é a confiança que ele tem na própria virilidade.
É como diz o velho deitado: “Eles estão tão preocupados em mostrar aos outros machos o quanto são machos... que se esquecem das mulheres”.

Crônica de José Antônio Baço – Jornal “A Notícia”
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...





Um comentário:

  1. Nossa...nunca vi um texto tão consistente sobre o tema, que se desdobrou e acabou saindo do foco da homofobia para atingir em cheio a desgraça q impera diante do machismo. É no sentido mais primário do machismo brasileiro que encontramos suas principais e reais fraquezas...totalmente contra a homofobia e ao machismo-remédio-para-compensar-a-fragilizade-masculina

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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